O Microbioma Intestinal e o Segredo para um Envelhecimento Saudável

À medida que envelhecemos, nosso corpo passa por transformações silenciosas, muitas delas ligadas à saúde intestinal. O microbioma intestinal, esse ecossistema de trilhões de microrganismos que habitam nosso trato digestivo, emerge como um protagonista essencial para a saúde imunológica e a prevenção de doenças crônicas associadas à idade. Pesquisas recentes mostram que a manutenção do equilíbrio microbiano e da barreira intestinal pode ser a chave para um envelhecimento saudável.

O Microbioma Intestinal: Guardião da Saúde

O microbioma intestinal não só auxilia na digestão e produção de vitaminas, mas também desempenha papel crucial na regulação do sistema imunológico. Ele mantém a barreira intestinal, que age como um filtro, permitindo a passagem de nutrientes e bloqueando toxinas e microrganismos nocivos.

Com o envelhecimento, há uma perda de diversidade microbiana e de espécies benéficas, como Akkermansia muciniphila, comprometendo a barreira intestinal e favorecendo a inflamação sistêmica.

Permeabilidade Intestinal e Inflammaging

O fenômeno do “leaky gut” (permeabilidade intestinal aumentada) permite que toxinas bacterianas, como lipopolissacarídeos (LPS), entrem na circulação sanguínea. Isso ativa o sistema imunológico de forma crônica, gerando o estado inflamatório conhecido como inflammaging, associado a doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, neurodegenerativas e autoimunes (Escalante et al., 2024).

Paralelamente, ocorre a imunossenes­cência, ou envelhecimento do sistema imunológico, tornando o organismo mais vulnerável a infecções e reduzindo a capacidade de resposta a vacinas.

Interconexão: Microbioma, Barreiras e Envelhecimento

Pesquisas convergem para uma tríade interdependente:

  1. Envelhecimento do microbioma → redução da diversidade e perda de microrganismos benéficos.

  2. Dano à barreira intestinal → aumento da permeabilidade e translocação de endotoxinas.

  3. Inflammaging e imunossenes­cência → inflamação crônica e declínio imunológico, favorecendo doenças associadas à idade.

Esse ciclo vicioso reforça a importância de estratégias que possam restaurar o equilíbrio intestinal.

Aliados do Envelhecimento Saudável

Aprenda algumas intervenções nutricionais que podem modular o microbioma e reduzir a inflamação:

  • Resistant Starch (amido resistente): fibras que escapam da digestão no intestino delgado, fermentando no cólon e produzindo ácidos graxos de cadeia curta, que reduzem a inflamação e melhoram a saúde intestinal.

  • Proteínas resistentes: proteínas que não são completamente digeridas no intestino delgado e chegam intactas ou parcialmente digeridas ao cólon, onde podem interagir com a microbiota. Assim como o amido resistente, elas podem atuar como substrato prebiótico, promovendo a produção de ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs) e modulando a inflamação.

    Alguns exemplos estudados incluem:

    1. Proteínas de leguminosas

      • Feijão, lentilha, grão-de-bico.

      • Contêm proteínas que resistem parcialmente à digestão enzimática.

    2. Proteínas do ovo

      • Albumina de ovo pode formar agregados resistentes após aquecimento.

    3. Proteínas de soja

      • Isoflavonas e certos componentes proteicos da soja podem resistir à digestão.

  • Probióticos: microrganismos vivos que reforçam as bactérias benéficas do intestino, fortalecem a barreira intestinal e modulam a resposta imunológica. É a “cereja do bolo”. Não adianta comer mal e suplementar probiótico.

Estratégias Práticas para um Microbioma Saudável

Para manter a saúde intestinal com o passar dos anos, algumas medidas podem ser aplicadas:

  • Dieta a base de plantas, rica em fibras, frutas, vegetais e alimentos fermentados.

  • Baixo consumo de alimentos ultraprocessados.

  • Evitação de medicamentos sem necessidade, como antiinflamatórios e antibióticos. Sempre consulte um médico antes do uso de qualquer fármaco.

  • Suplementação ou consumo regular de probióticos para reforçar bactérias benéficas.

  • Ingestão de amidos e proteínas resistentes, presentes em alimentos como batata cozida e resfriada, feijão, lentilha e grãos integrais.

  • Redução de fatores que comprometem a barreira intestinal, como estresse crônico, sedentarismo e consumo excessivo de alimentos ultraprocessados.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Nutrição e a Síndrome de Ververi-Brady

A síndrome de Ververi-Brady é uma condição genética rara caracterizada por um conjunto específico de sintomas, principalmente relacionados ao desenvolvimento neurológico. Pessoas com essa síndrome geralmente apresentam:

  • Atraso no desenvolvimento: Dificuldades em adquirir habilidades motoras e cognitivas na idade esperada.

  • Dificuldade na fala: Atraso na aquisição da linguagem e problemas na articulação das palavras.

  • Dificuldades de aprendizagem: Podem apresentar dificuldades em áreas como leitura, escrita e matemática.

  • Características do transtorno do espectro do autismo: Alguns indivíduos com essa síndrome podem apresentar comportamentos e características semelhantes ao autismo, incluindo dificuldades alimentares.

  • Leve dismorfismo facial: Pequenas diferenças nas características faciais.

Causa

A síndrome de Ververi-Brady é causada por mutações no gene QRICH1. Essas alterações genéticas afetam a produção ou função de uma proteína importante para o desenvolvimento do sistema nervoso.

Diagnóstico

O diagnóstico geralmente é feito com base em uma avaliação clínica detalhada, que inclui uma história médica completa, exame físico e testes genéticos.

Tratamento

Atualmente, não existe cura para a síndrome de Ververi-Brady. O tratamento é focado em gerenciar os sintomas e maximizar a qualidade de vida do indivíduo. As intervenções podem incluir:

  • Terapia da fala: Para ajudar a melhorar a comunicação.

  • Terapia ocupacional: Para desenvolver habilidades motoras e de vida diária.

  • Fisioterapia: Para melhorar a coordenação e o movimento.

  • Educação especial: Para fornecer um ambiente de aprendizado adaptado às necessidades individuais.

Importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce da síndrome de Ververi-Brady é fundamental para que o indivíduo possa receber as intervenções adequadas o mais cedo possível, o que pode otimizar seu desenvolvimento e qualidade de vida. É importante ressaltar que cada indivíduo com a síndrome de Ververi-Brady é único e pode apresentar sintomas e gravidade diferentes, assim como comorbidades.

Comorbidades gastrointestinais da Síndrome de Ververi-Brady

A síndrome é caracterizada por algumas dificuldades digestivas, com maior incidência de:

  • Refluxo gastroesofágico: é frequente que ocorra retorno de alimento do estômago para o esôfago (refluxo), levando a irritação ou inflamação da mucosa, vômitos e, em casos mais graves, até presença de sangue no vômito, além de esofagite eosinofílica em alguns pacientes.

  1. Constipação intestinal: é comum que as crianças com este síndrome apresentem obstipação, com fezes endurecidas que tornam a evacuação difícil, gerando dor abdominal, distensão e queda do apetite.

  2. Sialorréia (baba excessiva): embora não seja uma comorbidade exclusivamente digestiva, esse sintoma está relacionado com dificuldades de deglutição e controle da saliva, podendo refletir disfunções musculares ao redor da boca e do esôfago.

Assim, acompanhamento nutricional para ajustes dietéticos podem ser importantes. Exames de nutrigenômicos e metabolômicos também nos ajudam a entender a individualidade bioquímica do paciente para um tratamento mais acertivo.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Nenhum medicamento ou suplemento substitui atividade física

A ciência tem trabalhado para criar medicamentos que imitam os efeitos do exercício físico — as chamadas exercise pills. A ideia é simples e tentadora: ingerir uma cápsula e obter os mesmos benefícios de uma corrida ou treino intenso. Mas a realidade é bem mais complexa. Quando nos movimentamos, o corpo aciona uma rede de respostas que vai muito além do gasto calórico.

Benefícios da atividade física

✅ Melhora o funcionamento do coração e dos vasos sanguíneos.

✅ Aumenta a força e a eficiência das mitocôndrias (as “baterias” das células).

✅ Reduz inflamações e regula hormônios.

✅ Libera exerkines, moléculas com impacto positivo no cérebro, músculos, ossos e até no sistema imunológico.

✅ Melhora humor, sono e cognição.

O que as pílulas conseguem?

Alguns compostos experimentais — como GW501516 e SLU-PP-332 — já mostraram, em testes com animais, que podem estimular resistência muscular, aumentar o metabolismo e até reduzir a fome. Porém… todos esses efeitos são parciais e isolados. Nenhum medicamento consegue replicar a “orquestra” biológica completa que o exercício ativa.

Fitoativos também não substituem o exercício físico, mas desempenham um papel importante como coadjuvantes na promoção da saúde cardiometabólica. Esses compostos naturais podem potencializar os efeitos do exercício, ajudar na recuperação muscular, reduzir a inflamação e o estresse oxidativo, além de oferecer benefícios específicos para pessoas com mobilidade reduzida ou condições crônicas que dificultam a prática regular de atividade física.

Ou seja, fitoativos funcionam como aliados para otimizar a saúde e o desempenho, mas não eliminam a necessidade do movimento e da atividade física constante para um bem-estar completo e duradouro.
Além disso: Nada reproduz os benefícios psicológicos e sociais de se exercitar. Pílulas também não melhoram coordenação, equilíbrio ou força funcional. Fora isso, a segurança e efeitos colaterais de medicamentos que "imitam" o exercício ainda são pouco conhecidos.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/