Importância da carga dos aminoácidos

A carga elétrica dos aminoácidos é fundamental para o funcionamento das proteínas e para as interações bioquímicas dentro das células. As cargas positivas (ex.: lisina, arginina, histidina) e negativas (ex.: aspartato, glutamato) formam pontes salinas (ligações iônicas). Essas interações ajudam a manter a forma tridimensional das proteínas, estabilizando dobras e estruturas secundárias (hélices α e folhas β).

Aminoácidos carregados são hidrofílicos (gostam de água), pois interagem bem com moléculas polares de água. Já os aminoácidos hidrofóbicos tendem a se agrupar no interior da proteína, longe do ambiente aquoso — isso contribui para o enovelamento proteico.

Muitos sítios ativos de enzimas contêm aminoácidos carregados que participam diretamente das reações químicas (por exemplo, doando ou aceitando prótons). Cargas ajudam no reconhecimento entre moléculas, como na ligação entre enzimas e substratos, receptores e ligantes, ou anticorpos e antígenos.

A carga total de uma proteína depende do pH do meio. Em pH baixo (ácido), aminoácidos ganham prótons e ficam mais positivos; em pH alto (básico), perdem prótons e ficam mais negativos.

Aminoácidos com cadeias laterais polares, mas sem carga

Ser, Thr, Asn, Gln são polares, ou seja, formam ligações de hidrogênio com a água ou outras partes da proteína. Não têm carga elétrica total em pH fisiológico (≈7,4), mas têm átomos eletronegativos (O, N) que criam dipolos.

  • Ajudam na solubilidade das proteínas em meio aquoso.

  • Participam da formação de pontes de hidrogênio, essenciais para a estrutura terciária e quaternária das proteínas.

  • Podem participar de reações químicas (por exemplo, a serina pode atuar no sítio ativo de enzimas como as serino-proteases).

Casos especiais (Cys, Gly, Pro)

🔹 Cisteína (Cys):

  • Contém um grupo –SH (sulfidrila) que pode formar pontes dissulfeto (–S–S–) com outra cisteína.

  • Essas pontes criam ligações covalentes fortes que estabilizam a estrutura de proteínas (como a queratina e a insulina).

🔹 Glicina (Gly):

  • Tem apenas um átomo de hidrogênio como cadeia lateral → é muito pequena e flexível.

  • Permite dobras apertadas na estrutura da proteína.

  • Não tem carga, e sua polaridade é neutra.

🔹 Prolina (Pro):

  • A cadeia lateral forma um anel que se liga ao nitrogênio do grupo amino.

  • Isso limita a rotação e confere rigidez à estrutura da proteína.

  • É importante em voltas e curvas das cadeias polipeptídicas.

  • Também não tem carga elétrica no pH fisiológico.

Aminoácidos com cadeias laterais hidrofóbicas

Ala, Val, Ile, Leu, Met, Phe, Tyr, Trp têm cadeias laterais não polares, compostas principalmente por carbono e hidrogênio. São neutros (sem carga) e repelidos pela água.

  • Tendem a se agrupar no interior das proteínas, longe do ambiente aquoso → isso é o efeito hidrofóbico, crucial para o enovelamento proteico.

  • Ajudam a formar o núcleo hidrofóbico, que mantém a estabilidade estrutural da proteína.

  • Em membranas celulares, muitas dessas cadeias hidrofóbicas ficam em contato com os lipídios.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Diferença entre radical livre e espécie reativa de oxigênio

A formação de espécies reativas (ER) decorre maioritariamente de processos redox que ocorrem nas células. É um processo fisiológico natural, sendo uma parte essencial da vida. No entanto, a produção excessiva de ER e a sua elevada reatividade podem ter implicações patológicas, causando danos aos sistemas que são responsáveis por manter a sua regulação.

O efeito tóxico decorrente do excesso de ER é denominado de estresse oxidativo e pode decorrer quando: (1) há um desequilíbrio entre a produção e a eliminação de ER, com favorecimento do primeiro em detrimento do segundo; (2) os mecanismos de defesa endógenos não se encontram funcionais, (3) há alterações dos processos redox celulares.

As espécies reativas podem ser radicais livres ou não. Esta é um dúvida comum, então vamos diferenciar:

Radical livre

  • É uma molécula ou átomo que possui um elétron desemparelhado em sua camada externa.

  • Esse elétron faz com que o radical seja altamente reativo, buscando reagir com outras moléculas para se estabilizar.

  • Podem ser de oxigênio, nitrogênio ou outros elementos.

  • Exemplo clássico:

    • Radical hidroxila (·OH)

    • Superóxido (O₂·⁻)

    • Radical peroxil (ROO·)

Todo radical é uma espécie reativa, mas nem toda espécie reativa é um radical.

Espécie reativa de oxigênio (ERO / ROS – Reactive Oxygen Species)

  • São moléculas derivadas do oxigênio que são altamente reativas, podendo ser radicais ou não-radicais.

  • Incluem:

    • Radicais livres de oxigênio:

      • Superóxido (O₂·⁻)

      • Radical hidroxila (·OH)

    • Moléculas reativas não-radicais:

      • Peróxido de hidrogênio (H₂O₂)

      • Singlete de oxigênio (¹O₂)

ROS é um termo mais amplo. Alguns são radicais livres, outros não, mas todos podem causar estresse oxidativo se acumularem.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Valores ótimos de exames básicos de saúde

Estes parâmetros servem como um guia. Em geral, quando mantidos, costumam indicar um bom funcionamento do organismo.

  • Pressão arterial: 110-115/70-75 mmHg

  • Pulso (frequência cardíaca): 60 a 80 bpm (em repouso)

  • Frequência respiratória: 12 a 14 rpm (normal em repouso)

  • Temperatura corporal: 36,6 a 37oC (varia conforme horário e ambiente)

  • Hemácias (glóbulos vermelhos): homens 4,7 a 5,5 milhões /µL | mulheres 4,2 a 5,0 milhões/µl

  • Hemoglobina (Hb): homens 13 a 18g/dL | mulheres 12,5-16g/dL

  • Ferritina sérica: 80 a 180 ng/mL

  • Leucócitos (glóbulos brancos): 4.500-7.00/µL

  • Plaquetas: 200.000-350.000/µL

  • Glicose no sangue (jejum): < 90 mg/dL

  • Colesterol total: < 150 mg/dL

  • Triglicerídeos: 50 a 80 mg/dL

  • Potássio (K+): 4,2 a 5,0 mEq/L

  • Sódio (Na+): 138 a 145 mEq/L

  • Cálcio (Ca): 9,5 -1 10,5 mg/dL

  • Vitamina D3: 50 a 100 ng/mL

  • Vitamina B12: 600 a 900 pg/mL

Mas é importante lembrar que saúde não se resume a estar dentro da faixa de normalidade. Duas pessoas podem ter os mesmos números e estarem em condições metabólicas completamente diferentes.

Por isso, também consideramos genética, rotina, alimentação, sintomas, histórico e individualidade biológica.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/