Mentalidade adequada para o emagrecimento - parte 5

Alimentos não são bons nem ruins. O importante é o equilíbrio. Posso comer chocolate e ter uma dieta equilibrada. Posso comer abacaxi e ter uma dieta desequilibrada. Quando categorizamos os alimentos como bons ou ruins criamos muito estresse em volta da alimentação. Isso não pode pois contém glúten. Aquilo não pode pois contém açúcar. Isso pode pois contém proteína. Diabéticos devem sim passar longe do açúcar. Celíacos não podem consumir glúten. Mas e os demais? Desequilíbrios podem conduzir a problemas - físicos e emocionais. Excesso de proteína está relacionado ao aumento do risco de câncer, por exemplo.

E quando moralizamos nossas escolhas alimentares (e a dos outros) passamos também a categorizar nossas atitudes e as pessoas como boas ou ruins. Pão é ruim. Comi pão, então sou ruim. Salada é boa, comi salada, então sou boa? Este é um pensamento louco mas que afeta muitas pessoas. O que somos depende de muitos fatores. Não coloque tanta importância no alimento ou começará a associar algo prazeroso, como comer, com vergonha e culpa. Conseguir ficar um mês sem comer doces não torna ninguém melhor ou mais virtuoso. Nem mais focado. Uma pessoa pode ter a alimentação ótima e não conseguir colocar nenhum outro projeto da vida para frente. Cadê o foco, então? Outra pessoa pode ter uma dieta pouco saudável e ainda assim ser extremamente focado na própria arte. Com isso, não quero dizer que as pessoas devam ter uma dieta ruim. Claro que não! A dieta desequilibrada é a principal causa de doenças crônicas não transmissíveis em todo o mundo. O que quero dizer é que podemos ser menos estressados no que diz respeito à alimentação.

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Quando somos muito rígidos e dizemos a nós mesmos: “Sou um desastre, não consigo seguir dieta nenhuma”, vamos nos convencemos disto. Nos convencemos de que nunca perderemos peso ou que não seremos saudáveis no futuro. O que dizemos a nós mesmos afeta nossas escolhas, criando um ciclo negativo que começa assim: comi demais - sinto vergonha/nojo/desapontamento/tristeza - e o que faço? como mais. E o ciclo repete-se.

A solução? Encarar todo alimento como bom. Apenas pergunte-se: “Esse alimento é a melhor escolha para mim agora?”. “É o que meu corpo precisa no momento?". Para responder a essa pergunta considere as opções disponíveis e quais delas o levarão mais perto das suas metas (sentir-se bem, ter um corpo mais magro ou mais musculoso ou um cabelo mais brilhante ou menos dores articulares ou melhor humor e capacidade de concentração etc).

Ao invés de pensar: “nunca mais comerei pão”, pense: “o pão não me serve agora, mas posso comer outro dia quando quiser/puder". Ou… “Prefiro comer hoje este alimento e deixar o pão para amanhã". Assim, ao invés de colocar mais uma coisa chata, mais uma regra, mais uma restrição em sua vida, você deixa as portas abertas para quando quiser desfrutar algo especial ou diferente.

Qual alimento você vem considerando como ruim? Tem medo de comer algo? Algumas pessoas que não comem nem fruta, com medo da frutose. Identifique o alimento “problema” mas que você goste ou tenha saudade. Existiria um momento em que poderia desfrutar deste alimento sem sacrificar suas metas ou prioridades? Existiria um momento em que poderia consumir este alimento e sentir-se bem consigo mesmo? Alimentos são neutros. O mais importante é o que faz com consistência. Comer doces toda hora não lhe fará bem. Mas restrições e tristezas também não. Não quero que passe a vida fazendo dieta. Quero que livre-se da culpa e aprenda a apreciar tudo o que coloca em seu corpo, escolhendo com sabedoria a cada momento e divertindo-se com o processo.

Sobre este tema leia os textos anteriores sobre a mentalidade ideal para o emagrecimento sustentável.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/