Processos inflamatórios desencadeados pela disbiose intestinal parecem correlacionar-se à maior incidência de diabetes. A disbiose intestinal é um desequilíbrio da flora bacteriana intestinal, causado pela diminuição do número de bactérias boas do intestino e aumento das bactérias que produzem toxinas. As toxinas e a inflamação contribuem com o aumento da permeabilidade intestinal, favorecendo a translocação do lipopolissacarídeo bacteriano (LPS), componente presente na parede celular de bactérias gram-negativas, resultando em endotoxemia metabólica.
A relação entre a microbiota intestinal e a diabetes tipo 2 (DM2) foi estabelecida a partir do desequilíbrio de determinados filos de bactérias, decorrente do consumo de uma dieta hiperlipídica. Esse tipo de dieta, aumenta a oxidação de ácidos graxos no fígado e no tecido adiposo, gerando espécies reativas de oxigênio, que reduzem a produção de muco no epitélio intestinal e danificam as junções que mantém as células unidas. Com isso há prejuízo na integridade da barreira intestinal. Além disso, o consumo de elevadas quantidades de gordura também causa a morte de bactérias gram-negativas, aumentando a quantidade de LPS no intestino.
Pesquisas apontam que o aumento da permeabilidade intestinal, e consequentemente, da translocação de LPS resulta na ativação de receptores toll like 4. Estes receptores estimulam a síntese de óxido nítrico e de citocinas inflamatórias, fatores que resultam na fosforilação do substrato 1 do receptor de insulina (IRS-1), em resíduos de serina, e consequentemente em resistência à insulina. Ou seja, a disbiose intestinal contribui para o início e a manutenção da resistência à insulina. Alterações no ecossistema intestinal podem causar inflamação, alterar a permeabilidade intestinal e modular o metabolismo dos ácidos biliares, ácidos graxos de cadeia curta e metabólitos que agem sinergicamente nos sistemas de regulação metabólica que contribuem para a resistência à insulina. Intervenções que restauram o equilíbrio intestinal parecem ter efeitos benéficos e melhorar o controle glicêmico (Sircana et al., 2018).
Pessoas com DM1 também são afetadas pela disbiose intestinal. É comum que apresentem perturbações nas estruturas da barreira intestinal e maior quantidade de bactérias dos gêneros Clostridium, Bacteroides e Veillonella. Já crianças não diabéticas apresentam uma microbiota intestinal mais variada e estável do que crianças que desenvolvem DM1. Sendo assim, a manutenção de uma microbiota saudável parece reduzir a resposta imunológica e os processos inflamatórios, além de aumentar a secreção de IL-10, citocina anti-inflamatória. Uma forma de manter a microbiota intestinal saudável é a partir da administração de probióticos, que tem benefícios como: redução de citocinas inflamatórias, reforço da barreira intestinal, redução da incidência de DM1, da glicemia da hemoglobina glicada e da destruição das células β pancreáticas, aumento da sensibilidade à insulina e da capacidade antioxidante (Gomes et al., 2014; Harbison et al., 2018).
A perda da barreira intestinal pode ser desencadeada por vários fatores como parto cesariano, aleitamento com fórmula artificial, consumo de glúten, uso de antibióticos, dentre outros (Adbdellatif & Sarvetnick, 2019).
Suplementos usados no tratamento do diabetes na Europa.
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