Para a Associação Médica Americana (AMA) a obesidade é uma doença. Isto significa que os profissionais de saúde são obrigados a dizer ao paciente que o mesmo está doente e que precisa ser tratado. E que a cura é o emagrecimento. Nem todos os pesquisadores concordam com isso, claro. Apesar de a obesidade aumentar o risco de doenças como diabetes e problemas cardiovasculares, muitos países a consideram como uma desordem complexa ou uma condição crônica preocupante. Seria a consequência do estilo de vida escolhido. Mas para a AMA isto não faz sentido. Seria o mesmo que dizer que o câncer de pulmão não é uma doença porque foi causado pela escolha individual de fumar.
Os defensores da classificação da obesidade como doença dizem que ela prejudica o funcionamento do corpo. A indústria farmacêutica comemora. Afinal, no Brasil existem quase 50 milhões de obesos. Dá para vender remédio para muita gente! Mas é claro que nem todo mundo precisa de remédios que trazem vários efeitos colaterais. Além disso, muita gente está com pressão, lipídios plasmáticos e glicose normal, não precisando se submeter a nenhuma medida drástica. Tenho um vídeo sobre a forma de avaliação do estado nutricional no YT.
Ser rotulado como obeso também não soa bem para a maioria das pessoas, gerando estresse psicológico. Uma pesquisa publicada na Psychological Science, revista da Association for Psychological Science, mostrou que pessoas classificadas como obesas fizeram, na verdade, menos esforço para fazer escolhas saudáveis, mostravam-se menos motivadas e mais frágeis psicologicamente (Crystal Hoyt & Jeni Burnette, 2014). Os pesquisadores apontam que provavelmente existem alguns benefícios para enquadrar a obesidade como uma doença, como diminuir a vergonha e promover uma maior aceitação dos diversos tamanhos e formas corporais. Rotular a obesidade como uma doença também parece reduzir o estigma, o que pode ajudar alguns indivíduos obesos a se engajarem na saúde e nos objetivos relacionados ao peso. Porém, não funciona pra todo mundo.
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