De acordo com a Organização Mundial de Saúde (1998) um indivíduo com síndrome metabólica é aquele que apresenta dois ou mais dos componentes abaixo:
Regulação alterada da glicose (glicemia em jejum > 100 mg/dL) ou diabetes e/ou resistência à insulina;
Pressão arterial elevada (> 140/90 mmHg);
Triglicérides plasmáticos elevados (> 1,7 mmol; 150mg/dl);
Colesterol HDL baixo (< 40 mg/dL ou 1.03 mmol/L em homens ou < 50 mg/dL ou 1.29 mmol/L pra mulheres;
Índice de massa corpórea (IMC) > 30kg/m2;
Microalbuminúria (excreção > 15 µg min ou relação albumina; creatinina na urina > 30 mg).
Acredita-se que o fenômeno inicial para gênese da síndrome metabólica seja a resistência à insulina, definida como o estado no qual uma quantidade acima do normal do hormônio é necessário para desencadear uma resposta normal. Fatores implicados na resistência à insulina incluem a genética e o ambiente (principalmente a obesidade e o sedentarismo).
A obesidade pode acarretar resistência à insulina por pelo menos três mecanismos:
A gordura visceral (aquela acumulada na região abdominal) provoca um aumento da quantidade de ácidos graxos circulantes aumentando a produção de VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade);
O tecido adiposo em excesso produz o Fator de Necrose Tumoral-alfa diminuindo o ancoramento da insulina nos receptores das células e tecidos;
O aumento de tecido adiposo no músculo diminui inibe a glicólise.
Consequências da síndrome metabólica
Muitos órgãos e sistemas são afetados pela síndrome metabólica. O excesso de peso gera uma inflamação sistêmica que afeta o equilíbrio corporal (homeostase).
O cérebro passa a ter dificuldade em regular o consumo de alimentos;
O trato digestório começa a apresentar disfunções em sua flora e na produção deu hormônios como colecistocinina (CCK), grelina, peptídio YY (PYY), endocanabinóides (ECs), peptídio glucagon-like (GLP-1) e peptídio inibidor gástrico (GIP);
Muitos órgãos deixam de responder apropriadamente à insulina. As ilhotas pancreáticas aumentam de tamanho para aumentar a produção de insulina, resultando em hiperinsulinemia. Com o passar do temo as ilhotas entram em exaustão resultando em diabetes tipo 2;
O excesso de glicose aumenta a toxicidade celular;
Os músculos passam a captar menos glicose. O excesso é direcionado ao fígado, que transforma a glicose em triglicerídeos. Com isso há aumento do estoque de gordura no órgão (esteatose hepática);
O fígado aumenta a síntese de VLDL o que também aumenta a quantidade de triglicerídeos circulantes e o risco cardiovascular;
O excesso de insulina aumenta a retenção de sódio e água com conseqüente aparecimento de hipertensão arterial.
Prevenção:
Prática regular de atividade física;
Manutenção do peso saudável;
Alimentação adequada com:
- redução do consumo de alimentos industrializados;
- maior consumo de frutas frescas e vegetais frescos (de preferência crus);
- menor consumo de laticínios e carnes gordas;
- diminuição do consumo de sanduíches, salgadinhos e pizzas;
- restrição de bebidas alcoólicas a 30g de etanol/dia para homens e metade deste valor para mulheres;
- substituição das bebidas (sucos, refrigerantes, refrescos, álcool) por água;
- aumento da ingestão de fibras por meio de cereais integrais, legumes, leguminosas, verduras cruas e frutas frescas;
- uso de menor quantidade de gordura para o preparo dos alimentos;
- redução do consumo de açúcar e de sal;
- fracionamento da dieta em 5 - 6 refeições ao dia.