O que são senoterapêuticos?

O envelhecimento é um processo complexo em que a pele perde sua funcionalidade e vitalidade. Um dos protagonistas desse declínio são as células senescentes: células que deixam de se dividir, mas permanecem ativas, desencadeando efeitos irreversíveis no tecido.

Células senescentes: são células que pararam de se dividir, mas não morrem. Elas se acumulam com a idade ou após danos (como radiação, inflamação, estresse oxidativo).

Mas como identificamos essas células? Entre os biomarcadores de senescência, o mais confiável é a enzima senescence-associated beta-galactosidase (SA-β-gal). Outros sinais incluem a presença de uma resposta estável de dano ao DNA (DDR), o acúmulo de espécies reativas de oxigênio (ROS) e o fenótipo secretor associado à senescência (SASP) — que libera moléculas inflamatórias capazes de comprometer a pele vizinha.

Células senescentes secretam moléculas inflamatórias e pró-envelhecimento (o chamado SASP – Senescence-Associated Secretory Phenotype) que prejudicam os tecidos e estão ligadas a envelhecimento, câncer, fibrose, Alzheimer, diabetes, entre outros.

Então como frear este processo? Com estratégias de estilo de vida saudável (atividade física, sono de qualidade, alimentação balanceada, gerenciamento do estresse) e a senoterapia: estratégias para eliminar ou neutralizar células senescentes. 

Senoterapêuticos de origem natural, especialmente polifenóis como quercetina, naringenina e apigenina, têm se mostrado promissores ao reduzir o SASP e prevenir o acúmulo dessas células — possivelmente bloqueando sinais que promovem sua sobrevivência

"Senoterapêutico" é um termo usado em biomedicina para se referir a estratégias, substâncias ou intervenções que atuam sobre células senescentes. Um senoterapêutico é qualquer abordagem que:

  1. Elimina células senescentes (essas drogas são chamadas senolíticos).

    • Exemplo: dasatinibe, quercetina, navitoclax.

  2. Modula a atividade dessas células, reduzindo os efeitos nocivos sem necessariamente destruí-las (senomórficos ou senostáticos).

    • Exemplo: rapamicina, metformina.

Ou seja, terapias senoterapêuticas têm como objetivo reduzir o impacto negativo das células senescentes no organismo, visando prolongar a saúde (healthspan) e até retardar aspectos do envelhecimento. Derivados de plantas são muito interessantes neste sentido:

As principais ações destes fitoquímicos com potencial senoterapêutico são a atividade antioxidante e antiinflamatória e a modulaçãod a microbiota intestinal. Você pode aprender mais sobre estes temas nos cursos online:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Genética e metabolômica do lipedema

O lipedema é uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo anormal de tecido adiposo subcutâneo, principalmente em membros inferiores, muitas vezes associada a dor, hematomas fáceis e dificuldade na perda de gordura com dieta ou exercício. Embora sua fisiopatologia ainda não seja completamente elucidada, estudos recentes têm explorado aspectos genéticos e metabolômicos dessa condição para entender melhor os mecanismos envolvidos.

O lipedema não é apenas um excesso de gordura; envolve:

  • Metabolismo lipídico alterado no tecido adiposo.

  • Inflamação crônica local.

  • Alterações no metabolismo de aminoácidos e energia.

  • Disfunção vascular e linfática subclínica.

A metabolômica nos ajuda a estudar tudo isso. Metabolômica é o estudo sistemático de metabólitos pequenos (como aminoácidos, lipídios, açúcares, ácidos orgânicos) em células, tecidos ou fluidos biológicos. Ela permite mapear o estado funcional do metabolismo de um organismo ou tecido em determinado momento.

No caso do lipedema, a metabolômica ajuda a identificar alterações específicas no tecido adiposo subcutâneo que diferenciam a doença da obesidade comum ou de outros edemas.

1. Alterações no metabolismo lipídico

Pacientes com lipedema apresentam alterações na composição e função do tecido adiposo. Observa-se aumento de adipócitos hipetrofiados, especialmente no tecido subcutâneo das pernas, mas sem o mesmo grau de resistência à insulina que o obesidade clássica.

Estudos metabolômicos identificaram diferenças em ácidos graxos livres e triglicerídeos específicos, sugerindo que o tecido adiposo do lipedema tem um metabolismo lipídico alterado.

2. Inflamação crônica de baixo grau

O tecido adiposo do lipedema apresenta infiltrado inflamatório aumentado, com presença de macrófagos e citocinas pró-inflamatórias. Metabolômica mostra alteração de metabólitos ligados a stress oxidativo e inflamação, como aumento de radicais livres, peroxidação lipídica e produtos da via do ácido araquidônico. Esses metabólitos podem contribuir para a sensibilidade à dor característica do lipedema.

3. Alterações nos aminoácidos e metabolismo energético

Alguns estudos detectaram alterações em aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA), implicando desregulação na sinalização de insulina e no metabolismo energético local.

Há sugestão de que o tecido lipedematoso tem diferença na oxidação mitocondrial, podendo favorecer armazenamento de gordura ao invés de utilização como energia.

4. Metabolismo vascular e linfático

Metabolômica indica desequilíbrios em metabólitos ligados à função endotelial e permeabilidade vascular, o que pode explicar o edema e acúmulo de fluido intersticial frequentemente observado. Alterações nos glicolípides e esfingolípides podem afetar integridade da microvasculatura e facilitar inflamação local.

5. Potenciais biomarcadores

Pesquisas iniciais sugerem que determinados lipídios e aminoácidos podem servir como biomarcadores do lipedema, diferenciando-o de obesidade simples. Isso inclui variações em fosfolipídios, esfingolipídios e certos ácidos graxos oxidados.

Essas alterações metabolômicas ajudam a explicar a resistência do lipedema a dietas, a sensibilidade à dor e a propensão ao edema. O estudo desses perfis metabólicos pode abrir caminho para diagnósticos mais precisos e terapias direcionadas, incluindo intervenções farmacológicas e nutricionais.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Protegendo a matriz extracelular da pele

A matriz extracelular (MEC) da pele é uma rede de proteínas (como colágeno, elastina, fibronectina e laminina) e polissacarídeos (como glicosaminoglicanos e ácido hialurônico) que dá suporte estrutural, firmeza, elasticidade e hidratação à pele. Com o tempo, fatores internos (envelhecimento) e externos (radiação UV, poluição, estilo de vida) degradam a MEC, resultando em flacidez, rugas e perda de vitalidade.

Aqui estão formas de proteger e estimular a MEC da pele:

1. Proteção contra agressões externas

  • Filtro solar diário (FPS 30+): a radiação UV é o principal fator que degrada colágeno e elastina.

  • Proteção contra poluição e radicais livres: antioxidantes tópicos (vitamina C, E, resveratrol, niacinamida) ajudam a neutralizar danos oxidativos.

2. Estímulo da síntese da MEC

  • Retinoides (tretinoína, retinol, retinaldeído): estimulam fibroblastos a produzirem colágeno e elastina.

  • Peptídeos sinalizadores: ajudam a ativar a regeneração da MEC.

  • Ácido hialurônico: hidrata e contribui para o volume da matriz.

3. Nutrição e estilo de vida

  • Alimentação rica em antioxidantes (frutas vermelhas, vegetais, chá verde, cúrcuma).

  • Adequada ingestão de proteínas para fornecer aminoácidos ao colágeno.

  • Evitar tabaco e excesso de álcool, que aceleram a degradação da MEC.

4. Procedimentos dermatológicos que fortalecem a MEC

  • Laser fracionado, radiofrequência, ultrassom microfocado: estimulam fibroblastos e remodelam colágeno/elastina.

  • Microagulhamento: induz a produção de fatores de crescimento e colágeno.

  • Bioestimuladores injetáveis (ex.: ácido poli-L-lático, hidroxiapatita de cálcio): induzem síntese de matriz extracelular.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/