Tratamento multiprofissional da síndrome do pânico

Um aspecto da cognição que merece um exame mais profundo é o da regulação do medo. O medo exagerado é um sintoma central da ansiedade clínica e está intimamente ligado ao estresse. Pacientes diagnosticados com transtorno do pânico (síndrome do pânico) iniciam o tratamento com um psicotrópico (como um inibidor seletivo da recaptação de serotonina, como paroxetina ou fluoxetina).

Podem também ser usados benzodiazepínicos (como clonazepam) para momentos de crise (alívio rápido, apesar de não tratar). Esta medicação não deve ser usada de forma prolongada, mas evita formação de memórias. Isso é importante para que o paciente não associe determinado ambiente à ansiedade, evitando novos ataques.

Depois de controlados estes sintomas de ansiedade e estresse, com medicação (há necessidade de consulta psiquiátrica para diagnóstico adequado), terapia e yoga, outros fatores precisam ser identificados e tratados para evitar recidivas. Pode ser feita modulação GABAérgica e serotoninérgica e correção de alteração bioenergética com suplementos como creatina, l-teanina, metilfolato, serenzo, magnésio, B6, coenzima Q10…

A ansiedade e o estresse, assim como várias outras condições que afetam o sistema nervoso também têm relação com a função do eixo intestino-cérebro. Por isso, identificar se o paciente possui disbiose intestinal e tratá-la é fundamental.

A variedade de doenças e processos de doenças nos quais a microbiota está envolvida, incluindo transtornos psiquiátricos e neurodegenerativos, dor, ansiedade, estresse, síndrome do intestino irritável (SII), derrame, compulsão e obesidade (Cryan et al., 2019)

A expressão e a inibição do medo são amplamente reguladas pela amígdala, hipocampo e essas regiões do cérebro são todas moduladas por mudanças na microbiota. Um estudo inicial nesta área demonstrou, em uma amostra de mulheres saudáveis, que a ingestão de um produto de leite fermentado contendo múltiplas cepas probióticas poderia reduzir a resposta neural a rostos que mostrassem medo ou raiva. Especificamente, a reatividade cerebral foi reduzida em uma rede distribuída de regiões cerebrais, incluindo o giro parahipocampal.

Outro estudo mostrou que diferenças naturais na composição da microbiota de mulheres saudáveis ​​estavam associadas à reatividade alterada do hipocampo direito após observação de imagens negativas. Um estudo com crianças expostas à adversidades, evidenciou que variações em Bacteroides e Lachnospiraceae foram associadas à maior reatividade cerebral a faces de medo.

A resposta ao medo é alterada em camundongos por tratamentos probióticos. Esses efeitos são dependentes da cepa, com resultados diferentes dependendo do probiótico escolhido. A administração de uma formulação probiótica contendo L. rhamnosus R0011 e L. helveticus R0052 reduziu os efeitos do estresse no início da vida sobre o comportamento de medo e sua rede neural de suporte durante o desenvolvimento de roedores. O tratamento com probióticos resgatou a trajetória normal do desenvolvimento da memória em ratos estressados, restaurando um fenótipo normal apropriado para a idade.

Vários estudos mostram que o estresse pode alterar a microbiota intestinal. Essa relação, como o próprio eixo microbiota-intestino-cérebro, é bidirecional. A microbiota pode modular as alterações induzidas pelo estresse na ansiedade, memória, cognição e neuroinflamação. Há evidências crescentes de que manipulações específicas da microbiota podem modular os efeitos negativos do estresse, incluindo comportamento relacionado ao estresse e ativação do eixo HPA). Muito deste trabalho tem como foco a administração de probióticos, e particularmente as espécies Bifidobacterium e Lactobacillus, com efeitos promissores observados no estresse e ansiedade e depressão relacionadas em estudos pré-clínicos e humanos).

A evidência para traduzir as terapias psicobióticas para a clínica está se tornando difícil de ignorar; estudos estão começando a abordar a questão da tradução para humanos. Uma combinação de probiótico L. helveticus R0052 e B. longum R0175 administrada a ratos e humanos teve um efeito semelhante ao ansiolítico em ratos e reduziu os níveis de cortisol urinário 24 horas após a administração em humanos, sugerindo uma normalização da resposta do eixo HPA aos estressores.

Exemplo de psicobiótico mais comum para manipulação e já bastante testada em humanos, com ótimos efeitos no eixo intestino-cérebro:

  • Lactobacillus gasseri - 1,5 bilhões de UFC

  • Lactobacillus helveticus - 1,5 bilhões de UFC

  • Bifidobacterium longum - 1,5 bilhões de UFC

  • Bifidobacterium breve - 1,5 bilhões de UFC

Aviar doses suficientes para X dias, em cápsulas vegetais.

Posologia: Consumir 1 dose ao dia 30 minutos antes da refeição ou antes de dormir.

E os prebióticos?

Embora seja aceito que certos prebióticos podem alterar a microbiota intestinal, seu efeito sobre o estresse é menos compreendido. A administração de sialil lactoses (oligossacarídeos do leite humano) a camundongos expostos a perturbações sociais evitou a perturbação microbiana do cólon induzida por estresse e comportamento semelhante à ansiedade.

Os prebióticos FOS e GOS mostraram ter efeitos ansiolíticos em animais, protegendo camundongos do impacto do estresse crônico na microbiota. Em humanos, um importante estudo controlado por placebo em pequena escala em indivíduos saudáveis ​​demonstrou que a intervenção com B-GOS diminuiu os níveis de cortisol salivar ao acordar, bem como aumentou o processamento positivo de informações emocionais. À luz desses resultados, pode-se hipotetizar que a ingestão de prebióticos também pode modular o eixo HPA e ter efeitos benéficos nos transtornos relacionados ao estresse.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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