Queremos nos sentir bem com nós mesmos. Queremos ter energia para realizar nossos sonhos, vitalidade para que o dia seja bom, saúde para viver mais e melhor. Mas será que para termos tudo isso precisamos seguir um padrão de beleza? Claro que não! E que bom! Pois beleza não se discute. O que agrada aos meus olhos pode muito bem não agradar aos olhos dos demais. Fora isso, apesar do que as revistas de beleza e os posts do Instagram dizem mudar o corpo radicalmente não é possível para todo mundo. E na verdade somos lindos e especiais justamente pelo que temos diferente dos outros.
O que as pesquisas mostram é que todos podem ter mais energia, vitalidade e saúde. Para isto, precisamos dormir bem, comer alimentos saudáveis e praticar atividade física. Estudos também mostram que o excesso de gordura corporal pode comprometer a saúde e a longevidade.
Isto significa que uma pessoa magra e que come mal, é sedentária ou abusa do álcool não está no caminho certo. Isto significa que uma pessoa acima do peso mas que não fuma, dorme bem, consome mais frutas e verduras e mantém-se fisicamente ativa pode ter mais saúde do que a primeira. E pode se sentir mais feliz do que a primeira. Mas também não é garantia já que nossa genética, nossos valores, nossa condição de vida e nossas escolhas também influenciam nossa saúde física e mental.
Assim, não há um modelo pré-definido que garanta felicidade ou bem estar ou saúde. O processo de autoaceitação nem sempre é fácil. Todo mundo julga todo mundo. É só entrar no Instagram e verá mil exemplos de exercícios ideais, dietas ideais para que o "corpo ideal" (sabe-se lá o que é isso) seja alcançado. Com milhares de seguidoras pessoas mostrando a barriga tanquinho influenciam uma geração inteira. Sim, as pessoas que valorizam a barriga tanquinho tem direito a ela, tem o direito à viverem a vida como quiserem. Tem o direito à escolha de onde vão passar mais tempo: na escolha, no trabalho, na academia, com os familiares ou amigos. O problema não é esse. O problema é quando quem não é assim "fica de fora".
A influência que algumas personalidades exercem na vida das pessoas é negativa, fazendo-as acreditar que sem tal corpo não serão felizes, amadas, valorizadas. Não é incomum que um adolescente desenvolva um distúrbio alimentar tentando se encaixar em um padrão apenas possível a poucos. Não é raro pessoas submeterem-se a procedimentos estéticos caros e perigosos na tentativa de serem aceitas. Emagrecer é importante para algumas pessoas, que estão com colesterol alto, hipertensão, diabetes e um risco aumentado à vida. Mas dietas loucas ou procedimentos estéticos mirabolantes não parecem ser a melhor solução. Quantas pessoas passaram por cirurgia bariátrica e voltam a engordar? Milhares! Quantas pessoas passaram por grandes cirurgias plásticas e continuam criticando ou mesmo odiando o próprio corpo? Atendi na clínica por mais de 10 anos e a insatisfação de mulheres e homens mesmo após tais procedimentos é enorme.
Sabemos que isso acontece e precisamos parar de falar do nosso corpo, da nossa cor, do nosso formato e focar em coisas mais importantes. Se não fizermos isso continuaremos a vivem em uma sociedade que valoriza as gratificações imediatas. Com a lipoaspiração o culote desaparece instantaneamente. Com o jejum uma pessoa pode perder 4 kg ou mais em uma semana. Mas no final os problemas não se resolvem.
Mas quem tem baixa autoestima elimina o culote mas não ganha amor próprio, quem tem depressão coloca a prótese de silicone e o problema de saúde não some. Quem tem esteatose hepática e faz o jejum consegue, muitas vezes, agravar o problema, com a chegada de grande quantidade de gordura ao fígado. E o pior: o corpo sonhado nem sempre aparece. Ou aparece e depois some. Por quanto tempo podemos lutar contra a comida? Comer é uma necessidade fisiológica básica! Para emagrecer de forma eficiente precisamos conhecer os alimentos mas também precisamos nos conhecer, entender o que desencadeia episódios compulsivos, aprender a diferença entre fome emocional e fome física.
Nossa genética também não pode ser negada! Meço 1,64m en não posso ter o corpo da Gisele Bündchen que mede 1,80m. Não vou ter e muitas outras mulheres também não.
Nossa inspiração precisa ser o nosso padrão de beleza e não os padrões externos. E o mundo está cada vez mais aberto a isso. A valorizar a beleza única de pessoas com diferentes alturas, pesos, cores de pele, idades. Que tal parar de se comparar com modelos de beleza alheios à você? Que tal seguir nas redes sociais apenas pessoas que se amam como são, que possuem valores parecidos com os seus? E que tal adotar um estilo de vida saudável independentemente das consequências em sua aparência, mas apenas porque você se ama, se respeita e quer viver muito para fazer coisas fantásticas?