Nenhum medicamento ou suplemento substitui atividade física

A ciência tem trabalhado para criar medicamentos que imitam os efeitos do exercício físico — as chamadas exercise pills. A ideia é simples e tentadora: ingerir uma cápsula e obter os mesmos benefícios de uma corrida ou treino intenso. Mas a realidade é bem mais complexa. Quando nos movimentamos, o corpo aciona uma rede de respostas que vai muito além do gasto calórico.

Benefícios da atividade física

✅ Melhora o funcionamento do coração e dos vasos sanguíneos.

✅ Aumenta a força e a eficiência das mitocôndrias (as “baterias” das células).

✅ Reduz inflamações e regula hormônios.

✅ Libera exerkines, moléculas com impacto positivo no cérebro, músculos, ossos e até no sistema imunológico.

✅ Melhora humor, sono e cognição.

O que as pílulas conseguem?

Alguns compostos experimentais — como GW501516 e SLU-PP-332 — já mostraram, em testes com animais, que podem estimular resistência muscular, aumentar o metabolismo e até reduzir a fome. Porém… todos esses efeitos são parciais e isolados. Nenhum medicamento consegue replicar a “orquestra” biológica completa que o exercício ativa.

Fitoativos também não substituem o exercício físico, mas desempenham um papel importante como coadjuvantes na promoção da saúde cardiometabólica. Esses compostos naturais podem potencializar os efeitos do exercício, ajudar na recuperação muscular, reduzir a inflamação e o estresse oxidativo, além de oferecer benefícios específicos para pessoas com mobilidade reduzida ou condições crônicas que dificultam a prática regular de atividade física.

Ou seja, fitoativos funcionam como aliados para otimizar a saúde e o desempenho, mas não eliminam a necessidade do movimento e da atividade física constante para um bem-estar completo e duradouro.
Além disso: Nada reproduz os benefícios psicológicos e sociais de se exercitar. Pílulas também não melhoram coordenação, equilíbrio ou força funcional. Fora isso, a segurança e efeitos colaterais de medicamentos que "imitam" o exercício ainda são pouco conhecidos.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Nutrientes e integridade genômica

Os nutrientes da dieta são determinantes cruciais na regulação do epigenoma — o conjunto de modificações químicas que controlam a expressão gênica sem alterar o DNA — e como eles sustentam o equilíbrio metabólico e a integridade epigenômica, com implicações para a prevenção de doenças (Souza, Marinho, & Marques, 2025).

1. Fundamentos de Epigenética e Metabolismo

  • As principais modificações epigenéticas incluem metilação de DNA (CpG), modificações nas histonas e reguladores como ncRNAs e epitranscriptoma.

  • Essas modificações são mediadas por enzimas que agem como leitores, escritores e apagadores de marcas epigenéticas, todas dependentes de metabólitos como substratos ou cofatores. E estas enzimas dependem de nutrientes.

2. Ciclo de Um Carbono e Mecanismos de Metilação

  • Nutrientes como folato, vitaminas B12, B6, riboflavina, metionina, colina e betaína sustentam o ciclo de um carbono, essencial à produção de S-adenosilmetionina (SAM) — o principal doador de metil para enzimas de metilação de DNA e histonas. A metilação é um dos processos epigenéticos mais estudados.

  • A dinâmica entre SAM e SAH (S-adenosil-homocisteína) influencia diretamente a eficiência da metilação; desequilíbrios podem levar a hiperhomocisteinemia, fator de risco para doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.

3. Outros Co­fatores Metabólicos na Epigenética

  • Vitamina C (ácido ascórbico) e α-cetoglutarato atuam como cofator e co-substrato, respectivamente, para enzimas como TET (desmetilação de DNA) e JHDM (desmetilação de histonas) .

  • Acetil-CoA, derivado do ciclo TCA, é fundamental para a acetilação de histonas, conectando o metabolismo energético à regulação epigenética. Essa formação é dependente de uma série de nutrientes, vistos na tabela:

4. Compostos Bioativos com Função Epigenética

  • Polifenóis e outros compostos bioativos presentes em alimentos modulam padrões epigenéticos ao interferir diretamente nas enzimas envolvidas em metilação e acetilação. Essas substâncias podem atuar como moduladores químicos, reforçando ou alterando a expressão genética via mecanismos epigenéticos.

Dieta epigenética

O conceito de uma dieta “epigenética” (ou epigenetic diet), proposto em 2011, sugere que certos nutrientes e compostos ativos podem promover a saúde por meio da modulação epigenética. Conhecer sua genética e sua metabolômica abre caminhos para estratégias nutricionais personalizadas que previnam doenças relacionadas à disfunção epigenômica e metabólica.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Você passa mal quando consome gorduras?

Você não está sozinho(a). Para algumas pessoas, comer um simples pedaço de queijo, um abacate ou uma carne mais gordurosa pode causar desconforto, inchaço, diarreia, náusea ou até aquela sensação de “peso” que dura horas. Mas a culpa nem sempre é da gordura em si — e sim de como seu corpo lida com ela.

Digestão, absorção e metabolismo precisam estar funcionando em harmonia para que a gordura vire energia e não mal-estar. Quando alguma dessas etapas falha, o que era pra ser combustível se transforma em sintoma. Neste artigo, vamos explorar as causas mais comuns desse problema e como identificar onde está o bloqueio.

Causas da má digestão de gorduras

1️⃣ Problemas na digestão da gordura

- Deficiência de lipase pancreática: sem essa enzima, a gordura não é quebrada. Pode ocorrer em doenças pancreáticas ou até pelo uso de certos medicamentos.

- Falta de bile ou sais biliares: comum após retirada da vesícula, em obstruções biliares ou doenças hepáticas. Sem bile, a gordura não se emulsifica e não é digerida direito.

Avalie a função pancreática e biliar

2️⃣ Problemas na absorção intestinal

- Doença celíaca, Crohn, colite ulcerativa, SIBO ou síndrome do intestino curto prejudicam a absorção de lipídios.

Avalie minimamente a microbiota e genes para doenças principais.

3️⃣ Problemas no metabolismo da gordura

- Deficiência de L-carnitina ou alterações nas enzimas da β-oxidação impedem que a gordura chegue à mitocôndria para virar energia. Sabe aquela pessoa que faz dieta cetogênica e não consegue emagrecer ou até engorda, fica com dislipidemia? É importante avaliar as carnitinas (existem exames de sangue para isso).

- Falta de cofatores mitocondriais (como riboflavina, niacina, magnésio, CoQ10) também atrapalha. Exames metabolômicos ajudam a entender o metabolismo como um todo.

- Hipotireoidismo reduz o uso da gordura como combustível. Avalie os hormônios da tireoide.

4️⃣ Intolerâncias alimentares

- Gordura láctea ou excesso de óleos pró-inflamatórios podem causar sintomas digestivos ou mal-estar.

Exames genéticos e de intolerâncias também ajudam.

Antes de culpar a dieta, descubra onde está o bloqueio: na digestão, na absorção ou no metabolismo. Assim, você ajusta a estratégia e garante que a gordura seja usada como energia — e não vire um problema.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/