Seus filhos estão ficando gordinhos? A culpa pode ser do ambiente.

Recebo muitos e-mails de pais preocupados com o peso dos filhos. O excesso de peso é, em geral, o resultado da combinação entre a genética, o ambiente, a biologia, fatores comportamentais e culturais. A maior parte dos pais sabe que a adoção de uma alimentação saudável, associada à atividade física é benéfica para todos os membros da família. Mas… para muitas pessoas tudo é muito complicado, principalmente porque vivemos em um ambiente obesogênico, que encoraja o consumo de muitas calorias e o sedentarismo.

Existem políticas para que as escolas forneçam alimentos mais saudáveis e, no mundo todo, algumas parcerias foram feitas com a indústria visando a redução no tamanho das porções dos alimentos, a quantidade de gorduras ruins, de sal, açúcar e conservantes. Mesmo assim, a indústria precisa vender e quanto mais saboroso é o alimento maior são as chances de compra. Os alimentos menos nutritivos e mais calóricos tendem a ser os mais palatáveis. Por isso, a redução do consumo de alimentos ultraprocessados é tão importante.

Seguem aqui 10 dicas para manter sua família com um peso mais saudável. Se os seus filhos não são gordinhos deixe que sigam a sabedoria natural do corpo e nunca force-os a comer quando não estão com fome. A comida deve ser fonte de nutrientes, utilizada para saciar a fome e não outras necessidades como tristeza, alegria, estresse etc.

1. Seja um exemplo positivo

Você é daqueles que só comem arroz, feijão, bife e batata frita? Então está na hora de procurar um nutricionista pois será impossível resolver o problema de seus filhos se você mesmo não se alimenta direito.

2. Jogue as dietas fora

Colocar todos na casa para passar fome não vai adiantar já que ninguém consegue viver assim por muito tempo. O importante é seguir um plano alimentar com alimentos saudáveis, para que seus filhos possam crescer e se desenvolver adequadamente. Moderação sempre é o mais importante. Coma pouco de tudo e tenha um ambiente alimentar saudável e feliz. Lembre-se: é melhor comer um pedacinho de chocolate hoje do que passar vontade e acabar engolindo de uma vez uma caixa inteira no dia seguinte!

3. Desligue a TV

Crianças precisa brincar, gastar energia, ter espaço para serem criativas. Além disso, a TV estimula o consumismo e veicula muitos comerciais com alimentos não saudáveis. Há! E quem come em frente à TV e ao computador acaba comendo mais e não ficando satisfeito. Já teve a experiência de devorar um pacote de bolachas sem nem perceber?

4. Não use o alimento como recompensa ou punição.

Se toda vez que seu filho fizer algo fora dos padrões você o deixar sem sobremesa ou o obrigar a comer os vegetais, o mesmo sempre fará um vínculo entre alimentação e encrenca com os pais. Além disso, trazer chocolates ou sorvete porque seus filhos tiraram notas altas ou estão doentes irá criar um padrão de comilança desnecessária. E eles associarão para o resto da vida prazer, alegria, tristeza, frustrações ou outras emoções com comida. Criança precisa é de carinho, bons exemplos e conversas que os ajudem a ser seres humanos melhores a cada dia.

5. Controle a agitação

Seus filhos não param quietos? Nada de pausa para o lanche. Saia com eles para correr, brincar, nadar, pedalar. Gastar a energia é fundamental. Se for alimentá-los quando já estão cheios de energia aí é que a coisa vai ficar feia...

6. Coma (na mesa) com seus filhos

Com a correria do dia-a-dia é comum que cada membro da família coma em um horário. Porém faça uma forcinha para fazer pelo menos uma refeição ao dia com seus filhos. Estudos mostram que sentar à mesa diminui o ganho de peso, traz mais felicidade e melhora o rendimento escolar. Crianças gostam de proximidade. Aproveite este momento para conversar sobre a importância da alimentação e dos nutrientes. E nunca desista das verduras. Disponibilize uma boa variedade todos os dias da semana. E explique que todos devem comer (nem que seja um só). Eles aprenderão a escolher e experimentar. Muitas crianças precisam de mais de 12 exposições a um alimento para se acostumar a um sabor. Então mãos a obra: faça cenoura ralada, cozida, em forma de purê, suflê e vá repetindo variando com os outros vegetais.... pra sempre!

7. Não proíba

Doces fazem parte da infância, se você não oferecer alguém vai: avós, tios, colegas, não importa. Trate isto como algo natural. Obviamente não se deve começar a ingerir açúcar cedo: o ideal é deixar para depois dos 2 anos de idade mas após esta fase mostre sempre que pequenas quantidades são bemvindas. O ideal é não ter doces em casa ou as crianças irão buscá-lo a todo momento. Em vez de encher a despensa e o congelador saia de vez em quando e tome um picolé ou sorvete. Eles aprenderão a apreciar as guloseimas com moderação e ficarão felizes em compartilhar mais uma coisa gostosa com você.

8. Ensine seus filhos a ouvir seus corpos

Deu dor de barriga? Algo não caiu bem. Muitas pessoas tem intolerâncias que podem ser a leite, castanhas, gordura, frutas cítricas, frutos do mar e a uma variedade de outros alimentos. É importante respeitar o corpo e ninguém melhor para saber o que está acontecendo do que a própria pessoa. Também não disponibilize alimento a todo momento. É importante a criança saber quando está com fome e quando não está.

9. Estimule a prática de atividade física

Aqui o exemplo também é fundamental. A atividade física é importante para todos e deve ser feita com regularidade. Encontre um esporte ou atividade que agrade a cada membro da família. O prazer aqui é muito importante.

10. Ame-os incondicionalmente

Não importa se seu filho está gordinho ou magrinho. Eles são pessoas únicas e se forem cuidados e amados crescerão e se tornarão adultos incríveis. Mais importante do que a forma física é a saúde. O peso é importante neste contexto mas também não adianta nada ter um filho magrinho e todo cheio de neuras e complexos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/