Chumbo piora os sintomas de lúpus

A exposição ao chumbo foi estudada em relação a várias condições de saúde, incluindo lúpus eritematoso sistêmico (LES). As descobertas dos principais resultados fornecem insights sobre como a exposição ao chumbo pode influenciar o risco e a gravidade do lúpus.

Um estudo de caso-controle envolvendo 225 participantes (105 pacientes com LES e 120 controles saudáveis) descobriu que os níveis séricos de chumbo (Pb) eram significativamente menores em pacientes com LES em comparação com controles saudáveis ​​(p < 0,001) [1]. No entanto, os níveis de chumbo não foram associados à atividade da doença ou à resistência à insulina em pacientes com LES.

Outro estudo de caso-controle com 29 pacientes do sexo feminino com LES e 27 controles saudáveis ​​identificou que níveis de chumbo no sangue ≥ 0,075 mg/L estavam significativamente associados a um risco aumentado de LES (razão de chances [OR] 18,981, intervalo de confiança [IC] de 95% 1,228-293,364) [2]. Isso sugere que uma maior exposição ao chumbo pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de LES.

Uma revisão sistemática de estudos observacionais concluiu que há evidências suficientes para inferir uma relação causal entre a exposição ao chumbo e a hipertensão, que é uma comorbidade comum em pacientes com LES. No entanto, as evidências que ligam a exposição ao chumbo diretamente aos resultados cardiovasculares clínicos permanecem sugestivas, mas não conclusivas [3].

Um estudo piloto que explorou exposições ocupacionais encontrou associações significativas entre certos riscos ocupacionais e surtos de lúpus. Embora o chumbo não tenha sido especificamente destacado, o estudo ressalta a importância de fatores ambientais e ocupacionais nas exacerbações do LES [4].

Os pacientes devem tomar cuidado com suplementos de ervas. Alguns podem conter altos níveis de chumbo. A Erva de São João foi associada a um aumento de 23% nos níveis de chumbo no sangue entre mulheres. Outras ervas (incluindo kava, valeriana, black cohosh, pólen de abelha e urtiga) foram associadas a um aumento de 21% nos níveis de chumbo no sangue entre mulheres [5].

Ervas e suplementos recomendados

- Vitamina D: A suplementação de vitamina D e cálcio melhorou significativamente a densidade mineral óssea em pacientes com deficiência de vitamina D com lúpus eritematoso sistêmico (LES), mas não atenuou significativamente os marcadores imunológicos ou a atividade da doença [6].

- Deficiência e atividade da doença: Um estudo mostrou que a maioria dos pacientes com LES recém-diagnosticados tinha deficiência de vitamina D, que foi associada a maior atividade da doença. A triagem de rotina e o tratamento imediato da deficiência de vitamina D são recomendados [7].

- Coccinia Indica e Ginseng americano: Essas ervas mostraram a melhor evidência de eficácia de ensaios clínicos randomizados (RCTs) adequadamente projetados para controle glicêmico em diabetes, o que pode ser relevante para pacientes com LES com diabetes comórbido [8].

O artigo "Significance and impact of dietary factors on systemic lupus erythematosus pathogenesis" destaca várias estratégias dietéticas importantes para pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES):

  • Consumo adequado de fibras dietéticas: A ingestão adequada de fibras é recomendada devido aos efeitos benéficos na redução do risco cardiovascular, promoção da motilidade intestinal e redução dos níveis séricos de marcadores inflamatórios, como a proteína C reativa, citocinas e homocisteína.

  • Dieta de baixo índice glicêmico: Uma dieta com baixo índice glicêmico demonstrou evidências de redução de peso e melhora da fadiga em pacientes com LES.

  • Dieta baseada em vegetais: Pacientes que alteraram seus hábitos alimentares para incorporar mais alimentos de origem vegetal, limitando alimentos processados e produtos de origem animal, relataram melhorias nos sintomas do LES .

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Referências:

1) EM Pedro et al. Trace Elements Associated with Systemic Lupus Erythematosus and Insulin Resistance. Biological trace element research (2019). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30600500/

2) RH Refai et al. Environmental risk factors of systemic lupus erythematosus: a case-control study. Scientific reports (2023). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37353514/

3) A Navas-Acien et al. Lead exposure and cardiovascular disease--a systematic review. Environmental health perspectives (2007). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17431501/

4) ML Squance et al. Exploring lifetime occupational exposure and SLE flare: a patient-focussed pilot study. Lupus science & medicine (2014). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25379190/

5) C Buettner et al. Herbal supplement use and blood lead levels of United States adults. Journal of general internal medicine (2009). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19575271/

6) AG Al-Kushi et al. Effect of Vitamin D and Calcium Supplementation in Patients with Systemic Lupus Erythematosus. Saudi journal of medicine & medical sciences (2019). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30787840/

7) ZS Bonakdar et al. Vitamin D deficiency and its association with disease activity in new cases of systemic lupus erythematosus. Lupus (2011). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21680639/

8) GY Yeh et al. Systematic review of herbs and dietary supplements for glycemic control in diabetes. Diabetes care (2003). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12663610/

9) NM Constantin et al. Significance and impact of dietary factors on systemic lupus erythematosus pathogenesis. Exp Ther Med. 2019 Feb;17(2):1085-1090. doi: 10.3892/etm.2018.6986.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

ERVAS QUE PODEM PIORAR SINTOMAS DE DOENÇAS AUTOIMUNES

A autoimunidade pode criar uma diversidade de respostas imunes. É importante levar isso em consideração caso você opte por tomar ervas, cogumelos medicinais ou qualquer outro botânico que influencia o sistema imune. Cada paciente é único.

A dominância TH1 ou TH2 se refere ao desequilíbrio na resposta imunológica de um paciente com doença autoimune. O sistema imunológico humano possui dois tipos principais de linfócitos T helper (TH), que coordenam diferentes respostas imunes:

  • TH1 → Responsável pela resposta imune celular, atacando vírus, bactérias intracelulares e células infectadas. Atua ativando macrófagos e aumentando a inflamação.

  • TH2 → Responsável pela resposta imune humoral, ligada à resposta tardia, com produção de anticorpos e ao combate a parasitas e alergias.

Em condições normais, esses dois sistemas estão equilibrados. Mas em doenças autoimunes, um dos dois pode estar hiperativo, levando ao agravamento dos sintomas.

Como saber se o paciente é TH1 ou TH2 dominante?

Algumas doenças autoimunes tendem a ser mais associadas a um perfil TH1 ou TH2:

Não existe um exame padrão para detectar essa dominância diretamente, mas alguns testes podem indiretamente indicar essa tendência, como:

  • Testes de citocinas (medindo IL-2, IFN-γ para TH1 e IL-4, IL-10 para TH2)

  • Testes genéticos que avaliam a predisposição para respostas TH1 ou TH2

  • Resposta a suplementos e ervas

O método mais prático é a auto-observação:

  1. Se o paciente piora com estimulantes de TH1 → Provavelmente já tem dominância TH1. Estes pacientes tendem a piorar com:

    🌿 Astragalus
    🌿 Equinácea
    🌿 Beta-glucanos (presentes em cogumelos medicinais)
    🌿 Alcaçuz (Licorice)
    🌿 Melissa officinalis (erva-cidreira)

  2. Se o paciente piora com estimulantes de TH2 → Provavelmente já tem dominância TH2. Estes pacientes tendem a piorar com:
    🍃 Extrato de chá verde
    🍃 Cafeína
    🍃 Extrato de semente de uva
    🍃 Resveratrol
    🍃 Picnogenol (extrato da casca do pinheiro marítimo)
    🍃 Casca de Salgueiro branco (white willow bark)

E se a pessoa não for claramente TH1 ou TH2?

Muitos pacientes têm um perfil misto, onde tanto TH1 quanto TH2 podem estar desregulados. Nesses casos:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Óleo de peixe x Óleo de Krill

O óleo de peixe e o óleo de krill são ambos fontes ricas em ácidos graxos ômega-3, mas têm algumas diferenças notáveis, tanto em termos de composição quanto de benefícios para a saúde. O óleo de peixe é comumente extraído de arenque, salmão, cavala, sardinha, peixes de água fria e profunda. O óleo de krill vem destes pequenos crustáceos, encontrados em águas frias do Oceano Antártico.

O óleo de krill contém ácidos graxos ômega-3 ligados principalmente a fosfolipídios. Parece ter maior biodisponibilidade em comparação ao óleo de peixe, que contém ômega-3 na forma de triglicerídeos ou ésteres etílicos. Estudos indicam que o óleo de krill pode levar a uma incorporação mais eficiente de EPA e DHA no plasma e nos glóbulos vermelhos (RBCs) [1] [2] [3].

Um estudo comparando a absorção de EPA e DHA do óleo de krill e óleo de peixe descobriu que o óleo de krill levou a uma maior incorporação desses ácidos graxos nos fosfolipídios plasmáticos, sugerindo melhor absorção [2]. Outro estudo mostrou que o óleo de krill resultou em um índice ômega-3 mais alto em comparação ao óleo de peixe [1].

Tanto o óleo de krill quanto o óleo de peixe demonstraram reduzir os níveis de triglicerídeos, mas a extensão da redução pode variar. Uma meta-análise de rede não encontrou nenhuma diferença significativa nos efeitos de modificação de lipídios entre óleo de krill e óleo de peixe, com ambos reduzindo triglicerídeos dependendo da dose de ácidos graxos n-3 consumidos [4].

Tanto o óleo de krill, quanto o óleo de peixe são eficazes em aumentar as concentrações plasmáticas e de hemácias de EPA e DHA, que são benéficas para a saúde cardiovascular. No entanto, o óleo de krill pode ser mais eficaz em melhorar o índice ômega-3 devido à sua maior biodisponibilidade [1] [2].

Nenhuma diferença significativa foi observada nas alterações em lipídios séricos ou marcadores de estresse oxidativo e inflamação entre grupos de óleo de krill e óleo de peixe em um estudo envolvendo voluntários saudáveis ​​[5].

Dosagem e eficácia

O óleo de krill pode atingir resultados de saúde semelhantes ou melhores em doses mais baixas de EPA e DHA em comparação com o óleo de peixe. Por exemplo, um estudo descobriu que o óleo de krill proporcionou aumentos comparáveis ​​nos níveis plasmáticos de EPA e DHA, apesar de uma dose menor desses ácidos graxos em comparação com o óleo de peixe [5].

A suplementação com óleo de krill resultou em um aumento maior no índice de ômega-3 em comparação com o óleo de peixe, indicando uma eficácia potencialmente maior no aumento dos níveis de PUFA n-3 no corpo [1].

Resumo

O óleo de krill geralmente tem maior biodisponibilidade do que o óleo de peixe, levando a uma absorção e incorporação mais eficientes de EPA e DHA no plasma e hemácias. Tanto o óleo de krill quanto o óleo de peixe melhoram a saúde cardiovascular aumentando os níveis de ácidos graxos ômega-3, mas o óleo de krill pode ser mais eficaz em doses mais baixas.

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References:

1) VR Ramprasath et al. Enhanced increase of omega-3 index in healthy individuals with response to 4-week n-3 fatty acid supplementation from krill oil versus fish oil. Lipids in health and disease (2013). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24304605/

2) JP Schuchardt et al. Incorporation of EPA and DHA into plasma phospholipids in response to different omega-3 fatty acid formulations--a comparative bioavailability study of fish oil vs. krill oil. Lipids in health and disease (2011). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21854650/

3) HH Sung et al. Enrichment of n-3 containing ether phospholipids in plasma after 30 days of krill oil compared with fish oil supplementation. Lipids (2022). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34981516/

4) MG Kim et al. Lipid-modifying effects of krill oil vs fish oil: a network meta-analysis. Nutrition reviews (2020). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32073633/

5) SM Ulven et al. Metabolic effects of krill oil are essentially similar to those of fish oil but at lower dose of EPA and DHA, in healthy volunteers. Lipids (2010). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21042875/

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/