Cuidados para quem usa as canetinhas emagrecedoras

Em humanos saudáveis, o peptídeo semelhante ao glucagon incretina 1 (GLP-1) é secretado após a alimentação e reduz as concentrações de glicose, aumentando a secreção de insulina e suprimindo a liberação de glucagon.

Efeitos adicionais do GLP-1 incluem retardo do esvaziamento gástrico, supressão do apetite e, potencialmente, inibição da apoptose das células β. O GLP-1 nativo é degradado em cerca de 2–3 minutos na circulação; portanto, vários agonistas do receptor de GLP-1 foram desenvolvidos para fornecer ações prolongadas in vivo.

Esses agonistas do receptor de GLP-1 (medicamentos que imitam o GLP-1) podem ser categorizados como compostos de curta ação, que fornecem ativação do receptor de curta duração (saxenda, victoza) ou como compostos de longa ação (ozempic, wegovy, rybelsus), que ativam o receptor de GLP-1 continuamente em sua dose recomendada.

Os agonistas do receptor de GLP-1 de curta ação reduzem principalmente os níveis de glicemia pós-prandial por meio da inibição do esvaziamento gástrico, enquanto os compostos de longa ação têm um efeito mais forte sobre os níveis de glicemia de jejum, mediados predominantemente por suas ações insulinotrópicas e glucagonostáticas (Meier, 2012).

O papel da nutrição e da atividade física

Embora esses medicamentos sejam extremamente eficazes, eles não são soluções mágicas. Há dois pontos críticos a considerar:

  1. Perda de massa magra: até 40% do peso perdido pode vir de massa magra. Isso aumenta o risco de fraqueza, perda de força e redução do metabolismo basal.

    • Solução: manter ingestão adequada de proteínas (1,2–1,6 g/kg/dia, ajustado individualmente) e prática regular de exercícios de resistência (musculação).

    • Suplementos proteicos ou de aminoácidos ajudam muito, principalmente aqueles pacientes com saciedade precoce.

  2. Reganho de peso após suspensão: estudos mostram que, após parar a medicação, pacientes podem recuperar até 2/3 do peso perdido.

    • Solução: implementar mudanças de estilo de vida duradouras, priorizando alimentação balanceada e atividade física regular (aeróbica + resistência).

Agonistas de GLP-1, como liraglutida, semaglutida e tirzepatida, representam uma revolução no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. Também parece beneficiar pacientes com doenças cardiovasculares (Kosiborod et al., 2023) e esteatose hepática (Sanyal et al., 2025). Eles proporcionam controle glicêmico e emagrecimento significativos, mas também podem causar efeitos adversos, carências nutricionais e perda de massa magra.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Síndrome da fadiga crônica X Burnout

A síndrome da fadiga crônica (SFC) e o burnout podem se parecer em alguns aspectos (como cansaço persistente e queda de energia), mas são condições diferentes, com origens, evolução e critérios diagnósticos distintos.

Burnout

Reconhecido pela OMS (CID-11) como um fenômeno ocupacional.

Características principais:

  • Surge no contexto do trabalho (associado a estresse crônico laboral).

  • Tríade clássica:

    1. Exaustão emocional (cansaço mental e físico intenso).

    2. Ceticismo ou distanciamento em relação ao trabalho.

    3. Desmotivação e queda de eficácia profissional.

  • Sintomas comuns: insônia, irritabilidade, desmotivação, dificuldade de concentração, queixas físicas ligadas ao estresse.

Causa: sobrecarga, ambiente de trabalho tóxico, falta de equilíbrio entre esforço e recompensa.

Diagnóstico: clínico, baseado em história ocupacional e sintomas.

Tratamento:

  • Redução da carga de trabalho ou afastamento temporário do trabalho, conforme o caso.

  • Psicoterapia para aumento da autoestima, reorganização das prioridades, desenvolvimento de habilidades de coping e manejo do estresse e estabelecimento de limites saudáveis.

  • Prática de atividade física regular para melhoria do humor.

  • Medicamentos antidepressivos ou ansiolítico se for o caso (comorbidades como depressão, ansiedade, insônia podem ocorrer).

Síndrome da Fadiga Crônica (SFC)

Também chamada de encefalomielite miálgica, é uma condição clínica reconhecida.

Características principais:

  • Fadiga intensa e incapacitante, não aliviada por descanso.

  • Dura pelo menos 6 meses.

  • Pode piorar após esforço físico ou mental mínimo (mal-estar pós-esforço).

  • Associada a sintomas como:

    • Alterações cognitivas ("nevoeiro mental").

    • Distúrbios do sono.

    • Dores musculares e articulares.

    • Cefaleia.

    • Sintomas semelhantes a gripe.

    • Alterações autonômicas (ex.: tontura ao ficar em pé).

Causa: ainda não totalmente esclarecida (envolve disfunções imunológicas, neuroendócrinas e metabólicas).

Diagnóstico: clínico, por exclusão (descartar outras doenças que causam fadiga).

Tratamento:

O manejo multiprofissional é muito importante para melhoria da qualidade de vida. As abordagens envolvem:

  • Gestão de energia: aprender a dosar as atividades para evitar crises.

  • Terapia: ajuda na adaptação emocional e manejo dos sintomas.

  • Fisioterapia suave/exercícios graduais: cautela para não piorar a fadiga.

  • Higiene do sono para regularização do ciclo circadiano.

  • Acompanhamento nutricional para manejo de situações orgânicas, como:

    • Disfunção mitocondrial

    • Inflamação

    • Carências nutricionais

    • Sensibilidades alimentares

    • Disbiose intestinal

    • Disfunção imune

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Teste respiratório para avaliação de H.pylori

O teste respiratório da ureia (ou teste respiratório para H. pylori) é um dos métodos mais usados para diagnosticar a infecção por Helicobacter pylori.

Como funciona?

O paciente ingere uma substância contendo ureia marcada (com carbono-13 ou carbono-14). Se o H. pylori estiver presente no estômago, sua enzima urease quebra a ureia em amônia e gás carbônico. Esse gás carbônico marcado é absorvido, vai para os pulmões e é eliminado na respiração. A análise do ar expirado detecta esse marcador, confirmando a presença da bactéria.

Vantagens:

  • É não invasivo (não precisa de endoscopia).

  • Alta sensibilidade e especificidade.

  • Pode ser usado tanto para diagnóstico inicial quanto para verificar se a bactéria foi erradicada após o tratamento.

Observações importantes

O paciente precisa suspender antibióticos e inibidores de bomba de prótons (omeprazol, pantoprazol, etc.) algumas semanas antes, pois esses medicamentos podem causar falsos negativos.

Exame positivo

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/