Bacteroidetes são microorganismos comuns no intestino de veganos. Usam como combustível o amido resistente e os oligossacarídeos presentes nas fibras (inulina e galacto-oligossacarídeos) dos vegetais. Produzem ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs) no intestino grosso, como acetato, propionato e, em particular, butirato, quem mantém o intestino saudável e o corpo desinflamado..
Já a maioria das bactérias do tipo Firmicutes estão mais presentes no intestino dos que consomem mais carboidratos simples e gorduras animais. Estas bactérias estão também frequentemente associadas ao maior granho de peso. Estudo de De Filippo e colaboradores (2017) comparou amostras fecais de crianças africanas (Burina Faso) com dietas hipocalóricas (662-992 kcal/dia) e rica em fibras (10 g / dia), com as de crianças italianas, cuja dieta era rica em energia, baseada em carne, gordura animal, carboidratos refinados e bebidas açucaradas (1068–1512 kcal / dia) com uma quantidade limitada de fibra (5,6 g / dia). Bacteroidetes (principalmente espécies Prevotella e Xylani) prevaleceram nas amostras fecais de crianças africanas (73%) sobre as Firmicutes (12%), enquanto nas amostras das crianças italianas Firmicutes (51%) prevalecerambre Bacteroidetes (27%).
O estudo mostra a influência da dieta na composição da microbiota intestinal. Mudamos nossa dieta e a composição de microorganismos no intestino muda, mesmo de um dia para outro. Melhorias na dieta, reduzem a inflamação e o risco de doenças crônicas. Porém, se a dieta saudável é abandonada, rapidamente a composição da microbiota piora novamente. Ou seja, hábitos saudáveis são para toda vida. Dieta não é algo a se fazer apenas quando se deseja emagrecer.
Pessoas que consomem carnes e ovos exageradamente possuem uma menor diversidade bacteriana intestinal, com maiores quantidades de Bilophila wadsworthia, Alistipes putredinis e Bacterodes. Já pessoas com dietas baseadas em plantas possuem uma colonização mais diversas e um aumento de outras bactérias como Roseburia, Eubacterium rectale e Faecalibacterium prausnitzii. O gênero Prevotella foi o mais sensível ao consumo de fibras.
A diminuição da diversidade bacteriana na dieta baseada em animais foi explicada pelo fato de que o alto consumo de gordura animal aumenta a produção de ácidos biliares, como ácidos desoxicólico e ácido litocólico. Muitas bactérias não sobrevivem a este ambiente, principalmente as presentes no intestino de pessoas com dietas mais baseadas em vegetais. E estas são fundamentais para a produção de AGCCs, cujas funções mais importantes são: (1) melhorar o funcionamento do sistema imune; (2) inibir patógenos, por competição; (3) promover a secreção de muco pelas células epiteliais do intestino, protegendo o tecido; (4) contribuir para a integridade da barreira intãoestinal, em particular estimulando a formação das proteínas de junção estreita (tight junction) e promover o reparo e cicatrização intestinal; (5) inibir o fator de transcrição nuclear pró-inflamatório kappa B (NF-κB); (6) reduzir o estresse oxidativo.
Particularmente importante entre os AGCCs é o butirato, a principal fonte de energia das células epiteliais do cólon. O ácido butírico também protege as bactérias boas por diminuir o pH no intstino. Além disso, o pH mais baixo reduz a solubilidade dos sais biliares e a absorção de amônia, e aumenta a absorção de minerais.
Concluindo, uma dieta de estilo ocidental leva à disbiose do intestino, inflamação de baixo grau indutível por LPS e inflamação crônica. Obviamente, uma microbiota persistentemente alterada está associada a uma inflamação persistente, com maior doenças e dor.