Vitamina D e autismo

Vira e mexe escrevo sobre a vitamina D. Em 2010 citei pela primeira vez pesquisas de Harvard que tentavam compreender se a carência da mesma estaria, de alguma forma, associada ao aumento da incidência do autismo na população. Pesquisas recentes tendem a confirmar a hipótese (Mazahery et al., 2016; Wang et al., 2016).

A vitamina D possui muitas funções como a melhoria da absorção de cálcio, a proteção do material genético e a regulação da expressão de genes. Existem evidências de que a carência de vitamina D aumenta o risco de câncer de mama, doenças autoimunes, asma, doenças cardiovasculares, Alzheimer, Parkinson, obesidade, dentre outros problemas de saúde (Moscogiuri, 2016). Hoje sabemos que a vitamina D atual como um esteróide neuroativo, capaz de afetar o desenvolvimento e função cerebral. Possui papel na mielinização dos neurônios e geração de conexões entre os mesmos (Wang et al., 2016).

Polimorfismos (alterações) em genes para os receptores de vitamina D (VDR) são mais comuns em crianças com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA). Em um estudo publicado este ano 480 crianças foram acompanhadas (237 com algum TEA e 243 neurotípicas). Polimorfismos de VDR foram mais comuns em crianças com TEA mostrando que a vitamina D está envolvida na patofisiologia do autismo (Coskun et al., 2016).

Alguns estudos mostram que níveis baixos de vitamina D correlacionam-se com mais sintomas relacionados aos TEA, medidos pelas escalas CARS e ABC. A suplementação melhora os sintomas, principalmente em crianças pequenas (Feng et al., 2016).

Por isto, a dosagem de 1.000 UI de vitamina D/dia é sugerida por alguns autores em crianças com autismo até o 3o ano de vida. Sugerem também que mulheres que já possuem um filho com TEA recebam 5.000 UI/dia de vitamina D ao engravidarem novamente. Ao nascer os bebês devem já começar também a serem suplementados com 1.000 UI de vitamina D/dia até o 3o ano. Com isso, apenas 1 em 19 crianças (5%) desenvolvem TEA. A conduta é apoiada já que sem a suplementação até 20% das crianças que já possuem um irmão com TEA também o desenvolvem (Stubbs e Green, 2016).

Apesar destes resultados, estes estudos foram feitos com uma pequena quantidade de pessoas. Desta forma, mais pesquisas nesta área ainda são necessárias afim de se confirmar estes achados e definir a melhor dosagem de vitamina D, tanto para gestantes quanto para crianças (Coskun et al., 2016). Mega doses nunca são indicadas e podem, inclusive, causar intoxicação hepática (Marcelino, 2012) e prejuízo de reações de destoxificação.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/