Que comida alimenta sua alma?

Na década de 80 a manteiga era a inimiga, na década de 90 os ovos eram os inimigos. Agora os carboidratos são os inimigos. Não, a ciência não está doida e sim as pessoas. A natureza não mudou mas a forma como nos relacionamos com os alimentos e com o nosso corpo vive mudando. Explicações simplistas sobre o metabolismo não contribuem para a perda de peso, nem para uma melhor relação com nosso corpo, muito menos para a nossa felicidade.

Dietas balanceadas continuam sendo importantes. Alimentos ricos em carboidratos, como cereais integrais, frutas e verduras são fontes de fibras, fitoquímicos, vitaminas e minerais. Estes nutrientes reduzem a inflamação corporal, mantém o intestino saudável e modulam a quantidade de açúcar no sangue. 

Ninguém precisa viver em dieta, seja ela low carb, low fat, low sei lá  quê. Gorduras saudáveis também não devem ser eliminadas da dieta. Gorduras são importantes para o cérebro, para a produção hormonal, para a saciedade. Quantidades adequadas de proteína, gordura, carboidratos, fibras, vitaminas e minerais são fundamentais para nossa saúde, não só física mas também psicológica. Afinal, neurotransmissores são produzidos a partir de nutrientes. E um cérebro mais saudável e menos inflamado é também menos compulsivo.

Fora tudo isso, comer também é prazer. E que comida alimenta sua alma? Você reune seus amigos e familiares em torno de uma mesa contendo o quê? Comida bonita, cheirosa, colorida faz bem à alma! Há importância no que se come mas também existe a importância do modo que comemos. E comer feliz é diferente de comer triste. Comer com prazer é diferente de comer sem prazer. Não existe nada proibido mas existem proporções adequadas de cada coisa. Você pode aprender mais sobre tais proporções educando-se ou buscando um nutricionista. Também pode aprender mais ouvindo o próprio corpo. Do que ele está precisando? Como ele se comporta quando você come mais frutas e hortaliças? Como ele se comporta quando você bebe demais, come demais, troca as frutas pelos doces? Aprenda a ouví-lo e sua dieta naturalmente vai se ajustar às suas necessidades.

Aprenda também a focar no que importa. E o que importa não é o tamanho do seu corpo. Vivemos em uma sociedade em que é "normal" as pessoas dizerem que estão insatisfeitas com o tamanho da barriga, das coxas, com as bochechas, com o nariz etc. Mas quando perdemos tempo demais pensando no corpo deixamos de fazer coisas muito mais importantes, mais interessantes, relevantes, prazerosas. E é um ciclo vicioso, pensamos no corpo, resolvemos emagrecer, fazemos dieta, passamos fome, ficamos compulsivos, engordamos novamente, ficamos insatisfeitos, fazemos dieta, passamos fome... Para resolver isso a relação com a comida precisa mudar. Crenças limitantes precisam ser reprogramadas. Quer emagrecer? Tudo bem? Mas faça isso da forma certa. Aprenda a meditar para relaxar e encontre uma terapia ou programa que te ajude a mudar o foco, da comida que alimenta o corpo para a comida que alimenta corpo e alma. 

Uma dica: comer o que alimenta a alma mas parar quando se sentir 80% cheio. Muitas vezes vamos a restaurantes e o prato é enorme. Isso é proposital. Assim, colocamos mais alimentos, comemos e pagamos mais. Nestes casos, tente colocar apenas o equivalente a metade do prato. Em casa, faça o mesmo. Coma e faça uma pausa avaliando: "Já estou satisfeito?", "Estou com fome?". Se as respostas forem sim, guarde o restante do alimento para uma próxima refeição.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/