As cardiopatias são bastante comuns na síndrome de Down. Por isso, todo bebê com SD deve fazer um ecocardiograma antes da alta hospitalar, evitando-se que vá para casa com o desconhecimento da família sobre uma possível doença cardíaca. A principal causa destas doenças é a alteração na embriogênese cardíaca. Como sintomas o bebê vai apresentar cianose (fica roxinho), baixo débito cardíaco (pouco sangue é bombeado), pode ter sopro, arritmia, apresentar bem mais cansaço. Pode não conseguir mamar, chorar ou dificuldade em ganhar peso.
O indicadores de crescimento com baixo peso para a idade, diminuição da estatura para a idade e baixo peso para a altura são relativamente comuns e preocupantes em crianças com cardiopatias. As causas da desnutrição são multifatoriais, incluindo o estado nutricional materno durante a gestação, o nascimento pré-termo (prematuridade), a gravidade da doença cardíaca, o aumento das necessidades de energia, a diminuição da ingestão calórica, a má absorção e má utilização de nutrientes absorvidos.
Na síndrome de Down estima-se que 50% das crianças tenham doença cardíaca, que pode ser acompanhada de desnutrição. Deve-se prestar muita atenção ao suporte nutricional - principalmente alimentação enteral, com uso particular de leite materno na infância - no período perioperatório e na UTI pediátrica. Esse apoio nutricional requer atenção específica e alocação de recursos, incluindo pessoal adequadamente qualificado. A desnutrição pode levar a complicações como o aumento do risco de infecção, internação prolongada e até morte. (Tabib, Aryafar, Ghadrdoost, 2019). Posteriormente, é essencial monitorar o crescimento e o desenvolvimento e identificar as causas do fracasso em alcançar o peso e estatura esperados (para além da genética própria da síndrome de Down).
Devido à sua menor reserva de proteínas e energia, bebês e recém-nascidos podem ser particularmente vulneráveis ao estado hipercatabólico que frequentemente acontece após uma cirurgia cardíaca. A situação é agravada se o bebê apresenta outras comorbidades ou infecção grave. Quando a fase aguda do estresse metabólico se resolve, a fase anabólica (de ganho) começa. Apesar de ser ideal que a criança vá para cirurgia com um bom estado nutricional, a criança poderá ser encaminhada para a cirurgia com baixo peso se o risco de não realização do procedimento for alto.
Uma avaliação nutricional pré-operatória completa deve ser realizada, pois fornecerá informações essenciais para o monitoramento posterior do progresso da criança após a correção cirúrgica. Isso normalmente inclui medidas de estatura, peso e circunferência da cabeça. A terapia nutricional enteral é o modo preferido de suporte nutricional em UTI pediátricas, por ter um efeito favorável na mucosa intestinal e apresentar menos complicações em comparação com a nutrição parenteral. Também é mais barata e facilmente disponível.
A preocupação mais comum no início precoce da alimentação é o potencial de baixo débito cardíaco com hipoperfusão intestinal. A baixa chegada de sangue ao intestino aumenta o risco de enterocolite necrosante. Mas, com o monitoramento cuidadoso e o lento avanço da alimentação, a nutrição enteral precoce é viável na maioria dos neonatos já nas primeiras 24 horas após a cirurgia. Além disso, em neonatos e lactentes jovens, as mamadas muitas vezes já podem ser reiniciadas entre 12 e 24 horas após a cirurgia O leite materno é econômico, possui benefícios imunológicos, promove melhor absorção de oligoelementos e pode até diminuir o risco de desenvolver enterocolite necrosante quando usado exclusivamente (Argent et al., 2017).
Com acompanhamento nutricional adequado o peso é normalmente recuperado em até 6 meses e a estatura em até um ano (Bravo-Valenzuela et al., 2011). O acompanhamento com cardiologista tem que continuar a ser feito. Indica-se hotter anual. Depois que a fase mais difícil passa a preocupação passa a ser a manutenção de um peso saudável, já que obesidade também sobrecarrega a musculatura cardíaca.
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