Creatina não é recomendada na endometriose

De acordo com um estudo, o acúmulo de creatina no fluido peritoneal e nas células estromais endometriais ectópicas (CEEs) de pacientes com endometriose contribui para a progressão da doença. A suplementação de creatina reduz as concentrações celulares de ferro, mitigando o estresse oxidativo e a peroxidação lipídica, o que aumenta a viabilidade celular e previne a ferroptose em condições de alto teor de ferro. Essa resistência à ferroptose promove o desenvolvimento da endometriose.

O estudo sugere que a interação da creatina com a proteína príon (PrP) e seu papel na inibição da captação de ferro podem oferecer insights sobre novas estratégias terapêuticas para a endometriose. No entanto, isso implica que a creatina pode não ser benéfica para o tratamento da endometriose, mas sim contribuir para sua progressão.

Referência

S Chen et al. Creatine Promotes Endometriosis by Inducing Ferroptosis Resistance via Suppression of PrP. Advanced science (Weinheim, Baden-Wurttemberg, Germany) (2024).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Interpretação de HLAs para doença celíaca

Você saberia interpretar este exame?

Falo sobre esta interpretação neste vídeo:

Resumidamente, o resultado acima mostra uma predisposição genética ausente ou muito baixa para doença celíaca. Para haver predisposição significativa à doença celíaca, é necessário ter DQ2.5 completo (DQA105 + DQB102) ou DQ8 completo (DQA103 + DQB103:02), os quais não estão presentes no seu caso.

A presença isolada de DQA1*05 sem o alelo DQB1*02 confere risco mínimo ou quase nulo. Sem DQ2 e sem DQ8, a possibilidade de doença celíaca fica praticamente excluída, dada a altíssima sensibilidade negativa desse teste (praticamente 100%).

Lembre contudo, que o resultado positivo (com DQ2 ou DQ8) sozinho não confirmaria a doença celíaca, já que muitos portadores dessas variantes genéticas não desenvolvem a doença.

Estatísticas de prevalência

  • Mais de 95% dos celíacos possuem DQ2, e os demais 5–10% tipicamente têm DQ8.

  • No entanto, cerca de 30–40% da população geral carrega essas variantes genéticas sem desenvolver a doença.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Doença Celíaca, Dieta Sem Glúten e Fígado Gorduroso

A doença celíaca (DC) é uma condição autoimune desencadeada pela ingestão de glúten — proteína presente no trigo, centeio e cevada. Em pessoas geneticamente predispostas, o sistema imunológico reage de forma exagerada ao glúten, atacando a mucosa do intestino delgado. Essa agressão danifica as vilosidades intestinais (estruturas em forma de “dedinhos” que aumentam a área de absorção dos nutrientes).

Quando essas vilosidades ficam achatadas, o organismo perde a capacidade de absorver adequadamente vitaminas, minerais, proteínas e gorduras.

A doença celíaca geralmente cursa com dor abdominal, diarreia, inchaço. Mas a DC vai muito além do intestino. Um tema que vem chamando atenção dos pesquisadores é a relação entre a doença celíaca, a dieta sem glúten (DSG) e a doença hepática gordurosa associada à disfunção metabólica (DHGDM), novo nome para a antiga NAFLD).

O fígado também pode sofrer com a DC, e em alguns casos, a própria dieta sem glúten pode contribuir para problemas metabólicos que favorecem o acúmulo de gordura no fígado.

Como a doença celíaca pode afetar o fígado?

A inflamação intestinal típica da DC pode alterar a absorção de nutrientes e aumentar a permeabilidade do intestino (“intestino mais poroso”), o que permite que substâncias inflamatórias atinjam o fígado. Resultado: em alguns pacientes, surgem alterações hepáticas, desde transaminases elevadas até gordura acumulada no fígado.

Além disso, pessoas com DC costumam ter maior risco de doenças autoimunes e metabólicas (como diabetes tipo 1), que também pesam no fígado.

A dieta sem glúten

A dieta sem glúten é o único tratamento eficaz para a DC, mas ela tem um efeito duplo:

  • Lado positivo: cicatriza o intestino, melhora a absorção de nutrientes e reduz a inflamação sistêmica.

  • Lado negativo: muitos produtos sem glúten industrializados têm mais calorias, gorduras e açúcares e menos fibras do que os equivalentes com glúten. Isso pode levar a ganho de peso, resistência à insulina e alterações no colesterol — todos fatores que aumentam o risco de MASLD.

Ou seja: a dieta sem glúten é indispensável, mas precisa ser feita de forma equilibrada, com orientação nutricional, para não trocar um problema por outro.

O que mostram os estudos?

Pesquisas ainda trazem resultados mistos: alguns trabalhos indicam que pessoas com DC têm mais gordura no fígado; outros não veem diferença. Mas há um padrão que aparece com frequência: após iniciar a dieta sem glúten, muitos pacientes ganham peso — e isso parece estar ligado ao maior risco de desenvolver esteatose hepática.

O elo entre doença celíaca e fígado gorduroso (Cazac et al., 2024)

Imagine uma teia de aranha. No centro está a doença celíaca, e ao redor dela, vários fios que chegam até o fígado: inflamação, alterações da microbiota intestinal, má absorção de nutrientes, doenças autoimunes associadas. Todos esses caminhos podem, de alguma forma, levar ao acúmulo de gordura no fígado. A DC pode impactar o fígado por diferentes vias, não apenas pelo intestino inflamado.

Dieta sem glúten precisa ser saudável, limitada em alimentos ultraprocessados e rica em alimentos in natura (Cazac et al., 2024)

A dieta sem glúten cura o intestino e reduz a inflamação. Por outro, quando baseada em produtos industrializados, ela aumenta calorias, açúcares e gorduras, favorecendo ganho de peso e síndrome metabólica. Não basta cortar o glúten, é preciso adotar uma dieta sem glúten saudável.

Você sabe interpretar este exame?

A pessoa acima não tem a genética típica do paciente celíaco. Ensino esta interpretação no vídeo:

Se você tem doença celíaca, seguir a dieta sem glúten é essencial. Mas prefira alimentos naturalmente sem glúten (arroz, milho, quinoa, frutas, verduras, carnes frescas) em vez de ultraprocessados sem glúten. Monitore não só a cicatrização intestinal, mas também peso, colesterol, glicemia e fígado, B12, folato, ferro…

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/