Chia e linhaça: ótimas alternativas de fibras importantes para a microbiota intestinal (e podem ser usadas mesmo na dieta cetogênica)

Johanna Budwig, uma bioquímica alemã, desenvolveu a dieta Budwig na década de 1950. A dieta envolve a ingestão de óleo de linhaça misturado com queijo cottage e leite. Budwig acreditava que esta combinação, tornava o ômega-3 mais biodisponível para as células. Ela também acreditava que o óleo poderia impedir o crescimento de tumores. A dieta Budwig também é rica em frutas, vegetais e fibras, além de ser isenta em açúcares, óleos refinados e hidrogenados, outros produtos lácteos (como leite e manteiga), grãos refinados e café. A Dra. Budwig também solicitava que seus pacientes passeassem pela natureza e tomasem 20 minutos de sol diariamente, para fortalecimento do sistema imunológico.

Protocolo Budwig

Protocolo Budwig

De fato, com a dieta a bioquímica observava uma melhoria na saúde, redução da pressão arterial sanguíneal e dos níveis de colesterol. Contudo, não existem evidências de que a dieta Budwig reduza tumores ou trate o câncer.

Mas, de forma geral, este protocolo adapta-se à maioria das pessoas. Comer muitos legumes e frutas faz parte de uma dieta saudável. Porém, se estiver com câncer converse com um nutricionista especialista na área. Não é hora de perder peso pois ficará fraco para enfrentar o tratamento. Também tenha cuidado com o horário dos banhos de sol, pois a exposição ao sol em horários muito quentes aumenta o risco de melanoma e outros tipos de câncer de pele.

Um grande benefício da dieta de Budwig é a ausência de alimentos ultraprocessados. As comunidades humanas ancestrais que consumiam principalmente dietas à base de plantas possuíam um perfil de microbiota intestinal bem adaptado ao consumo de fibras acessíveis à microbiota. No entanto, a industrialização facilitou o consumo de alimentos pobres em fibras boas, o que diminuiu a colonização intestinal por bactérias capazes de degradarem vários tipos de alimentos. Isto sim poderia aumentar a inflamação e o risco de câncer, como o de cólon. O ideal mesmo é adotar uma dieta natural e baseada em plantas (Sonnenburg & Sonnenburg, 2019).

Chia e linhaça são sementes ricas em fibras e gorduras boas

O protocolo Budwig inclui sementes para consumo diário. Chia e linhaça são ricas em gorduras e em fibras (lignanas) e podem entrar até mesmo na dieta cetogênica. Esta permite um consumo muito baixo de carboidratos (cerca de 5% a 10% da ingestão calórica total ou abaixo de 50 g por dia), como forma de aumentar a produção de cetonas.

Mas deve-se pensar muito bem nos outros alimentos a incluir na dieta cetogênica. O consumo de presunto, mortadela, toucinho, bacon, queijos, alimentos ricos em ácidos graxos saturados contribuem para efeitos negativos na microbiota intestinal. O mesmo acontece com dietas ricas em gordura do tipo ômega-6, como óleo de soja e óleo de milho. Já pessoas com dietas mais ricas em ômega-3 (atum, sardinha, chia, linhaça, bacalhau) (PUFAs) possuem uma maior diversidade microbiana e função normal intestinal.

Uma área de controvérsia na dieta cetogênica é o consumo de adoçantes artificiais em substituição aos açúcares naturais. Várias evidências demonstraram que os adoçantes artificiais têm um impacto negativo na saúde do hospedeiro e do intestino. Adoçantes de baixa caloria, como acessulfame de potássio (Ace-K) e sucralose, interrompiam a estrutura e a função da microbiota intestinal e da mucosa intestinal.

Uma sugestão adequada para manter uma microbiota intestinal saudável durante a dieta cetogênica pode ser o uso de pré e probióticos. A principal fonte de prebióticos é representada por frutooligossacarídeos, inulina, galacto-oligossacarídeos de lactulose e trans-galacto-oligossacarídeos. A fermentação de prebióticos pela microbiota intestinal produz SCFAs, que modulam positivamente a composição da microbiota (aumentando as bifidobactérias intestinais e as bactérias do ácido lático), fornecendo uma fonte de energia para os colonócitos. Diferentemente, os probióticos são bactérias vivas (especialmente dos gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus) e leveduras que, quando administradas em quantidade adequada, mostram efeito positivo na saúde humana; eles geralmente são adicionados a iogurtes ou encontrados em “alimentos especiais”.

Foi relatado que os alimentos enriquecidos com esses microrganismos são capazes de recuperar e melhorar a microbiota intestinal, atingindo o estado de eubiose.

Os produtos lácteos cultivados (kefir, iogurte grego, leitelho tradicional, kefir de água, queijo fermentado, chucrute, kimchi, missô, kombucha e picles) contêm várias e diferentes “bactérias amigáveis”, como Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgarius, Lactobacillus reuteri, Saccharomyces boulardii e Bifidobacterium bifidum.

O consumo moderado de um alimento fermentado com alto teor de gordura é bem recomendado para o intestino humano e a saúde humana. Este essa pessoa fazendo o protocolo Budwig, cetogênico, mediterrâneo ou qualquer outro.

A dieta cetogêncica bem pensada pode ter vários efeitos positivos na saúde (Paoli et al., 2019)

A dieta cetogêncica bem pensada pode ter vários efeitos positivos na saúde (Paoli et al., 2019)

Tanto no protocolo Budwig quanto na dieta cetogênica, adote medidas que melhorem a microbiota e reduzam a inflamação

  • Introduza o uso proteínas vegetais (como a proteína isolada de ervilha);

  • Reduza a ingestão de proteína animal, especialmente de carnes processadas;

  • Consuma alimentos e bebidas fermentados;

  • Evite o uso de adoçantes;

  • Suplemente pré e probióticos, quando necessário;

  • Aumente o consumo de ômega-3 (chia, linhaça, peixes gordos ou suplementos);

  • Consuma gorduras monoinsaturadas (azeitonas, azeite, castanhas, nozes);

  • Evite alimentos ultraprocessados.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/