Vamos parar de falar sobre a aparência (a nossa e a dos outros)

Recentemente escrevi sobre o bullying e o caso da Demi Lovato (leia aqui). A bulimia não é o único transtorno alimentar muito influenciado por experiências dolorosas do passado. Muitas lembranças influenciam nossos comportamentos atuais, de forma consciente ou inconsciente.

A vergonha em relação ao corpo nasce de comparações e do bullying. Mesmo que eventos ruins tenham acontecido na infância, sentimentos negativos a ele associados e uma baixa autoestima podem perdurar por anos ou décadas. 

Memórias de críticas em relação ao corpo podem se alojar profundamente. O trauma vivenciado pode ficar se repetindo na forma de flashbacks, gerando ansiedade e dor constante, mesmo que de baixa intensidade. O constrangimento torna a pessoa vulnerável ao uso de alimentos como forma de relaxamento, distração ou entorpecimento da dor. Com isso, o desenvolvimento da compulsão alimentar fica mais fácil (Duarte, & Pinto-Gouveia, 2017).  

A melhor maneira de vencer os efeitos persistentes da vergonha do corpo é confrontar as memórias, falar sobre elas e libertá-las. Outra também pode se defender em voz alta contra os insultos. Eles aconteceram no passado? Tudo bem, fale em voz alta agora, defenda-se! Permita-se sentir raiva e medo, mas canalize as emoções empoderando-se agora. Se precisar, busque ajuda profissional para treinar sua autoestima.

Pessoas com transtornos alimentares também precisam encontrar práticas que as ajudem a sair do isolamento. A voz do transtorno alimentar é cruel. É uma voz que repete-se, dizendo que você não é bom suficiente.  A prática estruturada de yoga ajuda a manter tais pensamentos longe. Ajuda também a reduzir a ansiedade e isto é muito importante já que os distúrbios alimentares têm a mais alta taxa de mortalidade entre as doenças mentais. 

Um transtorno alimentar é sobre a comida, mas não é só sobre comida, já que afeta mente, corpo e espírito. O yoga reconecta estas partes. Também une pessoas que comprometidas com o autoestudo, com a cura. É uma comunidade que nos lembra que já somos suficientes, que nos jogam para frente. Uma comunidade que não comenta sobre o corpo das mulheres. Lembre que o corpo saudável de uma mulher tem gordura sim! Ela nos protege e mantém nossa temperatura corporal, colabora com a produção hormonal e de vitamina D, transporta as vitaminas A,D,E e K, lubrifica os tecidos, mantém o cabelo brilhante e o intestino funcionando bem.

Nos acostumamos tanto a criticar que ninguém sente-se suficiente, não importando se é alto, baixo, magro, gordo, branco, negro, jovem, velho. Criamos uma sociedade triste, medrosa, limitada. Precisamos perceber nossa força interior, nosso poder, nossa divindade, que está muito além da aparência.

Pessoas em sofrimento devem buscar acompanhamento especializado. Dentre os tratamentos destacados na literatura está a Terapia Cognitivo Comportamental, que ajuda pessoas com transtornos a remodelarem os pensamentos errôneos. A terapia é unida ao aconselhamento nutricional, abordagem que ajuda o paciente a repensar a alimetação, fugindo de dietas rigorosas, respeitando desejos, preferências, emoções, cultura e regionalidade. O tratamento inicia-se com acompanhamento semanal com psicóloga e quinzenal com nutricionista, por 3 meses. Para agendar o início do tratamento envie uma mensagem. O pagamento pode ser dividido em até 6 vezes, no cartão de crédito.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/