A suplementação de vitamina D é necessária?

O papel da vitamina D na mineralização óssea e na manutenção dos níveis séricos de cálcio é bem conhecido. Além disso, pesquisas das últimas duas décadas descobriram vários outros papeis da vitamina D na regulação de muitas funções celulares. A deficiência é hoje associada a uma série de problemas de saúde como enfraquecimento do sistema imunológico, aumento do risco de certos tipos de câncerobesidade e doenças cardíacas. As disfunções imunes podem aumentar o risco de diabetes tipo 1 e esclerose múltipla. 

Vários fatores aumentam o risco de hipovitaminose D:

  • Baixa exposição ao sol: pessoas que passam pouco tempo na rua ou que estão sempre agasalhadas;

  • Uso do protetor solar: esta medida é importante para a prevenção do câncer de pele porém existe um debate nesta área e alguns pesquisadores acreditam que a maioria das pessoas precisaria se expor por cerca de 15 minutos ao dia, em horários adequados e só depois passar o protetor solar.

  • Localização geográfica e estação do ano: em alguns países a incidência de raios ultravioleta no outono e inverno é baixa reduzindo a produção de vitamina D na pele.

  • Cor da pele: pessoas morenas e negras possuem mais melanina (um bloqueador natural dos raios ultravioletas) e estão sob maior risco de desenvolver deficiência de vitamina D.

  • Idade: a habilidade de produzir vitamina D cai conforme vamos envelhecendo.

  • Excesso de gordura corporal: o percentual de gordura elevado está associado a menor produção de vitamina D.

  • Doenças: portadores de fibrose cística, doenças do trato gastrintestinal, doenças hematológicas, doenças renais, insuficiência cardíaca e imobilização também estão sob maior risco.

  • Vegetarianos: os alimentos não são boas fontes de vitamina D mas salmão, atum, sardinhas e laticínios fortificados podem fornecer até 100 UI por porção.

Atualmente, existe um debate acerca da quantidade de vitamina D que precisamos. O Instituto de Medicina dos Estados Unidos recomendou em 2010 um aumento da recomendação e dos valores máximos a serem consumidos (UL). Mesmo assim, alguns pesquisadores dizem que estes valores máximos deveriam ser ampliados em virtude dos benefícios da vitamina D e da segurança da mesma.

Outros pesquisadores não concordam. Evropi Theodoratou publicou em 2014 análise de 268 estudos prévios e concluiu que não existem evidências convincentes para aumentar a recomendação da vitamina. 

Dr. Rajiv Chowdhury, um epidemiologista cardiovascular da Universidade de Cambridge mostrou que apesar da deficiência de vitamina D aumentar a mortalidade em cardiopatas e indivíduos com câncer, ainda não existem evidências consistentes de que a suplementação seria a solução para aumentar a longevidade e a qualidade de vida dos mesmos. Até porque ainda não é certo se a deficiência de vitamina D é responsável por doenças crônicas ou se as doenças crônicas é que levam à deficiência de vitamina D.

Quem deve suplementar?

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Em geral, o rastreamento (exame de sangue) é recomendado para indivíduos com história familiar osteoporose, mulheres brancas e magras na perimenopausa ou menopausa, indivíduos negros, pessoas que tiveram fraturas após os 50 anos, qualquer pessoa que esteja tomando medicamentos que levam à perda de massa óssea, como corticosteróides, indivíduos com doenças autoimunes e aqueles que nunca se expõe ao sol.

Vários estudos demonstram que níveis séricos de 25(OH)D inferiores a 12 ng/ml (30 nmol/L) estão associados e efeitos negativos. Entre eles registam-se o aumento de risco de raquitismo, a alteração da absorção de cálcio em todos os grupos etários, a diminuição de densidade mineral óssea em crianças e adolescentes, o aumento de risco de osteomalácia, osteoporose e fraturas.

Como suplementar?

A vitamina D3 (colecalciferol) é a forma preferencial já que é 3 a 4 vezes mais potente que a vitamina D2 (ergocalciferol). As doses variam de pessoa para pessoa, por isto consulte seu nutricionista. 

Em geral, 100 UI/dia de vitamina D3 resultam em um aumento de 2,5 nmol/L (1ng/mL) no plasma (Heaney, 2007). Suplementando-se 1.000 UI de vitamina D3 por 3 meses há um aumento de cerca de 70 nmol/L (28 ng/mL) normalizando níveis previamente baixos (Vieth, Chan, & MacFarlane, 2001).

Contudo, doses maiores podem ser prescritas por médicos para elevação rápida das concentrações de vitamina D, especialmente em pacientes com doenças autoimunes. Nestes casos, frequentemente são prescritas doses de 50.000 UI, 1 vez por semana até que as concentrações atinjam o mínimo de 30 e o ideal de 50 nmol/L. Para pacientes que cursam com neuroinflamação doses entre 60 e 90 ng/mL costumam ser indicadas. Porém, como tudo, a individualização é importantíssima. Por isto, converse com um profissional de saúde de sua confiança.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/