Como a flora intestinal influencia o peso corporal em pessoas com Síndrome de Down?

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Quando pensamos em excesso de peso frequentemente pensamos em dieta inadequada, sedentarismo ou a expressão de alguns genes específicos. Porém, nos últimos anos pesquisas vem mostrando que a microbiota ou flora intestinal também influencia o ganho de peso corporal.

São cerca de 30 trilhões de bactérias no intestino (Sender et al., 2016). Em estudos clássicos, a microbiota de ratos obesos foi transferida para animais magros, o que ocasionou aumento do peso corporal nestes últimos.

Bactérias diferentes possuem diferentes ações no organismo. Enquanto algumas são protetoras outras aumentam a inflamação. Pessoas com peso aumentado possuem mais bactérias patogênicas do gênero Firmicutes. Em pessoas com peso adequado isto se inverte. Já foi demonstrado que na Síndrome e Down a quantidade de Firmicutes está de fato aumentada (Biagi et al., 2014).

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A partir de fibras alimentares, as bactérias podem produzir diversos ácidos graxos: as que gostam de frutas, verduras e legumes produzem mais ácidos graxos para o intestino e o fígado; as outras produzem ácidos graxos que também ajudam a aumentar as reservas de gordura no restante do corpo. É por isso que dois alimentos com o mesmo valor calórico (como uma banana ou um copo de sorvete) podem ter efeitos bastante diferentes em termos de ganho de peso.

Pessoas acima do peso muitas vezes possuem menor variedade de bactérias boas. As bactérias ruins inflamam o corpo enviando sinais para que o mesmo entre em modo de alerta. Assim, passa a estocar mais energia, a fome aumenta, a produção de hormônios do prazer cai, Isto se agrava com escolhas alimentares errôneas. Por exemplo, quanto mais gordura na dieta maior é a produção de acetato pelas bactérias intestinais. O acetato estimula a secreção de insulina e desencadeia ganho de peso.

O desequilíbrio da microbiota intestinal também gera neuroinflamação, que não só desencadeia compulsão alimentar mas também aumenta o risco de Alzheimer (Houser & Tansey, 2017). Debateremos mais sobre este e outros assuntos no grupo de estudos em Epigenética da Síndrome de Down.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/