Benefícios do funcho

O funcho (ou erva-doce) é uma planta que pertence à família Apiaceae e é amplamente utilizada tanto na culinária quanto na medicina tradicional, devido aos seus diversos benefícios para a saúde. A planta, cujo nome científico é Foeniculum vulgare, tem uma fragrância doce e sabor levemente anisado. Ela pode ser consumida de diversas formas, incluindo em infusões, como tempero, ou até mesmo em forma de sementes.

Benefícios do funcho para a saúde

1. Melhora a Digestão

O funcho é conhecido por suas propriedades carminativas, ou seja, ajuda a aliviar gases e distensão abdominal. Ele pode ser especialmente útil para reduzir inchaços e desconfortos intestinais. Suas fibras alimentares e compostos antioxidantes também favorecem o bom funcionamento do sistema digestivo.

  • Alívio de cólicas: A infusão de sementes de funcho pode ser útil no alívio de cólicas estomacais e intestinais.

  • Ação antiespasmódica: Pode ajudar a reduzir cólicas intestinais, frequentemente associadas a distúrbios digestivos.

2. Auxilia na Perda de Peso

O funcho pode ser benéfico para quem busca perder peso, devido à sua capacidade de ajudar na digestão e melhorar o metabolismo. Ele também pode ajudar a reduzir o apetite, aumentando a sensação de saciedade.

  • Diurético natural: O funcho tem propriedades diuréticas que ajudam a eliminar o excesso de líquidos, o que pode contribuir para a perda de peso.

3. Melhora a Saúde Cardiovascular

O funcho contém potássio, um mineral importante para a saúde do coração, pois ajuda a controlar a pressão arterial, promovendo a dilatação dos vasos sanguíneos. Além disso, ele possui fibras solúveis, que podem ajudar a reduzir os níveis de colesterol LDL ("mau colesterol") no sangue.

4. Propriedades Antioxidantes

O funcho é rico em antioxidantes, como flavonoides, que ajudam a combater o estresse oxidativo no corpo. Isso pode proteger as células contra os danos causados pelos radicais livres e ajudar a reduzir o risco de doenças crônicas, como doenças cardíacas e câncer.

5. Ação Anti-inflamatória

O funcho possui compostos que têm ação anti-inflamatória, o que pode ser benéfico em condições como artrite e outras doenças inflamatórias. Isso ocorre devido à presença de antioxidantes e fitoquímicos na planta.

6. Benefícios para o Sistema Respiratório

O funcho pode ajudar a aliviar sintomas de doenças respiratórias, como tosse e congestão. Suas propriedades expectorantes ajudam a soltar o muco nos pulmões e nas vias respiratórias, facilitando a respiração.

  • Alívio da tosse: O chá de funcho pode ser utilizado para aliviar a tosse e a irritação na garganta.

7. Equilibra os Níveis Hormonais

O funcho é tradicionalmente utilizado para regular os níveis hormonais, especialmente nas mulheres. A planta tem efeitos estrogênicos, ou seja, pode ajudar a equilibrar os níveis de estrogênio no corpo. Esse efeito pode ser benéfico para mulheres em diferentes fases da vida, como durante a menstruação ou a menopausa.

  • Alívio de sintomas da menopausa: O funcho pode ajudar a reduzir sintomas como ondas de calor e alterações no humor durante a menopausa.

    • O funcho possui fitoestrógenos que se ligam ao receptor do estradiol, mimetizando, de forma mais leve, a ação do hormônio. Em um revisão sistemática e meta-análise, o funcho melhorou a qualidade de sono e a função sexual, enquanto reduziu os níveis de colesterol total, LDL, triglicerídeos, índice de massa corporal e circunferências da cintura e do quadril em mulheres na menopausa (Khadivzadeh et al., 2018).

    • Outro estudo demonstrou que 2 gramas do pó extraído da semente do funcho melhorou significativamente os sintomas da menopausa em mulheres na pós-menopausa ao longo de 8 semanas, sem interferir nos níveos hormonais. Duas a três xícaras de chá de funcho ao dia já pode auxiliar bastante nos fogachos em mulheres na menopausa, sem falar que o funcho é excelente para gases e distensão abdominal (Parvin Ghaffari et al., 2020).

  • Ação galactogoga: Ele também é utilizado para aumentar a produção de leite em mulheres que estão amamentando.

8. Melhora a Saúde da Pele

Devido às suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, o funcho pode ser útil para melhorar a saúde da pele. O consumo regular de funcho pode ajudar a reduzir sinais de envelhecimento precoce, como rugas e manchas, além de acalmar inflamações na pele.

9. Ação Antimicrobiana e Antibacteriana

Estudos demonstraram que o óleo essencial de funcho tem propriedades antimicrobianas, o que pode ajudar a combater infecções bacterianas e fúngicas. Ele pode ser usado de forma tópica (em pequenas quantidades diluídas) para tratar feridas ou infecções na pele.

10. Efeito Calmante e Relaxante

O funcho também pode ter um efeito calmante no corpo e na mente. Isso pode ser útil para reduzir o estresse e a ansiedade, especialmente em forma de chá. Além disso, suas propriedades relaxantes podem ajudar a melhorar o sono e combater insônias ocasionais.

Como Consumir o Funcho?

  • Chá de funcho: Preparado com as sementes ou folhas de funcho, é uma forma comum de consumo e aproveitamento de suas propriedades digestivas e calmantes.

  • Óleo essencial: Pode ser usado de maneira tópica ou em aromaterapia, mas sempre diluído, pois é concentrado.

  • Sementes ou folhas frescas: Podem ser usadas em pratos como saladas, sopas ou como tempero para carnes e peixes.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

O que os micróbios do seu intestino realmente comem – e por que isso importa?

Nos bastidores do seu sistema digestivo, existe uma engrenagem microscópica essencial à sua saúde: o microbioma intestinal. Ele é composto por trilhões de microrganismos que trabalham para fazer o que seu corpo não consegue fazer sozinho — especialmente quando se trata da digestão de fibras.

Por que precisamos dos micróbios?

Nosso intestino não possui enzimas para quebrar certos tipos de carboidratos complexos, como as fibras alimentares. Esses compostos seguem praticamente intactos até o intestino grosso, onde entram em cena as bactérias intestinais. É ali que elas fermentam essas fibras, transformando-as em ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs), como o butirato, que alimentam as células intestinais e fortalecem a barreira contra infecções.

Ou seja, o que você come alimenta também os micróbios que vivem em você — e isso tem implicações diretas na sua saúde imunológica, digestiva e até neurológica.

Prebióticos e probióticos: a dupla dinâmica

  • Prebióticos são fibras e compostos vegetais que servem como alimento para as bactérias benéficas. Exemplos: cebola, alho, grãos integrais, soja e banana verde.

  • Probióticos, por outro lado, já contêm microrganismos vivos — como os encontrados em iogurtes e alimentos fermentados.

A combinação dos dois pode promover uma microbiota mais diversa, funcional e protetora.

Quem são os protagonistas do microbioma?

Dois grupos bacterianos dominam o intestino humano: Firmicutes e Bacteroidetes. Ambos têm a capacidade de digerir fibras, mas os Bacteroidetes são particularmente versáteis. Eles possuem enzimas altamente especializadas que lhes permitem decompor uma variedade muito maior de carboidratos vegetais.

Alguns exemplos do poder dos Bacteroidetes:

  • Xiloglucanos: Açúcares complexos presentes em frutas e vegetais como alface, cebola e tomate. Os Bacteroidetes utilizam genes específicos chamados XyGULs para quebrá-los eficientemente.

  • Arabinoxilanos: Encontrados em grãos como trigo e centeio, esses compostos também são inacessíveis ao corpo humano sem ajuda bacteriana. Além disso, sua fermentação libera ácido ferúlico, uma molécula com propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e neuroprotetoras.

Como os microrganismos digerem as fibras?

Os pesquisadores identificaram um sistema genético altamente coordenado chamado PULs (Polysaccharide Utilization Loci). Esse sistema é responsável por reconhecer, quebrar e importar carboidratos complexos. O processo ocorre em cinco etapas principais:

  1. Reconhecimento: A bactéria identifica o tipo de fibra.

  2. Iniciação: Enzimas clivam o polissacarídeo em pedaços menores.

  3. Importação: Os oligossacarídeos entram na célula bacteriana.

  4. Regulação: Esses pedaços sinalizam quais genes devem ser ativados.

  5. Despolimerização: Finalmente, os açúcares são convertidos em unidades simples e aproveitados.

Esse mecanismo é tão específico que diferentes PULs são ativados conforme o tipo de fibra presente — quase como se cada grupo de micróbios tivesse uma chave para cada tipo de cadeado vegetal.

Como alimentar bem o seu microbioma?

Embora cada pessoa tenha uma microbiota única, há consenso de que dietas ricas em fibras diversas ajudam a nutrir uma microbiota mais saudável. Exemplos de alimentos ricos em fibras prebióticas incluem:

  • Cebola, alho e alho-poró

  • Alcachofra

  • Grãos integrais (aveia, cevada, centeio)

  • Leguminosas (feijão, lentilha, soja)

  • Frutas como maçã e banana verde

Ao incluir esses alimentos no dia a dia, você não está apenas se alimentando — está construindo um ecossistema intestinal mais forte, diversificado e funcional. Aprenda muito mais no curso de modulação intestinal.

Seu bem-estar depende, em grande parte, da saúde do seu microbioma. Ao priorizar alimentos ricos em fibras e prebióticos, você fortalece a base da sua digestão, imunidade e até mesmo da saúde mental. Afinal, um intestino bem nutrido é uma das chaves para um corpo equilibrado. Precisa de ajuda? Marque sua consulta de nutrição.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Como a Fibra Alimentar Influencia o Cérebro e o Humor?

A conexão entre o intestino e o cérebro está longe de ser meramente digestiva. A revisão científica de La Torre, Verbeke, & Daillie (2021) investiga de forma abrangente como a fibra alimentar, por meio de mecanismos dependentes e independentes da microbiota intestinal, pode modular processos afetivos (como humor e ansiedade) e cognitivos (como memória e atenção).

Fatores que contribuem para a atividade do eixo intestino-cérebro (Hou et al., 2022).

Sistema Imunológico: A Ponte Entre Inflamação e Emoções

O sistema imunológico desempenha um papel crítico na regulação do humor e da cognição. Quando ativado — seja por infecções ou por desafios como vacinação — o corpo libera citocinas inflamatórias (IL-6, TNF-α, etc.) que afetam negativamente o humor, aumentando o risco de sintomas como ansiedade e tristeza, mesmo sem sinais de doença física.

Numerosos estudos correlacionam níveis elevados dessas citocinas com sintomas depressivos e declínio cognitivo, especialmente em pacientes com depressão maior (TDM). Ao contrário, medicamentos estabilizadores do humor, antidepressivos e antipsicóticos mostram efeitos anti-inflamatórios, sugerindo que a inflamação pode ser um alvo terapêutico para melhorar a saúde mental.

AGCC: Subprodutos da Fermentação Intestinal que Atuam no Sistema Imunológico

Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como butirato, propionato e acetato, são produzidos pela fermentação da fibra pela microbiota intestinal. Eles exercem forte ação imunomoduladora, reduzindo a inflamação por meio da ativação de receptores como FFAR2/3 e inibição da desacetilação de histonas (HDACs).

Destaques:

  • Butirato é o mais potente: promove células T reguladoras (Treg), aumenta IL-10 (anti-inflamatória) e reduz IL-6, IL-12, IFN-γ e IL-2.

  • Em animais, dietas ricas em fibras fermentáveis reduziram citocinas inflamatórias cerebrais e sistêmicas.

  • Em humanos, fibras prebióticas reduzem marcadores inflamatórios.

Barreira Intestinal: A Linha de Defesa que Também Afeta o Cérebro

A integridade da barreira intestinal evita que toxinas entrem na corrente sanguínea. Quando essa barreira é comprometida, substâncias pró-inflamatórias invadem o corpo, aumentando a inflamação sistêmica e afetando o humor e a cognição.

AGCC fortalecem a barreira intestinal:

  • Butirato e outros AGCC aumentam a formação de junções estreitas entre células intestinais, diminuem a permeabilidade e reduzem a inflamação induzida por estresse.

  • Alguns ensaios clínicos em humanos (com prebióticos como inulina e GOS) sugerem melhorias na função da barreira intestinal e efeitos anti-inflamatórios, mas os resultados são ainda heterogêneos.

Hipertensão: Um Elo Entre Pressão Arterial, Emoções e AGCC

A hipertensão está fortemente associada à piora da função cognitiva e maior prevalência de transtornos de humor. Estudos sugerem que o controle da pressão arterial pode retardar o declínio cognitivo, mas os efeitos sobre o humor ainda são inconclusivos.

A relação com a fibra:

  • AGCC como butirato, propionato e acetato demonstraram reduzir a pressão arterial em modelos animais.

  • Pacientes hipertensos têm menos bactérias produtoras de butirato, o que sugere uma conexão causal.

  • Em humanos, a maior ingestão de fibras se associa a menor pressão arterial, mas é necessário esclarecer se isso se deve aos AGCC.

BDNF: O Fator de Crescimento que Liga Intestino e Cérebro

O BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro) é crucial para a neuroplasticidade, memória e saúde emocional. A revisão aponta que:

  • A fibra alimentar pode aumentar o BDNF por meio da modulação da microbiota (especialmente Bifidobacterium e Lactobacillus).

  • Ensaios em animais mostram que simbióticos (probióticos + fibras) elevam os níveis de BDNF e melhoram a cognição.

  • Em humanos, o consumo de pão de centeio (rico em fibras fermentáveis) aumentou os níveis de BDNF, embora a relação com SCFAs não tenha sido diretamente avaliada.

Efeitos Diretos da Fibra no Sistema Imunológico

Embora a maioria dos efeitos da fibra passe pela fermentação microbiana, alguns tipos de fibra exercem ação direta sobre o sistema imune:

  • A celulose, pouco fermentável, reduziu inflamação em camundongos mesmo sem aumentar SCFAs.

  • Os β-glucanos, encontrados em aveia e cevada, ativam receptores imunes e mostram promissor potencial antialérgico — mas seus efeitos sobre cognição e humor ainda precisam ser explorados.

Colesterol: Nutriente Neuronal com Implicações Emocionais

Embora essencial para a função neuronal, o colesterol elevado (especialmente LDL) está ligado à depressão, enquanto o HDL parece protetor.

  • A fibra solúvel, como pectina e β-glucano, reduz o colesterol por inibir sua reabsorção intestinal.

  • Essa redução pode ter efeito indireto no humor e cognição via menor inflamação e menor risco cardiovascular.

  • O impacto das estatinas (redutores de colesterol) sobre o humor é controverso: alguns estudos apontam melhora, outros piora.

Conclusão: Fibra é Muito Mais do que "Intestino Feliz"

A revisão de La Torre et al. mostra que fibras alimentares — especialmente as fermentáveis — influenciam diretamente a função cerebral, afetando humor e cognição por meio de:

  • Redução da inflamação sistêmica e cerebral

  • Fortalecimento da barreira intestinal

  • Modulação da microbiota intestinal

  • Aumento da produção de SCFAs

  • Elevação dos níveis de BDNF

  • Melhora da pressão arterial e do perfil lipídico

Implicações para o Futuro

A compreensão desses mecanismos abre caminho para nutrição personalizada, voltada para a saúde mental. Incorporar fibras fermentáveis (como inulina, FOS, GOS, β-glucanos) à dieta pode representar uma estratégia acessível e natural para manter o equilíbrio emocional e cognitivo — especialmente em tempos de estresse crônico e envelhecimento populacional.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/