Quando essas vilosidades ficam achatadas, o organismo perde a capacidade de absorver adequadamente vitaminas, minerais, proteínas e gorduras.
A doença celíaca geralmente cursa com dor abdominal, diarreia, inchaço. Mas a DC vai muito além do intestino. Um tema que vem chamando atenção dos pesquisadores é a relação entre a doença celíaca, a dieta sem glúten (DSG) e a doença hepática gordurosa associada à disfunção metabólica (DHGDM), novo nome para a antiga NAFLD).
O fígado também pode sofrer com a DC, e em alguns casos, a própria dieta sem glúten pode contribuir para problemas metabólicos que favorecem o acúmulo de gordura no fígado.
Como a doença celíaca pode afetar o fígado?
A inflamação intestinal típica da DC pode alterar a absorção de nutrientes e aumentar a permeabilidade do intestino (“intestino mais poroso”), o que permite que substâncias inflamatórias atinjam o fígado. Resultado: em alguns pacientes, surgem alterações hepáticas, desde transaminases elevadas até gordura acumulada no fígado.
Além disso, pessoas com DC costumam ter maior risco de doenças autoimunes e metabólicas (como diabetes tipo 1), que também pesam no fígado.
A dieta sem glúten
A dieta sem glúten é o único tratamento eficaz para a DC, mas ela tem um efeito duplo:
Lado positivo: cicatriza o intestino, melhora a absorção de nutrientes e reduz a inflamação sistêmica.
Lado negativo: muitos produtos sem glúten industrializados têm mais calorias, gorduras e açúcares e menos fibras do que os equivalentes com glúten. Isso pode levar a ganho de peso, resistência à insulina e alterações no colesterol — todos fatores que aumentam o risco de MASLD.
Ou seja: a dieta sem glúten é indispensável, mas precisa ser feita de forma equilibrada, com orientação nutricional, para não trocar um problema por outro.
O que mostram os estudos?
Pesquisas ainda trazem resultados mistos: alguns trabalhos indicam que pessoas com DC têm mais gordura no fígado; outros não veem diferença. Mas há um padrão que aparece com frequência: após iniciar a dieta sem glúten, muitos pacientes ganham peso — e isso parece estar ligado ao maior risco de desenvolver esteatose hepática.