Brasil: um laboratório genético a céu aberto

Um estudo científico chamado “Admixture’s impact on Brazilian population evolution and health” (“O impacto da mistura genética na evolução e saúde da população brasileira”) traz luz sobre como diferentes povos ajudaram a construir a diversidade genética única do nosso país.

O Brasil é um dos países mais miscigenados do mundo. Ao longo de cinco séculos, indígenas nativos, colonizadores europeus e africanos escravizados contribuíram com seus genes para formar o que somos hoje. Mais tarde, chegaram imigrantes de diversas partes do mundo, como italianos, alemães, japoneses, sírios e libaneses.

O estudo mostra que essa mistura — chamada de admixture em genética — não só criou uma enorme diversidade, mas também afetou a saúde, as doenças e até a evolução das características físicas da população brasileira.

A miscigenação no Brasil ocorreu de maneira desigual ao longo do território. Regiões diferentes têm proporções distintas de ancestralidade:

  • Norte e Centro-Oeste: maior contribuição de populações indígenas.

  • Nordeste: forte presença da ancestralidade africana.

  • Sul e Sudeste: predominância da ancestralidade europeia.

O estudo apontou que a variabilidade genética no Brasil é tão ampla que dois brasileiros da mesma região podem ser geneticamente mais distintos do que um europeu e um asiático. Isso reforça o conceito de que raça é uma construção social, e não biológica, especialmente em um país tão miscigenado.

A mistura não foi só biológica — ela reflete processos históricos como a escravidão, a colonização e as ondas migratórias. O estudo revelou que a mistura genética também influencia aspectos importantes como:

  • Diversidade genética: quanto mais misturada uma população, maior sua variedade de genes — o que pode ser benéfico para a saúde e resistência a doenças.

  • Doenças hereditárias: certas doenças podem ser mais ou menos comuns dependendo da ancestralidade predominante em uma região.

  • Seleção natural: genes que eram vantajosos em determinados grupos acabaram sendo transmitidos com mais frequência, influenciando características como metabolismo e imunidade.

Doenças e condições mais associadas a diferentes componentes ancestrais (baseado em genética populacional):

🔹 Ancestralidade Africana

  • Hipertensão arterial: Estudos mostram maior prevalência de variantes associadas à pressão alta em populações com ancestralidade africana.

  • Doença falciforme (anemia falciforme): Uma das doenças hereditárias mais ligadas a esse grupo; muito comum entre afrodescendentes brasileiros.

  • Maior resistência a certas infecções, como malária (atribuída a mutações como HbS), embora com possíveis impactos colaterais negativos (ex: anemia).

🔹 Ancestralidade Europeia

  • Doença celíaca, esclerose múltipla, lúpus: Doenças autoimunes têm maior prevalência em populações de origem europeia.

  • Doença de Alzheimer: Algumas variantes associadas à doença aparecem com mais frequência em pessoas com ancestralidade europeia.

  • Câncer de mama e próstata: Certos polimorfismos associados a esses tipos de câncer são mais comuns em populações europeias.

🔹 Ancestralidade Indígena (Nativa Americana)

  • Diabetes tipo 2: Alta prevalência em populações indígenas, associada a genes que favoreciam o armazenamento eficiente de energia — um fator vantajoso em ambientes de escassez, mas prejudicial no contexto moderno de abundância calórica.

  • Obesidade: Ligada aos mesmos fatores genéticos e a um "genótipo poupador" (thrifty genotype).

  • Baixa diversidade de HLA (genes do sistema imunológico): Isso pode tornar populações indígenas mais vulneráveis a doenças infecciosas exógenas, como foi historicamente observado com gripe, sarampo e varíola.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Movimento e Nutrição Protegem o Cérebro: Como o Exercício Físico e a Dieta Ajudam na Doença de Alzheimer

Sabemos que o exercício físico é bom para o corpo. Mas e para o cérebro? As imagens acima revelam algo fascinante: a atividade física pode atuar como um "remédio natural" contra doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Vamos entender como isso acontece!

O que acontece no cérebro com Alzheimer?

A figura acima ilustra os principais problemas causados pela Doença de Alzheimer, como:

  • Hiperfosforilação da proteína Tau (compromete o funcionamento dos neurônios)

  • Formação de placas de beta-amiloide (tóxicas para as células cerebrais)

  • Neuroinflamação e estresse oxidativo

  • Neurodegeneração (perda de neurônios)

  • Resistência à insulina no cérebro (reduz a energia cerebral)

Como o exercício modula esses efeitos?

Do outro lado da imagem, vemos como o exercício físico combate esses processos, promovendo:

✅ Maior sensibilidade à insulina
✅ Melhora cognitiva
✅ Aumento de fatores neurotróficos (como o BDNF, que protege e estimula os neurônios)
✅ Melhora na função mitocondrial (mais energia para o cérebro)
✅ Liberação de miocinas (substâncias benéficas liberadas pelos músculos durante o exercício)
✅ Aumento da capacidade aeróbica

Tudo isso cria um ambiente cerebral mais resistente ao Alzheimer.

Exercício de longo prazo: efeito adaptativo no cérebro

A figura abaixo aprofunda esse conceito e mostra que os efeitos neuroprotetores do exercício vêm com a prática regular a longo prazo. Ela compara os efeitos de:

Exercício Aeróbico (ex: caminhada, corrida)🏃‍♀️

  • Estimula a liberação do hormônio Irisina

  • Ativa a via PI3K/AKT

  • Aumenta a produção de BDNF

  • Ativa genes antioxidantes no cérebro por meio da via NRF2/ARE

  • Fortalece sinapses e protege os neurônios

Exercício de Resistência (ex: musculação)🏋️‍♂️

  • Estimula a liberação de lactato

  • Ativa a via IGF1/AKT

  • Também promove a produção de BDNF

  • Reduz a inflamação e promove plasticidade cerebral

Ambas as formas de exercício levam à ativação de vias protetoras no cérebro, melhorando o aprendizado, a memória e a resistência à degeneração.

Mova-se para manter sua mente viva!

Essas figuras reforçam que a prática regular de exercícios físicos pode proteger o cérebro contra doenças neurodegenerativas. Caminhar, pedalar, dançar ou levantar pesos pode fazer mais pelo seu cérebro do que você imagina — não só retardando os efeitos do Alzheimer, mas ajudando a prevenir seu aparecimento.

Dieta e saúde do cérebro

Prevenção: Dieta MIND e Dieta Mediterrânea - Essas duas dietas são ricas em vegetais, frutas vermelhas, grãos integrais, azeite de oliva, peixes e nozes. Elas ajudam a:

✅ Reduzir a inflamação
✅ Combater o estresse oxidativo
✅ Proteger os neurônios
✅ Prevenir o acúmulo de placas beta-amiloides no cérebro

A dieta MIND, em especial, foi desenvolvida com foco na saúde cerebral e mostra excelentes resultados na prevenção do Alzheimer.

Tratamento: Dieta Cetogênica (Keto)

A dieta cetogênica, rica em gorduras boas e pobre em carboidratos, pode ser benéfica no tratamento de estágios iniciais do Alzheimer. Ela fornece corpos cetônicos como combustível alternativo para o cérebro, melhorando:

🔹 Função mitocondrial
🔹 Níveis de energia cerebral
🔹 Cognição em alguns pacientes

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Consultas de nutrição: www.andreiatorres.com/consultoria

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Como o Exercício Pode Mudar Seus Genes (E Melhorar sua Saúde)

Você sabia que a prática de exercícios físicos pode influenciar diretamente a forma como seus genes se comportam? A figura abaixo, retirada do artigo “Epigenetic Modifications as Outcomes of Exercise Interventions Related to Specific Metabolic Alterations: A Systematic Review”, mostra de forma clara como o exercício pode causar modificações epigenéticas – ou seja, mudanças na forma como os genes se expressam, sem alterar o DNA em si.

O que está no centro de tudo?

O exercício físico é o ponto central das intervenções. Sua prática regular pode alterar tecidos como o músculo, o tecido adiposo (gordura) e até as células sanguíneas, promovendo modificações epigenéticas como:

  • Metilação do DNA

  • Modificações de histonas

  • Regulação por RNAs não codificantes

Essas mudanças afetam a maneira como os genes são “ligados ou desligados”, com impacto direto em várias condições de saúde.

Fatores que influenciam essas mudanças

A resposta epigenética ao exercício varia conforme:

  • O tipo, intensidade, duração, frequência e descanso do exercício

  • O estado de saúde da pessoa (fisiopatológico)

  • Seu desempenho físico

  • Seu histórico epigenético

  • E até suas preferências pessoais por determinadas atividades

Como isso afeta sua saúde?

A figura destaca quatro áreas principais de impacto metabólico:

1. Diabetes Tipo 2 e Resistência à Insulina

  • Exercício de resistência (endurance) melhora:

    • Regeneração muscular

    • Biogênese mitocondrial

    • Sensibilidade à insulina

2. Inflamação🔥

  • Exercício de baixa intensidade ajuda a:

    • Inibir a morte celular mitocondrial

    • Suprimir citocinas inflamatórias

3. Doenças Cardiovasculares e Dislipidemias ❤️

  • Exercícios de baixa intensidade:

    • Melhoram o condicionamento cardiorrespiratório

    • Reduzem o risco de aterogênese e disfunção endotelial

4. Obesidade

  • O exercício de resistência promove:

    • Redução do conteúdo de lipídios intramusculares

    • Menor acúmulo de gordura nas células

    • Modificações genéticas que regulam a formação de gordura (lipogênese)

Este estudo mostra que o exercício não apenas melhora sua forma física, mas também molda sua biologia de dentro para fora, influenciando a expressão dos seus genes. Ao escolher o tipo certo de atividade física, você pode literalmente reprogramar seu corpo para uma saúde melhor — e isso é ciência, não mágica.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/