Ramadan

Segundo as últimas estimativas feitas pelo IBGE, o Brasil possui 27.239 muçulmanos. Porém, de acordo a Federação Islâmica Brasileira o número de muçulmanos no Brasil é bem maior: 1,5 milhão. Independentemente do número, os praticantes devem estar agora se preparando para o Ramadan, que começa no dia 21 de agosto. 

As práticas de alimentação muçulmanas são guiadas pela religião, mas também influenciadas pela cultura. De acordo com a lei islâmica todos os alimentos podem ser consumidos, com excessão do porco e seus subprodutos, animais mortos de forma imprópria, animais mortos em nome de outros que não Allah, animais carnivoros, sangue, álcool e alimentos que contenham os itens anteriormente citados. Além destes, alimentos mencionados no Alcorão, o livro sagrado do Islamismo, são de grande valor espiritual e nutricional para este povo. Azeitonas, mel, iogurte, figos, uvas e legumes estão no topo da lista. O ramadan é o nome do nono mês do calendário islâmico, baseado no ciclo lunar, que consiste em 12 ciclos de 29 ou 30 dias cada. Como o ano islâmico é cerca de 10 dias menor que o gregoriano, o dia 21 de agosto marca o primeiro dia do Ramadan, celebrado com o jejum de alimentos e bebidas, incluindo água, chiclete, medicamentos, fumo do amanhacer ao anoitecer. As duas refeições permitidas são o suhur (antes de amanhecer) e o iftar (após o por do sol). Durante o Ramadan atos de louvor à Alá são intensificados, conferindo paz espiritual aos mulçulmanos. Nutricionistas que acompanham pacientes muçulmanos podem encontrar vários desafios. O jejum não costuma trazer qualquer inconveniente para indivíduos sadios e a crença individual deve ser respeitada. O que se pode fazer neste caso é ajudá-los a compor as refeições (iftar e suhur) com alimentos mais nutritivos e que promovam mais saciedade, avaliar a necessidade de suplementação de micronutrientes e adequar a terapia nutricional aos pacientes com condições de saúde como diabetes, hipertensão etc. Assim como crianças, gestantes, lactantes e idosos costumam ser dispensados dos jejuns, indivíduos com doenças graves ou incuráveis também podem se abster da prática.

Apesar de pensarmos no jejum como algo restritivo, muitos devotos relatam manutenção ou mesmo ganho de peso, caso as celebrações noturnas das famílias incluam muitos alimentos calóricos, frituras e doces. Os pratos mais comuns no Ramadan são:

- Chaat: alimento frito, doce ou salgado

- Falooda: leite com xarope de rosa e semente de tapioca

- Haleem: sopa com trigo, carne e lentilha

- Idli: pãezinhos de lentilhas e arroz

- Lassi: leite ou iogurte temperado com sal, pimenta e, às vezes, frutas.

- Pakora: frango empanado e frito

- Papad: wafer

- Samosa: pastel frito de vegetal ou carne

- Katayef: panqueca de queijo ou castanhas, assado ou frito, coberto com xarope

- Khoshaf: salada de frutas secas e nozes

- Kunafeh: sobremesa com queijo (uma espécie de cheesecake com cobertura de xarope ou geléia).

- Muhalabyeh: pudim de arroz

- Zalabia: doce frito, muitas vezes mergulhado em mel (vide foto)

Neste caso, um nutricionista pode auxiliar na escolha dos alimentos. Esta época do ano também é propícia para trabalhar com os pacientes a auto-disciplina. Se eles conseguem jejuar por um mês inteiro, conseguem também seguir uma alimentação saudável e apropriada em outras fases da vida ou épocas do ano. A restauração da habilidade em seguir um determinado plano alimentar ou terapia para o tratamento de uma doença pode partir daí. 

fonte da imagem: http://farm4.static.flickr.com/3151/2800065826_3f6a6e5584.jpg

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/