A doença de Alzheimer é uma morbidade atualmente irreversível e que requer cuidados especiais.
1 - Agitação psicomotora: caracterizada por um excesso de excitação mental e atividade motora aumentada. Piora a qualidade de vida e causa sofrimento para o paciente e seus familiares. É a emergência psiquiátrica mais comum na doença de Alzheimer. Dependendo da gravidade, pode exigir institucionalização precoce aumentando os custos dos cuidados.
A agitação pode vir junto com outros distúrbios, incluindo:
Agressividade (bater, chutar, empurrar, rasgar, morder, cuspir, xingar)
Comportamento inapropriado (fugir, perambular, maneirismos repetidos)
Comportamento verbal impróprio (gritos, queixas constantes, palavrões)
Muitos medicamentos podem ser prescritos para a agitação (inibidores de colinesterase, memantina, neurolépticos). Contudo, deve-se reconhecer os gatilhos da agitação. O que causa e agrava os comportamentos observados? E quais são as estratégias que reduzem a agitação? As mesmas variam de paciente para paciente e podem incluir conversa, escuta, companhia, distração (jogos, pintura, desenho, leitura, música), atividade física, terapia, passeios ao sol, atividades relacionadas à espiritualidade (rezar, meditar, praticar yoga). O tratamento é caso a caso e precisa de muito envolvimento da família.
Em relação à suplementação, indica-se o uso da melatonina, pois regula o ciclo circadiano e reduz a neuroinflamação (Cardinali et al., 2010). O suplemento também é útil para pacientes com síndrome do por do sol.
2 - Síndrome do pôr do sol (Menegardo et al., 2019): exacerbação dos sintomas psiquiátricos à tarde e ao anoitecer. Interfere no sono e gera desgaste e estresse importante entre os cuidadores. Pacientes com a síndrome costumam ser mais agitados. É um fenômeno multifatorial, gerada por fatores fisiológicos, psicológicos e ambientais. Pode vir associada a:
Agitação ou, ao contrário, apatia
Agressividade
Irritabilidade
Delírios e alucinações, agravadas por infecções
Comportamento motor aberrante
Um dos fatores que as pessoas costumam esquecer é a saúde intestinal. Um intestino inflamado, cheio de bactérias ruins interfere na saúde como um todo, gera mais agitação, interfere no sono, aumenta o risco de ansiedade e depressão. Aprenda a tratar o intestino aqui.
3 - Depressão e ansiedade - Além do fator genético, sabe-se que pessoas com depressão e/ou ansiedade estão sob maior risco de desenvolvimento da doença. Quando o estresse aumenta e o cortisol é persistentemente alto e há piora cognitiva. Por outro lado, as mudanças e perdas provocadas pela doença de Alzheimer perpetuam a ansiedade e a depressão. Estudos mostram que a musicoterapia é uma das estratégias para regulação emocional. Além de atividades prazerosas, a redução do cortisol é maior com sono de qualidade e uso de suplementos incluindo vitamina C, Ashwagandha, Rodhiola rosea, camomila. Mais sobre psiconutrição. Além disso, o nutricionista precisará ajustar minimamente ômega 3, SAMe, complexo B e vitamina D.
4 - Insônia. O ciclo do sono é reduzido com o envelhecimento e ainda mais na doença de Alzheimer. Deve-se avaliar se o paciente não possui doenças que afetam a qualidade do sono, como apneia, síndrome das pernas inquietas, bruxismo e distúrbios do ciclo circadiano. A privação do sono desregula todo o metabolismo e aumenta agitação e ansiedade.
Para melhor a qualidade do sono, o paciente deve se expor ao sol, especialmente pela manhã, praticar atividade física e de lazer (jogos, leituras, jardinagem, passeios etc), as luzes da casa devem ser apagadas ou reduzidas mais cedo, os aparelhos eletrônicos devem ser desligados cerca de 2 a 3 horas antes do horário programado para ir para a cama. O ideal é que o paciente não durma durante o dia para não atrapalhar o sono da noite.
Além da melatonina, alguns suplementos como valeriana, magnésio, triptofano, teanina, complexo B, podem ser prescritos. O ideal seria fazer o teste nutrigenético para individualização. A psicoterapia também ajuda muito. Falar sobre sentimentos reduz a ansiedade e ajuda no gerenciamento da medicação. Indico a Julia Maciel, psicóloga formada pela UnB e que atende online, por videoconferência (tanto para pacientes, quanto seus cuidadores).