A roda dos cuidados com a pele

Esta imagem organiza os determinantes da saúde da pele:

  • Fatores biológicos / intrínsecos

    • Idade cronológica -> “envelhecimento intrínseco”: perda gradual de espessura dérmica, diminuição de colágeno/elastina, redução da atividade de fibroblastos e menor capacidade de reparo. O declínio hormonal, a entrada na menopausa e diferenças étnicas na estrutura dérmica e conteúdo de melanina modulam a susceptibilidade ao fotoenvelhecimento.

    • Genética determina predisposições (ex.: velocidade de síntese/degradação de colágeno, atividade de vias antioxidantes, tipagem de melanina) e condiciona a resposta a exposições ambientais.

  • Fatores ambientais / exposoma

    • Radiação UV (sol): penetração de UVA na derme → gera radicais livres) que ativam cascatas sinalizadoras (MAPK → AP-1/NF-κB) levando à expressão de MMPs (metaloproteinases) que degradam colágeno e matriz extracelular; UVB age mais na epiderme (DNA → mutações).

    • Poluição (partículas, óxidos, diesel, etc.): também gera estresse oxidativo direto/indireto, altera lipídios da barreira e promove inflamação crônica (“inflammaging”); poluentes e UV podem agir sinergicamente. Estudos mostram correlação entre poluição e sinais de envelhecimento extrínseco.

    • Clima / temperaturas extremas / baixa umidade: alteram função barreira, perda de água transcutânea, e afetam lipidômica do estrato córneo, o que pode predispor a secura, inflamação e envelhecimento funcional.

  • Fatores de estilo de vida

    • Sono: sono insuficiente prejudica reparo celular e os ritmos circadianos que controlam reparo de DNA e síntese de matriz → pele com pior recuperação, aumento de sinais de cansaço e inflamação.

    • Estresse / bem-estar emocional: aumento crônico de cortisol e sinalização pró-inflamatória (TNF, IL-6) → comprometimento da barreira, diminuição de reparo e aceleração de processos de envelhecimento (inflammaging).

    • Nutrição: dietas ricas em açúcares promovem formação de AGE (advanced glycation end-products) que cruzam fibras de colágeno e reduzem elasticidade; antioxidantes na dieta (vit. C, E, polifenóis) compensam estresse oxidativo.

    • Exercício: exercício moderado favorece microcirculação, entrega de nutrientes e função imunológica; exercício excessivo sem recuperação pode aumentar estresse oxidativo.

    • Rotina cosmética: uso adequado (proteção solar, limpeza, antioxidantes tópicos, retinoides/peptídeos quando indicados) é uma das maneiras mais diretas de modular o exposoma e proteger/estimular vias de reparo.

No centro da roda há um corte transversal da pele (epiderme → derme → hipoderme) e em sua superfície estão microrganismos, enfatizando que a microbiota cutânea interage com esses fatores e com as vias celulares da pele.

A microbiota cutânea regula inflamação, barreira, cicatrização e pode modular vias redox. Alterações da microbiota (disbiose) estão ligadas a várias doenças cutâneas e a sinais de envelhecimento. Além disso existe interação bidirecional: exposições (UV, poluentes, cosméticos, dieta) alteram o microbioma; o microbioma altera a resposta ao exposoma.

Intervenções para pele mais saudável

  • Proteção básica: fotoproteção diária (filtro solar) + reduzir exposição à poluição quando possível; limpar a pele eficientemente.

  • Combater ROS / inflamação: dieta rica em antioxidantes + tópicos antioxidantes e ingredientes que modulam MMPs/estimulem síntese de colágeno (retinoides, vitamina C/peptídeos) conforme a tolerância e indicação.

  • Cuidar do microbioma: evitar formulações demasiado agressivas que destroem flora benigna; considerar ingredientes prebióticos/probióticos/postbióticos com evidência.

  • Estilo de vida: sono adequado, controle do estresse, dieta equilibrada, exercício moderado — todos têm efeitos reais sobre vias metabólicas e inflamatórias da pele.

Aprenda mais sobre nutrição e estética

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Cuidados para quem usa as canetinhas emagrecedoras

Em humanos saudáveis, o peptídeo semelhante ao glucagon incretina 1 (GLP-1) é secretado após a alimentação e reduz as concentrações de glicose, aumentando a secreção de insulina e suprimindo a liberação de glucagon.

Efeitos adicionais do GLP-1 incluem retardo do esvaziamento gástrico, supressão do apetite e, potencialmente, inibição da apoptose das células β. O GLP-1 nativo é degradado em cerca de 2–3 minutos na circulação; portanto, vários agonistas do receptor de GLP-1 foram desenvolvidos para fornecer ações prolongadas in vivo.

Esses agonistas do receptor de GLP-1 (medicamentos que imitam o GLP-1) podem ser categorizados como compostos de curta ação, que fornecem ativação do receptor de curta duração (saxenda, victoza) ou como compostos de longa ação (ozempic, wegovy, rybelsus), que ativam o receptor de GLP-1 continuamente em sua dose recomendada.

Os agonistas do receptor de GLP-1 de curta ação reduzem principalmente os níveis de glicemia pós-prandial por meio da inibição do esvaziamento gástrico, enquanto os compostos de longa ação têm um efeito mais forte sobre os níveis de glicemia de jejum, mediados predominantemente por suas ações insulinotrópicas e glucagonostáticas (Meier, 2012).

O papel da nutrição e da atividade física

Embora esses medicamentos sejam extremamente eficazes, eles não são soluções mágicas. Há dois pontos críticos a considerar:

  1. Perda de massa magra: até 40% do peso perdido pode vir de massa magra. Isso aumenta o risco de fraqueza, perda de força e redução do metabolismo basal.

    • Solução: manter ingestão adequada de proteínas (1,2–1,6 g/kg/dia, ajustado individualmente) e prática regular de exercícios de resistência (musculação).

    • Suplementos proteicos ou de aminoácidos ajudam muito, principalmente aqueles pacientes com saciedade precoce.

  2. Reganho de peso após suspensão: estudos mostram que, após parar a medicação, pacientes podem recuperar até 2/3 do peso perdido.

    • Solução: implementar mudanças de estilo de vida duradouras, priorizando alimentação balanceada e atividade física regular (aeróbica + resistência).

Agonistas de GLP-1, como liraglutida, semaglutida e tirzepatida, representam uma revolução no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. Também parece beneficiar pacientes com doenças cardiovasculares (Kosiborod et al., 2023) e esteatose hepática (Sanyal et al., 2025). Eles proporcionam controle glicêmico e emagrecimento significativos, mas também podem causar efeitos adversos, carências nutricionais e perda de massa magra.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/