Os brasileiros estão comprando cada vez menos feijão. Em 15 anos a quantidade média per capta anual caiu 52%. Vários outros alimentos também estão sendo menos consumidos pelo brasileiro, como arroz, cebola, tomate, batata, laranja, macarrão e carnes (IBGE, 2020). Em comparação, o consumo de bebidas não alcoólicas (como refrigerantes) e alimentos preparados (como pizzas compras) continua a crescer, um mau sinal.
Estes são os resultados das análises do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística sobre a disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil. A íntegra do documento pode ser lida no site do IBGE.
Feijões e outras leguminosas são ótimas e baratas fontes de nutrientes, como vitaminas, minerais, fibras, além de antioxidantes e outros compostos associados ao menor risco de doenças cardiovasculares (Bazzano et al., 2001; Bouchenak & Lamri-Senhadji, 2013), diabetes, inflamação e doenças associadas ao estresse oxidativo.
Na Costa Rica a crescente urbanização também fez decrescer o consumo de feijão. O resultado? Aumento significativo no número de infartos cardíacos (Kabagambe et al., 2005). O consumo de feijões reduz o LDL colesterol (“colesterol ruim”). Assim, com uma queda no consumo de leguminosas e aumento no consumo de alimentos ultraprocessados ficamos bem menos protegidos (Ha et al., 2014).
As leguminosas possuem baixo índice glicêmico, baixo teor de gorduras, ajudando a controlar a glicemia e também a pressão arterial (Jayalath et al., 2014). Dietas ricas em leguminosas melhoram a função arterial em apenas 8 semanas. Além disso, reduzem o risco de diabetes (Becerra-Tomáz et al., 2018) e a mortalidade por câncer de cólon e reto (Zhang et al., 2019). Vamos voltar a consumir? É tão fácil.
E se você sente gases consumindo leguminosas deixe de molho à noite e depois lave os grãos pela manhã antes de cozinhar. De acordo com um estudo publicado no BMC Medical Journal, as pessoas que comeram feijão todos os dias por três semanas relataram menos gases e desconforto intestinal ao final do estudo. Ou seja, o organismo tende a se adaptar. Vá incluindo pequenas porções diárias em sua dieta e depois gradualmente aumente o consumo. Para quem está fora do Brasil as leguminosas enlatadas são também uma opção.