Dia internacional da síndrome de Down: os desafios da nutrição

A maior parte das pessoas não pensam nas dificuldades de pessoas com síndrome de Down, a não ser que conheça alguém muito próximo. Um amigo, um parente, um filho. Igualmente também não conhecem as inúmeras alegrias trazidas por uma criança com a síndrome. Hoje comemora-se o Dia Internacional da Síndrome de Down mas, infelizmente, a síndrome ainda é bastante negligenciada na área da nutrição.

Mas isto está mudando. Desde 2015 já treinei mais de 1.000 médicos e nutricionistas sobre os aspectos relacionados ao metabolismo de nutrientes na síndrome de Down. Mas ainda é pouco. O Brasil é enorme e, na maioria das cidades, não existem profissionais capacitados (a maioria está nas grandes capitais).

Crianças com síndrome de Down apresentam maior número de infecções respiratórias de repetição. A nutrição é fundamental já que a carência de nutrientes como vitamina A, zinco, ferro, vitamina C e selênio pode agravar o problema. Um intestino saudável também contribui imensamente para a melhoria da imunidade. O uso de antibióticos muitas vezes desregula o delicado equilíbrio da microbiota, fazendo com que o uso de probióticos e a suplementação de nutrientes que restauram a mucosa intestinal sejam indicados.

Um problema que atinge cerca de 40% dos indivíduos com síndrome de Down é o hipotireoidismo. O funcionamento adequado da tireóide depende do adequado consumo de aminoácidos, zinco e selênio. Além disso, a identificação precoce do hipotireoidismo é fundamental para que não afete o crescimento, o desenvolvimento, o humor, o metabolismo do cálcio, o funcionamento intestinal...

Distúrbios do sono também podem ocorrer influenciando a aprendizagem e a saúde. A higiene do sono é muito importante, assim como o combate ao estresse. Além disso, o adequado estado nutricional é muito importante para a produção de melatonina, hormônio que induz o sono. Assim, deve-se investigar minimamente o consumo de nutrientes como vitamina B6, ornitina e triptofano.

Uma grande preocupação é a grande incidência de doença de Alzheimer em indivíduos com Síndrome de Down. Os custos financeiros, emocionais e familiares na doença de Alzheimer são grandes e aumentam na ausência de uma terapêutica que retarde a progressão da mesma. Grande parte dos estudos focam hoje na neutralização dos radicais livres e na redução da inflamação cerebral com o intuito de se evitar a morte celular e a demência. E a nutrição tem um papel grande nisto tudo. 

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/