Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo.
Pacientes e sobreviventes sofrem as consequências deste crescimento celular descontrolado, que pode danificar tecidos e órgãos. Também sofrem com o próprio tratamento quimio, radio e/ou cirúrgico que podem gerar distúrbios do sono, fadiga, comprometimento cognitivo, estresse psicológico, sintomas musculoesqueléticos e dor que podem persistir por anos após o tratamento.
Apesar de avanços da medicina terem ampliado a capacidade de diagnóstico precoce, tratamento e sobrevivência, o bem estar do paciente durante e após o processo muitas vezes é negligenciado.
Yoga representa uma abordagem integrativa, não-farmacológica, cujo conjunto de técnicas físicas (ásanas), respiratórias (pránáyámas) e meditativas (dhyána) tem mostrado-se promissor para a redução de sintomas físicos e mentais destes pacientes.
Lin e colaboradores (2018) propuseram um modelo teórico para explicar como o yoga atua no corpo e melhora a qualidade de vida. De acordo com os pesquisadores o câncer e seu tratamento influenciam o ritmo circadiano, a função cardiopulmonar e muscular, a resposta ao estresse e a função imune. Estas alterações provocam disfunções cognitivas, muscoloesqueléticas e psicológicas. O yoga seria capaz de influenciar positivamente cada sistema melhorando a qualidade de vida, reduzindo a inflamação e a toxicidade gerada pelo tratamento.
Câncer de cabeça e pescoço
O tratamento para o câncer de cabeça e pescoço (CCP) resulta em toxicidades a longo prazo e aumento da carga física e psicossocial dos sobreviventes. Há um número limitado de tratamentos para esses efeitos tardios. A boa notícia é que posturas de yoga, respiração, relaxamento e meditação podem melhorar esses efeitos tardios.
Estudo publicado por Adair e colaboradores (2018) examinou os efeitos de um programa de yoga personalizado voltado a pacientes sobreviventes de CCP. Os participantes foram aleatorizados para um grupo de intervenção de hatha yoga de 8 semanas ou um grupo de lista de espera. Dados foram coletados no início, na 4a e 8a semana.
Os pacientes relataram alta taxa de satisfação, melhoram movimento do ombro e houve redução significativa da ansiedade. Cada vez mais hospitais adotam o yoga em suas dependências o que exige maior investimento em pesquisas nesta área.
Existem cursos de formação online e também profissionais capacitados ensinando a distância. Escolha a melhor forma de iniciar ou avançar na sua prática.
Futuros estudos precisam testar o modelo de Lin e colaboradores (2018) com maiores populações, mais homens, mais minorias, diferentes tipos de câncer, diferentes idades. Apesar das limitações das pesquisas atuais os autores sugerem que pacientes com câncer podem participar sem receios de aulas de yoga, mesmo durante o processo de quimio e radioterapia.
Hospitais e clínicas também podem fornecer aulas que a própria equipe poderá recomendar. Contraindicações ortopédicas, cardiopulmonares e oncológicas devem obviamente ser levadas em consideração pela equipe.