Reações Adversas aos Alimentos

Qualquer reação anormal à ingestão de alimentos ou aditivos alimentares são chamadas Reações Adversas aos Alimentos (RAA). Podem ser tóxicas ou não tóxicas. As tóxicas pode acontecer em qualquer pessoa, por exemplo, quando há o consumo de um alimento contaminado com toxina botulínica. As não tóxicas dependem da susceptibilidade individual e são divididas em alergias (imuno-mediadas) e intolerâncias (não imuno-mediadas).

Intolerância alimentar

É um tipo de RAA que não envolve o sistema imune. É o que acontece, por exemplo, com quem produz pouca lactase. Ao consumir leite, a pessoa não consegue digerir a lactose (pela falta da enzima lactase) e acaba apresentando gases, dor abdominal ou diarreia.

Muitas pessoas possuem intolerância à glúten, à aditivos químicos e casomorfinas do leite. Além dos sintomas gastrointestinais, podem surgir sintomas em outras partes do corpo, inclusive no sistema nervoso central, como dores de cabeça, enxaqueca, mudanças de humor, alterações no padrão do sono.

Alergia alimentar

As RAA que envolvem mecanismos imunológicos após o contato com alimentos, envolvem uma grande variedade de manifestações clínicas. Quando proteínas mal digeridas (seja do glúten, do leite, da clara do ovo, do amendoim, do camarão, do milho) são absorvidas, o sistema imune reage produzindo anticorpos IgE e liberando histaminas. As reações aparecem dentro de segundos até 1 hora.

Sintomas comuns das RAA mediadas por IgE são náusea, dor abdominal, cólicas, vômito, diarreia aquosa ou mucosa, bronquite asmática ou culminando com anafilaxia, uma reação alérgica séria e que ameaça a vida. A anafilaxia pode ser acompanhada de reações cutâneas, respiratórias e cardiovasculares (tontura, fraqueza, taquicardia, hipotensção, síncope, edema de glote).

Outra reação imunológica é a liberação de anticorpos do tipo IgM e IgG, com formação de imunocomplexos (antígeno-anticorpo) e ativação do sistema do complemento. As reações subsequentes envolvem inflamação mais intensa, porém mais demorada. Por isso, são mais difíceis de serem identificadas. Até porque o alimento precisa ser consumido de forma mais frequente para desencadear sintomas. Além disso, o problema aparece quando há baixa capacidade de defesa ou perda da integridade das barreiras.

RAA mediadas por IgM e IgG incluem doença celíaca, enterocolite, enteropatia, proctocolite. Os sintomas são mais crônicos e podem envolver otite, amigdalite, bronquite, rinite, sinusite, esofagite de refluxo, gastrite, colite, cistite, celulite, olheiras, dores musculares e articulares, ansiedade, irritabilidade, alterações de humor, agitação, distúrbios de concentração, problemas de aprendizagem, depressão, resistência à insulina etc.

Tolerância aos alimentos depende da genética, da nutrição e da microbiota saudável

Fatores genéticos individuais podem aumentar a propensão de uma pessoa às alergias. Além disso, carências nutricionais, uso de medicamentos, estresse e uma microbiota pouco saudável também contribuem para o desenvolvimento de RAA.

A composição e a diversidade das comunidades microbianas que revestem todas as superfícies do corpo, coletivamente referidas como microbiota, representam uma variável importante e crítica na regulação da competência de barreira e nas respostas adaptativas e inatas.

A microbiota intestinal é semeada com sucesso no início da vida, pela colonização das comunidades maternas vaginais e mamárias no nascimento e durante a lactação. Posteriormente, ao longo da vida adulta, a microbiota é significativamente influenciada pelos hábitos alimentares.

Após o processamento de fibras alimentares, bactérias produzem metabólitos, como ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). O ácido retinóico (vitamina A), junto com os AGCC direcionam o desenvolvimento e a função das células Treg FoxP3+ por meio da interação com células epiteliais intestinais e células dendríticas tolerogênicas (DCs) com células T CD4+.

A ativação e expansão das células Treg (T reguladoras) promovem a produção da citocina reguladora imunológica, IL-10, que permite a troca de células B classe IgG1 por IgG4. As células B IgG4 específicas para alérgenos produzem anticorpos de alta afinidade para alérgenos alimentares, evitando interações do alérgeno com a IgE ligada aos mastócitos.

Fatores fornecidos pela microbiota, como catabólitos de triptofano-indol, podem ativar diretamente células linfóides inatas tipo 3 ROR-γt+ (ILC3), através do receptor de aril-hidrocarboneto (AhR), e induzir a produção de IL-22, uma citocina que promove regeneração epitelial intestinal e integridade da barreira.

Por outro lado, após exposição a patobiontes, as células dendríticas e as células epiteliais recebem sinais de perigo e liberam citocinas, como IL-25, IL-33 e linfopoietina estromal tímica (TSLP). Estas substâncias promovem a ativação e expansão de ILC2s, que expressam citocinas Th2, como IL4, IL-5 e IL13.

Enquanto a IL-5 promove a ativação e diferenciação de eosinófilos e a produção de fatores pró-fibróticos, como o fator de crescimento transformador (TGF) -β1 e o fator de crescimento de fibroblastos (FGF) -9, a IL-13 é produzida por células Th2 e T auxiliar folicular (Tfh) 13, sendo crítica para a expressão de IgE específica para antígeno de alta afinidade. Os anticorpos IgE interagem com mastócitos que liberam histamina, provocando as reações alérgicas e inflamatórias.

Intolerância à histamina

Anti-histamínicos como BenadrylⓇ ou ClaritinⓇ dão alívio aos sintomas. São usados para tratar urticária, conjuntivite, reduzindo sintomas como coceira, inflamação, vermelhidão, corrimentos nasais. Mas não dá para viver tomando remédio, já que estes possuem efeitos colaterais como sonolência, cansaço, agravamento dos roncos, dificuldade de concentração, aumento do apetite, secura na boca, problemas gastrointestinais. Além disso, pessoas com glaucoma, problemas nos rins e fígado, hipertrofia da próstata não podem abusar desses medicamentos, que podem piorar o quadro. Assim, a questão é afastar-se do que causa alergia.

O problema é que algumas pessoas são alérgicas a muitas coisas ou possuem intolerância à histamina. A histamina é um neurotransmissor que o organismo liberta para se proteger das substâncias que fazem mal ao organismo. Vai gerar uma condição ideal para o reparo dos tecidos. Por exemplo, aumenta a permeabilidade dos capilares para que as células de defesa do corpo possam chegar e combater invasores.

O metabolismo da histamina ocorre por duas principais vias enzimáticas, dependendo da localização celular:

1. Metilação pela Histamina N-Metiltransferase (HNMT)

  • Ocorre no citoplasma das células.

  • A enzima HNMT converte a histamina em N-metil-histamina utilizando S-adenosilmetionina (SAMe) como doador de metila.

  • A N-metil-histamina é posteriormente degradada pela Monoamina Oxidase B (MAOB), gerando aldeído de histamina.

  • O aldeído de histamina é convertido por enzimas da família Aldeído Desidrogenase (ALDH2 e ALDH1B1) em N-metil-imidazol acético, que pode ser excretado.

2. Oxidação pela Diamina Oxidase (DAO/AOC1)

  • Ocorre principalmente na circulação extracelular e nos tecidos intestinais, rins e placenta.

  • A enzima Diamina Oxidase (DAO/AOC1) converte a histamina em imidazol-acetaldeído.

  • O imidazol-acetaldeído é então metabolizado pela Aldeído Desidrogenase (ALDH2) para gerar ácido imidazol acético, que pode ser excretado.

Outras Vias

  • Acetilação pela N-Acetiltransferase (NAT1/NAT2) → Forma N-acetil-histamina, que pode sofrer conjugação com glutationa.

  • Degradação em mastócitos e basófilos → A histamina pode ser armazenada em vesículas e liberada em resposta a estímulos imunológicos (IgE e complemento).

  • Inibição do metabolismo → Inibidores de MAO podem reduzir a degradação da histamina, potencializando seus efeitos.

O metabolismo da histamina é crucial para evitar seu acúmulo excessivo, prevenindo sintomas como alergias, inflamação e disfunções neurológicas.O excesso de histamina gera sintomas chatos. Alguns alimentos contém quantidades elevadas de histamina. Outros, geram liberação de histamina pelo corpo. E existem as pessoas que não conseguem destruir a histamina por deficiência da enzima DAO. Instala-se então uma sensibilidade ou intolerância às histaminas, com edema, queda da pressão arterial, coceira (comichões) dentre outros sintomas que destaco no vídeo abaixo.

Quando há alterações genéticas nas enzimas envolvidas no metabolismo da histamina, o organismo pode ter dificuldades para degradar a histamina de forma eficiente. Isso pode resultar em intolerância à histamina, inflamações, reações alérgicas exacerbadas e outros sintomas.

O que fazer em casos de alterações genéticas nas enzimas do metabolismo da histamina?

1. Ajustes na dieta

  • Evitar alimentos ricos em histamina, como:

    • Fermentados (queijos curados, iogurtes, vinhos, cerveja, kombucha).

    • Embutidos (salame, presunto, bacon, salsicha).

    • Peixes e frutos do mar (especialmente mal conservados).

    • Vegetais como tomate, espinafre e berinjela.

    • Bebidas alcoólicas (o álcool inibe a DAO).

  • Reduzir o consumo de alimentos que bloqueiam a DAO, como chá preto, café e chocolate.

  • Aumentar a ingestão de alimentos que ajudam na degradação da histamina, como alimentos ricos em vitamina B6, magnésio, cobre e vitamina C.

2. Suplementação e apoio enzimático

  • Suplementação de DAO (Diamina Oxidase) → Pode ajudar a degradar histamina antes da absorção intestinal.

  • Vitamina B6 → Cofator essencial para a atividade da DAO.

  • Vitamina C → Ajuda na degradação da histamina e pode reduzir os sintomas.

  • Magnésio e Zinco → Importantes para o metabolismo enzimático e a função imunológica.

  • SAMe (S-adenosilmetionina) → Auxilia a via da HNMT para a metilação da histamina.

3. Melhoria na função das barreiras

Para reduzir as reações, as barreiras precisam estar saudáveis. Em condições normais, apenas quantidades mínimas de antígenos (Ag) atravessam as barreiras mucosas através da via paracelular, um processo tipicamente associado ao desenvolvimento de tolerância imunológica. Agora, a exposição à Ag por muito tempo e em alta quantidade pode levar a doenças imunomediadas em indivíduos geneticamente suscetíveis.

Dermatophagoides pteronyssinus 1 do ácaro da poeira doméstica (HDM), um dos aeroalérgenos internos mais comuns. É capaz de romper as junções estreitas intercelulares (Tight Junctions: TJ) e aumentar o tráfego de Ag através das monocamadas epiteliais brônquicas. Esta propriedade e, em geral, a capacidade de induzir funções efetoras epiteliais, é compartilhada com outros alérgenos – incluindo certos alérgenos alimentares – e gatilhos menos específicos, como detergentes e microplásticos. A sensibilização alérgica é facilitada na presença de defeitos intrínsecos da barreira. Trigo e álcool costumam piorar a função de barreira e, por isso, desaconselha-se aos muito alérgicos. Alguns suplementos ajudam a reduzir histaminas e podem ajudar, como é o caso da quercetina.

Fontes da informação:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Genômica da homocisteína

A homocisteína é um aminoácido não proteinogênico. É um homólogo do aminoácido cisteína, diferindo por uma ponte de metileno adicional (-CH2-). É biossintetizada a partir de metionina pela remoção do seu grupo metil Cÿ terminal. A homocisteína pode ser reciclada em metionina ou convertido em cisteína com a ajuda de certas vitaminas B.

Um alto nível de homocisteína no sangue (hiper-homocisteinemia) torna a pessoa mais propensa a lesão das células endoteliais, o que leva à inflamação dos vasos sanguíneos, o que por sua vez pode levar à aterogênese, que pode resultar em lesão isquêmica. A hiperhomocisteinemia é portanto, um possível fator de risco para doença arterial coronária. A doença arterial coronária ocorre quando uma placa aterosclerótica bloqueia o fluxo sanguíneo para as artérias coronárias, que fornecem o coração com sangue oxigenado.

A homocisteína não é obtida da dieta. Em vez disso, é biossintetizada a partir da metionina por meio de um processo de várias etapas. Primeiro, a metionina recebe uma grupo adenosina do ATP, uma reação catalisada pela S-adenosil-metionina sintetase, para dar S-adenosil metionina (SAM). SAM então transfere o grupo metil para um aceitador molécula, (por exemplo, norepinefrina como um aceitador durante a síntese de epinefrina, DNA metiltransferase como um aceptor intermediário no processo de metilação do DNA).

A adenosina é então hidrolisada para produzir L-homocisteína. A L-homocisteína tem duas destinos: conversão via tetrahidrofolato (THF) de volta em L-metionina ou conversão em L-cisteína. A hiper-homocisteinemia foi correlacionada com a ocorrência de coágulos sanguíneos, ataques cardíacos e derrames, embora não esteja claro se a hiper-homocisteinemia é uma fator de risco independente para essas condições. A hiperhomosciteinemia também foi associada à perda precoce da gravidez e a defeitos do tubo neural.

Gene cistationase /cistationina gama liase (CTH)

O gene CTH fornece instruções para produzir uma enzima que converte um aminoácido em outro: cistationina (que vem do aminoácido metionina) é convertido em cisteína pela cistationina gama-liase. A glutationa é um antioxidante que previne danos dos radicais livres, e o fígado precisa de cisteína para produzir glutationa. Mutações no gene CTH podem fazer com que a cistationina seja encontrada em urina (cistationinúria), níveis elevados da proteína inflamatória homocisteína e níveis baixos de glutationa.

Polimorfismo rs28941786 CC associa-se a cistationinúria e polimorfismo rs1021737 TT associa-se a fissura palatal, altos níveis de homocisteína e aceleração do envelhecimento.

Gene MTHFR

Talvez o polimorfirmso mais estudado de todos, a metileno tetrahidrofolato redutase (MTHFR) permite a conversão de 5,10- metilenotetra-hidrofolato em 5-metiltetra-hidrofolato, necessário para a conversão da homocisteína (HCy) no aminoácido construtor de proteínas metionina via metilação. MTHFR é um gene altamente polimórfico e a variação genética influencia a suscetibilidade à doença vascular oclusiva, defeitos do tubo neural, câncer de cólon e leucemia aguda.

Mutações neste gene estão associados à deficiência da metilenotetrahidrofolato redutase. A menor atividade da enzima MTHFR resulta em níveis mais baixos de folato metilado, levando à homocisteína elevada (HCy). A variação natural neste gene é comum em pessoas saudáveis. Dois dos polimorfismos mais investigados são o C677T (rs1801133) e A1298C (rs1801131).

Indivíduos com duas cópias de 677C (677CC) têm o genótipo mais comum. Indivíduos 677TT (homozigotos) têm menor atividade MTHFR do que indivíduos CC ou CT (heterozigotos).

1298AA é o homozigoto "normal", 1298AC o heterozigoto e 1298CC o homozigoto para a "variante". O alelo C não parece afetar a proteína MTHFR. Não resulta em MTHFR termolábil e não parece afetar níveis de homocisteína. No entanto, afeta a conversão de MTHF em BH4 (tetraidrobiopterina), um cofator importante na a produção de neurotransmissores, produção de óxido nítrico e desintoxicação de amônia.

Gene BHMT

O gene BHMT (não BHMT2) fornece instruções para a produção de uma proteína que converte betaína (trimetilglicina) e homocisteína para dimetilglicina e metionina, respectivamente. BHMT2 converte homocisteína em metionina, e o cofator para essa conversão é o zinco. O BHMT2 é inibido por altos níveis de metionina. Defeitos no gene BHMT podem levar a níveis elevados de homocisteína no sangue.

O produto deste gene é central para o 'atalho' através do ciclo de metilação, ajudando a converter homocisteína em metionina. BHMT pode, portanto, desempenhar um papel crítico na homeostase da homocisteína, ou equilíbrio, quando a produção de metionina, um hormônio dependente de folato, é comprometido por influências alimentares ou genéticas.

A atividade do produto do gene BHMT pode ser afetada pelo estresse, pelos níveis de cortisol e pode desempenhar um papel no DDA/TDAH por meio de seu efeito nos níveis de norepinefrina (adrenalina). Fosfatidilcolina pode ser indicada. Os principais polimorfismos estudados são rs6875201 GG compromete metilação, rs567754 TT aumenta homocisteína e rs3733890 GG, associado a defeitos do tubo neural, fenda palatina, telômeros mais curtos.

Gene MTRR

A metionina sintase redutase (MTRR) é uma enzima que é codificada pelo gene MTRR. A metionina é um aminoácido essencial necessário para síntese de proteínas e metabolismo de um carbono (metilação do folato da vitamina B), convertendo homocisteína em metionina.

Se a função de MTRR é comprometida devido à variação genética, os níveis tóxicos de homocisteína podem aumentar porque a homocisteína não está sendo convertido em metionina. Ter a variante MTRR 66G pode ser parte desse efeito. A função da metionina sintase redutase é também inibida pela toxicidade de chumbo, arsênio, mercúrio e alumínio.

Medicamentos que esgotam a vitamina B12 podem afetar a função MTRR. Estes incluem: antiácidos e bloqueadores de ácido, corticoides, metformina, anticoncepcionais orais, medicamentos para gota e alguns medicamentos para baixar o colesterol.

Gene CBS

Cistationina beta-sintase, ou a enzima CBS que inicia a via de transulfuração para fornecer grupos de enxofre necessários para a desintoxicação, neuroproteção pela produção de glutationa e sulfeto de hidrogênio, bem como para modificação de neurotransmissores e hormônios. A sulfatação pode ser bloqueada por anti-inflamatórios não esteroides (por exemplo, aspirina), tartrazina (corante alimentar amarelo) e deficiência de molibdênio.

A ativação da enzima CBS necessita de piridoxal-5' fosfato, a forma ativa da vitamina B6. A S-adenosil metionina regula a atividade enzimática. A via a jusante do CBS é a enzima sulfito oxidase, produzida pelo gene SUOX, que requer molibdênio e produz sulfatos de sulfitos tóxicos. SUOX pode ser inativado pela toxicidade do tungstênio.

O CBS pode ser regulado positivamente para produzir sulfeto de hidrogênio se persistir, pode neutralizar os efeitos neuroprotetores do sulfeto de hidrogênio e esgotar cofatores necessários para produzir glutationa. Homocisteína ou cisteína elevadas podem contribuir para a névoa cerebral. Alguns SNPs do CBS estão associados com defeitos na linha média.

Problemas no ciclo da metionina e do folato podem contribuir para a depleção da produção de enxofre na via de transsulfatação. Outras subunidades de a transsulfatação e as vias de sulfatação podem estar envolvidas na neurotoxicidade ou desregulação dos neurotransmissores.

Polimorfismos de interesse para CBS:

  • rs234715 GG: maior risco de autismo na hipometilação

  • rs121964962 CC: homocistinúria resistente à piridoxina

  • rs121964970 CC: homocistinúria responsiva à piridoxina

  • rs2298758 GG: associada a autismo

Gene SUOX

A jusante da enzima beta sintase da cistationina (CBS) está a enzima sulfito oxidase, produzida pelo gene SUOX. Isso requer molibdênio para produzir sulfatos a partir de sulfitos tóxicos. O SUOX pode ser inativado pela toxicidade do tungstênio. Sensibilidade aos sulfitos de frutas secas e vinhos podem ser causados por mutações SUOX ou pelo efeito gargalo da transsulfatação regulada positivamente (via CBS) devido à hiperglicemia (alto nível de açúcar no sangue), infecção e outras condições de estresse oxidativo.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

VDR e densidade óssea

Acredita-se que existam fortes determinantes genéticos associados ao pico de massa óssea, renovação óssea e perda óssea. É bem reconhecido que a ação do estrogênio está favoravelmente associada à manutenção da densidade mineral óssea (DMO) após a menopausa e na prevenção subsequente de fraturas. Os genótipos do receptor de andrógeno foram fortemente associados aos quintis da DMO. Os receptores de andrógeno estão presentes em baixa densidade nos osteoblastos, embora uma influência direta nos osteoclastos não tenha sido demonstrada.

A osteocalcina é o componente proteico não-colágeno mais abundante do osso. Acredita-se que a osteocalcina regule a atividade da 1,25-di-hidroxivitamina D. LRP5, proteína 5 relacionada ao receptor de lipoproteína de baixa densidade, é um determinante para a densidade mineral óssea, mostrou uma associação significativa com a DMO.

Polimorfismos do receptor de vitamina D (VDR) foram fortemente associados à densidade mineral óssea (DMO) em alguns estudos, mas não em outros. A proteína morfogenética óssea 2 (BMP-2) desempenha um papel na diferenciação dos osteoblastos. A variação do gene BMP-2 foi previamente associada à osteoporose em várias populações pequenas, mas não foi confirmada de forma confiável em estudos maiores. Portanto, é importante visualizar os fatores de risco genéticos para problemas de densidade mineral óssea como parte de um quadro geral que inclui estilo de vida e dieta.

Quando ativo, o receptor nuclear de vitamina D (VDR) afeta a transcrição de pelo menos 913 genes e impacta processos que vão desde o metabolismo do cálcio à expressão de peptídios antimicrobianos. O VDR é uma espécie de sistema de controle. Pacientes com doenças inflamatórias crônicas e autoimunes costumam ter deficiência de vitamina D. A reposição ativa genes que aliviam os sintomas destas doenças.

Gene VDR

O gene VDR fornece instruções para a produção de uma proteína chamada receptor de vitamina D (VDR), que permite que o corpo responda adequadamente à vitamina D.

Essa vitamina pode ser adquirida de alimentos na dieta ou produzida no corpo com a ajuda da luz solar. A vitamina D está envolvida na manutenção do equilíbrio adequado de vários minerais no corpo, incluindo cálcio e fosfato, que são essenciais para a formação normal de ossos e dentes. Um dos principais papéis da vitamina D é controlar a absorção de cálcio e fosfato dos intestinos para a corrente sanguínea. A vitamina D também está envolvida em vários processos não relacionados à formação óssea.

O VDR se liga (se liga) à forma ativa da vitamina D, conhecida como calcitriol. Essa interação permite que o VDR faça parceria com outra proteína chamada receptor de retinoide X (RXR). O complexo resultante de proteínas então se liga a regiões específicas do DNA, conhecidas como elementos de resposta à vitamina D, e regula a atividade dos genes responsivos à vitamina D. Ao ligar ou desligar esses genes, o VDR ajuda a controlar a absorção de cálcio e fosfato e outros processos.

Uma variante VDR FokI está envolvida com a regulação do açúcar no sangue. Certas mutações VDR se opõem às mutações COMT na regulação dos níveis de dopamina.

Uma mutação VDR TaqI++ significa que uma pessoa é menos sensível a mudanças de humor ao tomar níveis de suplemento do grupo metil. Uma mutação VDR Taq1 pode resultar em comportamentos opostos a certas mutações COMT.

O receptor de vitamina D desempenha um papel importante na regulação do ciclo capilar. A perda de VDR está associada à perda de cabelo em animais experimentais. Os glicocorticoides são conhecidos por diminuir a expressão de VDR, que é expressa na maioria dos tecidos do corpo e regula o transporte intestinal de cálcio, ferro e outros minerais. A variante VDR BsmI tem sido associada à baixa densidade mineral óssea e à osteoporose.

Mutações no gene VDR causam raquitismo dependente de vitamina D tipo 2 (VDDR2), também conhecido como raquitismo hereditário resistente à vitamina D. Esse distúrbio do desenvolvimento ósseo é caracterizado por baixos níveis de cálcio (hipocalcemia) e fosfato (hipofosfatemia) no sangue, o que leva a ossos moles e fracos (raquitismo) que são propensos a fraturas. Uma característica comum dessa condição são pernas arqueadas.

As mutações do gene VDR que causam essa condição impedem que a proteína VDR funcione corretamente. Algumas alterações no gene VDR levam a uma versão anormalmente curta da proteína VDR; outras resultam na produção de um receptor anormal que não pode se ligar ao calcitriol, ao RXR ou ao DNA. Apesar de muito calcitriol no corpo, o VDR alterado não pode estimular a atividade genética importante para a absorção de minerais. A falta de absorção de cálcio e fosfato nos intestinos retarda a deposição desses minerais no osso em desenvolvimento (mineralização óssea), o que leva a ossos moles e fracos e outras características do VDDR2.

A hipocalcemia também causa fraqueza muscular e convulsões em alguns indivíduos afetados. A maioria das mutações do gene VDR prejudica o crescimento do cabelo, levando à alopecia; no entanto, mutações que bloqueiam a capacidade do VDR de interagir com o calcitriol não causam alopecia, indicando que o calcitriol não é necessário para o papel do receptor no desenvolvimento do cabelo.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/