Ovários Policístico: doença neuroendócrina associada a vários sistemas

A SOP é uma doença neuroendócrina, inflamatória e oxidativa que requer um cuidado global e integrativo, afetando não apenas o sistema reprodutor, mas também o trato gastrointestinal e o sistema nervoso central.

É uma doença poligênica (muitos genes) e multifatorial, influenciada por fatores genéticos, ambientais, alimentares e de estilo de vida. Afeta de 8% a 20% das mulheres em idade reprodutiva.

O diagnóstico é feito com base em pelo menos dois dos três critérios de Rotterdam: anovulação crônica (ausência ou irregularidade menstrual), hiperandrogenismo (clínico ou bioquímico) e morfologia ovariana policística.

Suas manifestações são multissistêmicas, incluindo disfunção ovulatória (75%), aumento de andrógenos como testosterona (60-100%), hirsutismo, acne, alopecia, infertilidade, resistência à insulina (50-70%), dislipidemia (70%), inflamação crônica de baixo grau, estresse oxidativo, deficiência de vitamina D, ansiedade e depressão. Além disso, a SOP também aumenta o risco de obesidade, diabetes tipo 2, endometriose, câncer de ovário/endométrio.

Relação entre Microbiota Intestinal e SOP

A microbiota intestinal é essencial e influencia o controle glicêmico, sensibilidade à insulina, depósito de gordura (hepática e subcutânea) e equilíbrio hormonal.

A disbiose intestinal e a hiperpermeabilidade intestinal levam à endotoxemia metabólica (translocação de LPS), gerando um quadro inflamatório sistêmico que agrava a resistência à insulina, hiperinsulinemia e hiperandrogenismo, impactando o desenvolvimento folicular ovariano e as manifestações clínicas da SOP.

Estudos recentes (a partir de 2012) mostram uma redução da riqueza e diversidade de espécies bacterianas em pacientes com SOP, especialmente de bactérias benéficas e produtoras de ácidos graxos de cadeia curta.

O uso de antibióticos afeta significativamente a microbiota intestinal, podendo piorar os sintomas da SOP a longo prazo, por reduzir bactérias benéficas e aumentar a inflamação. Além disso, a SOP por si só parece alterar a microbiota oral, sanguínea, vaginal e intestinal (mais documentada), com redução de lactobacilos e aumento de bactérias associadas a infecções vaginais:

  • Bactérias como Escherichia e Shigella podem estar aumentadas, enquanto Lactobacillus e Bifidobacterium reduzidas.

  • O aumento de Bacteroides vulgatus é uma característica comum em laudos de SOP, associado à resistência à insulina, inflamação e alteração do metabolismo de ácidos biliares.

  • O estroboloma, um grupo de bactérias intestinais, modula o metabolismo do estrogênio. Se desregulado, pode levar ao excesso ou redução de estrogênio no organismo, afetando a saúde reprodutiva, cardiovascular e cerebral.

A disfunção hormonal gera uma série de problemas

É comum a SOP andar com resistência insulínica, gordura abdominal, aumento de pelos na face, tireoidite de Hashimoto, acne, queda de cabelo, dislipidemia (colesterol e triglicerídeos altos), deficiência de vitamina D , testosterona livre aumentada e SHBG reduzido.

A análise do microbioma intestinal para estas mulheres é muito importante pois cuidar do intestino faz parte do tratamento. É comum exames com baixa diversidade de bactérias boas, alta quantidade de bactérias pró-inflamatórias e redução de bactérias marcadoras de saúde, como Roseburia, Bifidobacterium e Akkermansia muciniphila.

Estratégias de Tratamento e Modulação da Microbiota

  • Dieta: Baixa carga glicêmica, potencial anti-inflamatório, baixo índice glicêmico e baixa quantidade de gordura animal. Uma dieta estilo mediterrânea, adaptada aos alimentos brasileiros, rica em proteínas magras, leguminosas, vegetais frescos, gorduras boas (ômega-3), chá verde e temperos/especiarias antioxidantes e anti-inflamatórios é recomendada. Lembrando que a microbiota tem um papel na regulação de hormônios como leptina, grelina e peptídeo YY, relacionados à fome e saciedade.

  • Suplementação: Fibras prebióticas diversas (goma guar, psyllium, inulina, FOS), ômega-3 (com EPA), vitamina D, mi-inositol, berberina, e compostos bioativos como proantocianidinas, transresveratrol, curcumina (para aumentar Akkermansia muciniphila). A berberina, por exemplo, melhora genes produtores de mucina, resistência à insulina, níveis de andrógenos e inflamação.

  • Probióticos: Intervenções com diferentes cepas (ex: Lactobacillus acidophilus, L. casei, Bifidobacterium bifidum) por 12 semanas mostraram melhora em parâmetros hormonais, estresse oxidativo, perfil lipídico, peso corporal e inflamação. Formulações com 6 a 8 cepas são sugeridas para aumentar a diversidade da microbiota.

  • Estilo de Vida: Redução do estresse e controle da ansiedade, evitar disruptores endócrinos (plásticos, agrotóxicos, certos cosméticos), evitar bebidas alcoólicas, preferir orgânicos e prática regular de atividade física.

  • A qualidade do sono e o ciclo circadiano são cruciais, pois alterações podem impactar a microbiota e agravar a SOP. A procrastinação e o padrão de maior alerta à noite em pacientes com SOP podem estar relacionados à desregulação hormonal e impactos na microbiota. Trabalhar a higiene do sono é fundamental.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Como saber se tenho alergia ao leite?

Para determinar se você tem alergia ao leite, é recomendado procurar um médico especialista, como um alergologista ou imunologista. Eles poderão realizar uma avaliação completa e solicitar exames específicos para diagnosticar a alergia ao leite. Aqui estão alguns dos métodos de diagnóstico comuns:

  1. História clínica detalhada: O médico fará perguntas sobre seus sintomas e histórico médico, incluindo quaisquer reações adversas após consumir leite ou produtos lácteos.

  2. Testes cutâneos: São realizados testes cutâneos, nos quais pequenas quantidades de extrato de leite são aplicadas na pele, geralmente no antebraço. Se você for alérgico ao leite, pode ocorrer uma reação na forma de inchaço, vermelhidão ou coceira no local.

  3. Testes de sangue: O médico pode solicitar exames de sangue para detectar a presença de anticorpos específicos, como IgE, que são produzidos em resposta à alergia ao leite.

  4. Teste de provocação oral: Em alguns casos, um teste de provocação oral supervisionado pode ser realizado em um ambiente médico. Pequenas quantidades de leite ou produtos lácteos são administradas para observar se ocorre uma reação alérgica.

Muco e rinite sempre são alergia à leite?

Muco, rinite e dermatite são sintomas inespecíficos. Sozinhos, não diagnosticam alergia à proteína do leite (APLV). Entre os sinais que podem levantar suspeita estão:

1️⃣ Sintomas respiratórios, como rinite;

2️⃣ Sintomas gastrointestinais, como muco nas fezes, cólicas ou constipação;

3️⃣ Infecções respiratórias recorrentes;

4️⃣ Exames de sangue com IgE sérica específica;

5️⃣ Dermatite.

Lembre: nem todo muco, rinite ou dermatite é APLV.

Outras causas comuns incluem:

  • Rinite alérgica, sinusite ou asma;

  • Infecções virais respiratórias recorrentes;

  • Refluxo gastroesofágico ou intolerâncias alimentares;

  • Dermatite atópica, de contato ou infecções de pele;

  • Imunodeficiências leves ou polipose nasal.

Transformar suspeita em diagnóstico sem critérios claros traz riscos:

❌ Desnutrição pela retirada do leite de crianças que não tem um bom consumo de outros alimentos;

❌ Perda de confiança da família quando a criança não melhora.

Evitar esse erro exige raciocínio clínico baseado em evidências: ouvir a história completa, analisar exames com criticidade, correlacionar sintomas e entender se o quadro é IgE mediado ou não (APLV é IgE-mediada e sintomas são imediatos, entre minutos a 2 horas). Testes cutâneos (prick test), marcadores inflamatórios plasmáticos e até exames genéticos podem ajudar no diagnóstico correto. Fale com um bom profissional, consulte o pediatra.

E se for preciso tirar o leite? Em geral é feito um teste de exclusão (2 a 4 semanas) com reintrodução controlada (provocação oral) para fechar de vez o diagnóstico. Ajustes da dieta são importantes para evitar desnutrição calórica, proteica ou deficiências de micronutrientes. Marque sua consulta de nutrição para os ajustes necessários.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

CBD pode melhorar vida sexual?

O CBD está cada vez mais presente em óleos, cremes, lubrificantes e até bebidas, e muitas pessoas têm explorado seu uso para melhorar a vida sexual. Pesquisas preliminares indicam que ele pode ajudar a reduzir ansiedade, aumentar a lubrificação natural e relaxar os músculos, tornando a experiência sexual mais confortável e prazerosa.

Alguns usuários relatam menos dor e inflamação durante o sexo ao usar um lubrificante com CBD, pelo relaxamento muscular e maior foco no momento de intimidade. Especialistas explicam que o CBD pode aumentar o fluxo sanguíneo e estimular neurotransmissores ligados à felicidade e ao prazer, como a anandamida e a ocitocina.

No entanto, a ciência ainda é limitada. Alguns profissionais são céticos sobre os efeitos diretos do CBD no sexo, apontando que grande parte das evidências é anedótica, e que compostos como o THC têm dados mais robustos sobre libido e satisfação sexual.

Dicas para quem quer experimentar o CBD no quarto:

  • Escolha produtos de qualidade, de marcas confiáveis e, se possível, verificados por laboratórios independentes.

  • Comece com doses baixas e aumente gradualmente.

  • Use o CBD 30 a 60 minutos antes da relação para dar tempo de fazer efeito.

  • Opções incluem óleos, tinturas, lubrificantes, cremes e comestíveis, cada um com efeitos e formas de aplicação diferentes.

Importante: o CBD não substitui medicamentos como o Viagra para disfunção erétil. Ele atua mais no relaxamento, no humor e na redução da ansiedade, podendo indiretamente melhorar o desempenho sexual.

Legalidade: produtos de CBD derivados do cânhamo com menos de 0,2-0,3% de THC são legais em alguns países, mas não em outros.

Observações:

  • Óleos, tinturas, comestíveis, pomadas, géis e loções seguem o mesmo limite de THC, porque o limite legal se refere ao conteúdo total do produto, independentemente da forma de aplicação.

  • A legalidade pode variar dentro de regiões de um mesmo país. Por exemplo, nos Estados Unidos, a legalidade do CBD pode depender do estado específico.

  • É fundamental verificar as regulamentações locais atualizadas antes de adquirir ou transportar produtos de CBD.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/