Efeito dos hormônios esteróides no cérebro da mulher

Os hormônios esteroides, como estrogênio, progesterona e andrógenos, desempenham um papel fundamental no funcionamento do cérebro feminino. Durante a menopausa, a queda desses hormônios pode impactar diversas funções neurológicas.

Principais efeitos dos hormônios esteroides no cérebro da mulher

  1. Neuroproteção e Plasticidade Cerebral

    O estrogênio promove a sobrevivência neuronal e a plasticidade sináptica, ajudando na manutenção da função cognitiva e da memória. Atua na modulação da expressão de fatores neurotróficos, como o BDNF (Brain-Derived Neurotrophic Factor), essencial para a regeneração e crescimento neuronal.

  2. Regulação do Humor e Emoções

    O estrogênio e a progesterona influenciam neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, regulando o humor e reduzindo o risco de depressão e ansiedade. Com a menopausa, a queda desses hormônios pode contribuir para sintomas como irritabilidade, depressão e alterações emocionais.

  3. Termorregulação e Sintomas Vasomotores

    O estrogênio participa da regulação da temperatura corporal no hipotálamo. Sua redução leva a ondas de calor e suores noturnos, sintomas comuns da menopausa.

  4. Efeito na Inflamação e Estresse Oxidativo

    O estrogênio tem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, ajudando a proteger o cérebro contra danos. Com a menopausa, há um aumento na inflamação cerebral, o que pode contribuir para doenças neurodegenerativas.

  5. Função Cognitiva e Memória

    O estrogênio melhora a função do hipocampo, região associada à memória e ao aprendizado. A menopausa pode estar associada a um declínio cognitivo leve, aumento do risco de demência e maior dificuldade de concentração.

Receptores de Estrogênio (ERs):

Existem dois tipos principais: ERα e ERβ. Localizam-se no núcleo celular (modulação da expressão gênica) e na membrana celular (vias de sinalização rápidas).

Efeitos variam conforme a região cerebral, o tipo de receptor e a concentração do hormônio, podendo ter efeitos excitatórios (aumento da excitabilidade neuronal, neurotransmissão excitatória) e relaxantes (neurotransmissão inibitória, redução da ansiedade).

Receptores de Progesterona (PRs):

Também presentes em várias regiões do cérebro. A progesterona pode modular a excitabilidade neuronal e a neurotransmissão.

Em geral, a progesterona tende a ter efeitos inibitórios ou moduladores, por exemplo, ela tem um efeito calmante no sistema nervoso central. A progesterona pode modular a função dos receptores GABAérgicos, que são inibitórios. A progesterona tem efeitos neuroprotetores.

A reposição hormonal, quando possível, é muito bem-vinda para uma boa memória ao longo da vida. Quando a reposição não é possível suplementos podem ser usados, incluindo:

Suplementos que mimetizam os efeitos do estrogênio

Algumas substâncias conhecidas como fitoestrógenos possuem estrutura semelhante ao estrogênio e podem oferecer benefícios:

  1. Isoflavonas de Soja

    • Fitoestrógenos que podem aliviar sintomas da menopausa, como ondas de calor.

  2. Cimicifuga racemosa (Black Cohosh - Erva-de-São-Cristóvão)

    • Reduz sintomas como suores noturnos e ressecamento vaginal.

  3. Trifolium pratense (Trevo-vermelho)

    • Rico em isoflavonas, pode ajudar na saúde óssea e sintomas da menopausa.

  4. Semente de Linhaça

    • Contém lignanas, que possuem ação estrogênica suave.

  5. Maca Peruana

    • Ajuda no equilíbrio hormonal e melhora a energia e libido.

  6. Dong Quai (Angelica sinensis)

    • Usada na medicina tradicional chinesa para equilibrar os hormônios femininos.

Suplementos que mimetizam os efeitos da progesterona

A progesterona natural é difícil de substituir completamente, mas algumas substâncias podem estimular efeitos parecidos:

  1. Vitex agnus-castus (Árvore-do-casto ou Agnocasto)

    • Estimula a produção natural de progesterona.

    • Ajuda na regulação do ciclo menstrual e sintomas da TPM.

  2. Diosgenina (presente no Inhame Selvagem - Wild Yam)

    • Algumas fontes sugerem que pode ser convertida em progesterona pelo organismo, mas isso ainda é debatido.

  3. Magnésio

    • Essencial para a produção de progesterona.

    • Reduz sintomas como irritabilidade e insônia.

  4. Vitamina B6

    • Auxilia na produção de progesterona e na regulação do humor.

Outros nutrientes importantes

Além dos fito-hormônios, alguns nutrientes auxiliam na regulação hormonal e minimizam sintomas da deficiência de estrogênio e progesterona:
Ômega-3 – Reduz inflamação e melhora o humor.
Vitamina D – Essencial para a saúde óssea e imunidade.
Cálcio e Magnésio – Previnem osteoporose e regulam o sistema nervoso.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Menopausa e alterações da microbiota

​A menopausa provoca alterações significativas na microbiota do corpo feminino, afetando tanto o trato gastrointestinal quanto o geniturinário. Diversos estudos têm investigado essas mudanças e suas implicações para a saúde.​

Este artigo revisa a literatura disponível sobre menopausa, hormônios sexuais femininos e o microbioma intestinal em humanos. A pesquisa sugere que a menopausa está associada a uma menor diversidade do microbioma intestinal e a uma mudança em direção a uma maior semelhança com o microbioma intestinal masculino. A microbiota intestinal está envolvida na regulação dos níveis de hormônios circulantes livres, sugerindo uma relação bidirecional. O conjunto de genes bacterianos capazes de desconjugar estrogênios é denominado "estroboloma".

Os estrogênios na circulação sistêmica, produzidos pelos ovários, glândula adrenal e tecido adiposo ou outros tecidos, sofrem metabolismo de primeira passagem no fígado e também podem ser conjugados com grupos glicuronídeos ou sulfatos no fígado, o que facilita a excreção biliar. No trato intestinal, os estrogênios conjugados são excretados nas fezes ou desconjugados pela microbiota intestinal com enzimas β-glicuronidase ou sulfatase, denominadas "estroboloma" - isso permite que os estrogênios entrem na circulação entero-hepática e, portanto, reentrarem na circulação sistêmica e alcancem outros tecidos.

Este outro artigo traz uma revisão focada nos efeitos da menopausa no microbioma geniturinário. Discute a importância dos microbiomas intestinal e vaginal na saúde feminina. O aumento do pH vaginal causado pela redução do estrogênio altera o microbioma vaginal, resultando em níveis reduzidos de Lactobacillus. Essas mudanças influenciam a estrutura e as funções vaginais, contribuindo para o início da síndrome geniturinária da menopausa. Uma disbiose do microbioma urinário está associada à urgência e à incontinência urinária e também está relacionada à cistite intersticial/síndrome da dor da bexiga e à bexiga neuropática. A diminuição na porcentagem de Lactobacillus na urina precede a cistite recorrente.

Por fim, neste trabalho forma mostradas diferenças no microbioma duodenal em mulheres pós-menopáusicas que tomam TH (HT+), mulheres pós-menopáusicas que não tomam TH (HT-) e mulheres em idade reprodutiva que não tomam hormônios exógenos (RA).

O estudo descobriu que o microbioma duodenal central era diferente em participantes HT- em comparação com participantes RA, mas mais semelhante em participantes HT+ e RA. Participantes HT- apresentaram aumento de táxons Proteobacteria, levando a maior disbiose microbiana, e diminuição da prevalência de Bacteroidetes, associada a níveis mais altos de glicose em jejum, menor diversidade microbiana duodenal e níveis mais baixos de testosterona.

Participantes HT+ apresentaram níveis mais altos de estradiol e progesterona e níveis mais baixos de glicose em jejum do que participantes HT-, e apresentaram maior abundância relativa de Prevotella e menor abundância de Escherichia, Klebsiella e Lactobacillus, todas associadas a menores riscos de doenças cardiovasculares.

Os achados sugerem que a TH pode ter efeitos benéficos após a menopausa e também pode apoiar um efeito benéfico da TH no microbioma duodenal. O estudo destaca a importância de considerar o microbioma do intestino delgado em mulheres pós-menopáusicas e o potencial impacto da terapia hormonal sobre ele.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Alterações metabólicas na menopausa

A menopausa é uma fase natural da vida da mulher, caracterizada pelo fim definitivo da menstruação devido à redução da atividade ovariana. Esse período, que pode abranger mais de um terço da vida feminina, está associado a diversas mudanças metabólicas e fisiológicas que impactam a saúde e o bem-estar.

Alterações Metabólicas e Composição Corporal

Com a menopausa, ocorrem alterações na composição corporal, incluindo perda de massa magra, acúmulo de gordura e redistribuição do tecido adiposo na região abdominal. Também são observadas alterações nos níveis de colesterol e glicose, aumentando os riscos cardiovasculares. Estudos mostram que esses efeitos ocorrem independentemente da idade, evidenciando um impacto direto da menopausa.

Impacto na Dieta, Sono e Microbioma Intestinal

A transição menopausal também está relacionada a mudanças na alimentação e na qualidade do sono. Mulheres na pós-menopausa tendem a consumir mais açúcar e apresentar pior qualidade do sono, fatores que influenciam negativamente a glicemia e o metabolismo. O microbioma intestinal, cada vez mais reconhecido como regulador do metabolismo, também sofre alterações, aumentando a inflamação e os riscos cardiometabólicos.

Outros sintomas da menopausa

a. Sintomas vasomotores e distúrbios do sono (ondas de calor, suores noturnos, insônia)

b. Mudanças no humor e funções cognitivas (ansiedade, depressão, alterações de memória)

c. Sintomas urogenitais e diminuição da libido (ressecamento vaginal, dor durante o sexo, redução do desejo sexual)

d. Alterações metabólicas e cardiovasculares (aumento do colesterol LDL, redução do HDL, mudanças na composição corporal)

e. f. Mudanças musculares e ósseas (perda de massa muscular e óssea, aumento do risco de osteoporose)

g. Envelhecimento da pele e alterações capilares (afinamento da pele, queda de cabelo)

Terapia Hormonal e Alternativas Naturais

A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) pode ter efeitos protetores sobre a composição corporal e os marcadores metabólicos. No entanto, preocupações sobre seus riscos levaram ao aumento do uso de alternativas naturais, como suplementos à base de plantas (soja, cohosh preto, ginseng) e vitaminas. Essas alternativas podem ajudar a aliviar sintomas, mas sua eficácia varia e deve ser avaliada individualmente. O ideal é sempre consultar um ginecologista e um endocrinologista.

Estratégias para Atenuar os Efeitos da Menopausa

Apesar das mudanças inevitáveis, algumas estratégias podem minimizar os impactos negativos da menopausa na saúde metabólica:

  • Dieta equilibrada: Adoção de um padrão alimentar saudável, como a dieta mediterrânea, rica em fibras, vitaminas e fitoestrógenos.

  • Cuidado com o microbioma intestinal: O consumo de alimentos ricos em fibras e probióticos pode favorecer uma microbiota mais equilibrada. Aprenda a tratar o intestino.

  • Suplementação adequada: varia de acordo com os sintomas apresentados. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição.

  • Atividade física: Exercícios regulares ajudam a manter a massa magra e controlar o peso.

  • Sono de qualidade: Melhorar hábitos de sono reduz o impacto negativo na glicemia e na saúde cardiovascular.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/