A Revista Veja publicou em seu último número (edição 2032, de 31/10/2007), uma matéria interessantíssima com o título "Cura do Diabetes – a esperança está numa cirurgia". A matéria tem causado muita expectativa nos pacientes com diabetes porém a Sociedade Brasileira de Diabetes a considerou sensacionalista. Entenda um pouco mais:
A cirurgia é fruto da constatação de que a diabetes é uma disfunção cujas origens ultrapassam as fronteiras do pâncreas, o órgão produtor de insulina. A doença surge da falta ou da ineficiência da insulina, o que leva ao acúmulo de glicose no sangue, o que pode estar relacionado à disfunções no pâncreas ou, de acordo com o cirurgião Áureo Ludovico De Paula, do Hospital de Especialidades, de Goiânia, do intestino delgado, órgão com cerca de 6,5 metros de comprimento e que fabrica hormônios, denominados incretinas, capazes de potencializar a secreção de insulina no pâncreas. O diabético geralmente produz um décimo da incretina GLP-1 produzida por um indivíduo normal no íleo, última porção do intestino delgado. A cirurgia proposta consiste em aproximar uma parte do íleo do estômago, de modo a intensificar a produção de GLP-1. A operação prevê ainda a redução de 20% do estômago, o que reduz drasticamente a produção de grelina, o hormônio do apetite. Isso leva à perda de peso e, assim, diminui a resistência à insulina, levando, de acordo com os pesquisadores à uma cura praticamente instantânea.
Porém, de acordo com os médicos da Sociedade Brasileira de Diabetes, os resultados dessas primeiras pesquisas ainda não deveriam ter sido divulgados aos leigos já que ainda não foi comprovada a sua eficácia. "A conduta médica deve se basear em ciência e não na experiência de alguns médicos, mesmo que repletos de boa intenção".
Eu dei uma olhada em diversos fóruns na internet e observei que muitos diabéticos já estão entrando em contato com o hospital de Goiânia, mesmo sabendo que os estudos ainda estão em fase experimental. É importante que sejam considerados os riscos da cirurgia e que não sejam feitas cirurgias desnecessárias até que novos resultados estejam disponíveis. A medicina deve ser utilizada a favor dos pacientes e de um ganho de qualidade de vida, porém sem iludir nem prometer milagres a indivíduos já vulneráveis.
É também importante salientar que nenhuma cirurgia descarta a necessidade de modificações positivas em nosso ambiente. Uma alimentação saudável, a prática de atividades físicas, a redução do consumo de álcool, a abstenção do tabagismo e o controle do estresse devem ser sempre encorajados afim de que possamos controlar e prevenir diversas doenças, como a diabetes, a obesidade, a síndrome metabólica, a hipertensão e muitos tipos de cânceres.