Metabolômica no metabolismo da fenilalanina

A análise metabolômica do metabolismo da fenilalanina avalia a conversão da fenilalanina em seus metabólitos, incluindo tirosina e derivados da via da catecolamina. Essa análise é crucial para detectar deficiências enzimáticas, problemas no metabolismo de neurotransmissores e possíveis desbalanços metabólicos.

Interpretação de exame metabolômico

O exame metabolômico que avalia a fenilalanina é geralmente realizado para investigar distúrbios metabólicos, especialmente a fenilcetonúria (PKU) e outras doenças relacionadas ao metabolismo dos aminoácidos. Esse exame pode medir os níveis de fenilalanina no sangue, urina ou plasma, permitindo o diagnóstico precoce e o monitoramento de doenças metabólicas. No exame abaixo foi feita a análise urinária do metabolismo da fenilalanina.

Interpretação dos Resultados

  1. Fenilalanina (Baixa - 11.1 L)

    A fenilalanina está abaixo do intervalo de referência (11.7 - 73.7 nmol/mg creatinina), sugerindo uma possível deficiência na ingestão de proteínas, absorção intestinal ou metabolismo acelerado. Outra hipótese é um aumento da conversão para tirosina, embora o resultado de tirosina (<DL) indique o contrário.

  2. Fenilacético Ácido (Normal - 4.5)

    Produto da degradação da fenilalanina pela via alternativa (aldéhyde desidrogenase). Dentro da faixa, sugerindo que essa via não está hiperativada.

  3. Tirosina (Abaixo do Limite de Detecção - <DL)

    A ausência detectável de tirosina pode indicar um problema na conversão da fenilalanina em tirosina, possivelmente devido a uma deficiência na fenilalanina hidroxilase (PAH) ou cofatores como BH4.

  4. Ácido Homovanílico (Abaixo do Limite de Detecção - <DL)

    Produto do metabolismo da dopamina, dependente de magnésio, B2 e monoamina oxidase. Uma baixa quantidade pode indicar uma deficiência de cofatores ou uma baixa síntese de dopamina.

  5. Ácido Vanilmandélico (Elevado - 26.2 H)

    Metabólito final da noradrenalina e adrenalina, geralmente elevado em estados de hiperatividade adrenérgica ou estresse metabólico. Pode estar relacionado a disfunções na regulação da dopamina-noradrenalina.

  6. Ácido 4-Hidroxifenilpirúvico (Normal - 141.5)

    Intermediário no metabolismo da tirosina, dentro do intervalo de referência.

  7. Ácido Homogentísico (Normal - 104.3)

    Metabólito da tirosina, dentro do intervalo de referência.

Importância Clínica e Aplicações

  • Diagnóstico de Erros Inatos do Metabolismo: A deficiência da fenilalanina hidroxilase leva à fenilcetonúria (PKU), enquanto problemas na via da tirosina podem estar ligados a tirosinemias.

  • Neurotransmissores e Função Cerebral: Deficiências na conversão para dopamina e serotonina podem estar associadas a depressão, fadiga e transtornos neurológicos.

  • Estresse Metabólico e Adrenal: O aumento do ácido vanilmandélico pode indicar hiperatividade adrenérgica, comum em estresse crônico.

  • Nutrição e Suplementação: Deficiências de cofatores como BH4, magnésio e vitaminas do complexo B podem comprometer essas vias metabólicas.

Os resultados sugerem um possível déficit na conversão da fenilalanina em tirosina e um aumento no metabolismo adrenérgico. Avaliações adicionais, como testes genéticos e de cofatores, podem ser úteis para entender melhor o quadro. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição de precisão.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Por que tantos metabólitos urinários são expressos em relação à quantidade de creatinina?

O exame abaixo mostra metabólitos microbianos excretados pela urina. Na referência observamos que a concentração é expressa em miligramas de creatinina. Por quê?

Muitos metabólitos são avaliados em relação aos miligramas (mg) de creatinina para padronizar a excreção urinária e corrigir variações na diluição da urina. Isso é especialmente útil em exames que utilizam amostras pontuais de urina (em vez de coletas de 24 horas).

Por que metabólitos são frequentente expressos em mg de creatinina?

  1. Correção da Diluição Urinária

    A concentração dos metabólitos na urina pode variar devido à hidratação do indivíduo. Expressar a quantidade do metabólito em relação à creatinina ajuda a minimizar essas variações.

  2. Indicador de Taxa de Filtração Renal

    A creatinina é excretada na urina de forma relativamente constante (dependendo da massa muscular), o que a torna um bom marcador para normalização.

  3. Facilidade na Interpretação Clínica

    Ao ajustar pela creatinina, os valores dos metabólitos refletem melhor sua produção e eliminação real pelo organismo, permitindo comparações mais precisas entre diferentes indivíduos e momentos do dia.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Toxicidade dos Metais Pesados e Seus Impactos na Saúde

Os metais pesados estão presentes no ambiente e podem entrar no organismo humano por meio de exposições ocupacionais, ambientais, dietéticas e medicamentosas. A exposição a metais pesados pode ocorrer através de diversas fontes, incluindo:

  • Ocupacional: indústrias químicas, mineração e manufatura.

  • Ambiental: poluição do ar e da água por resíduos industriais.

  • Dietética: alimentos contaminados, como peixes, vegetais e água potável.

  • Medicamentos: substâncias terapêuticas contendo metais pesados.

A toxicidade desses metais pode desencadear uma série de efeitos prejudiciais à saúde, conforme ilustrado na imagem publicada no artigo Metabolomics: a promising tool for deciphering metabolic impairment in heavy metal toxicities.

Mecanismos de Toxicidade

Os metais pesados afetam múltiplos sistemas do corpo humano, levando a danos celulares e doenças. Os principais mecanismos envolvidos são:

  1. Genotoxicidade: Esses metais causam alterações no DNA, levando a mutações e potencialmente ao desenvolvimento de câncer. Eles promovem quebras de fita do DNA e formação de adutos no material genético.

  2. Neurotoxicidade: O acúmulo de metais pesados no sistema nervoso central pode inibir neurotransmissores e aumentar o estresse oxidativo, resultando em doenças como Parkinson, neuropatias periféricas e comprometimento da memória e do aprendizado.

  3. Estresse Oxidativo: Os metais pesados aumentam a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS), como radicais livres, que danificam lipídios, proteínas e o DNA, levando à morte celular e ao envelhecimento precoce.

  4. Toxicidade Cardiovascular: A presença de metais pesados pode reduzir a disponibilidade de óxido nítrico (NO), aumentando a vasoconstrição e promovendo hipertensão e outras doenças cardiovasculares.

  5. Hepatotoxicidade: O fígado é um dos principais órgãos afetados, pois os metais pesados podem causar danos às membranas celulares e induzir alterações conformacionais em proteínas, resultando em falha hepática.

  6. Nefrotoxicidade: Os rins são altamente suscetíveis à toxicidade dos metais pesados, levando a inflamação renal, insuficiência e comprometimento da função excretora.

  7. Imunotoxicidade e Toxicidade Cutânea: O sistema imunológico pode ser afetado, provocando respostas inflamatórias sistêmicas, hipersensibilidade e problemas dermatológicos.

  8. Toxicidade Reprodutiva e Desenvolvimento: Metais pesados podem afetar a fertilidade masculina, reduzindo a produção de testosterona e espermatozoides, além de comprometer o desenvolvimento embrionário.

A identificação precoce e o controle das exposições são fundamentais para a prevenção de doenças relacionadas. Metais pesados podem ser avaliados no sangue total:

Além das amostras de sangue, podem ser coletadas amostras de urina ou cabelo para avaliação da exposição a metais pesados. As amostras são analisadas utilizando técnicas como cromatografia gasosa ou líquida acoplada à espectrometria de massa (GC-MS ou LC-MS) e ressonância magnética nuclear (RMN). Essas técnicas permitem a identificação e quantificação de metabólitos presentes nas amostras.

Alterações nos perfis metabólicos são comparadas entre indivíduos expostos e não expostos, identificando metabólitos que servem como biomarcadores da toxicidade por metais pesados.

Exemplos de Aplicações:

Estudos mostraram que a exposição ao arsênio altera o metabolismo de aminoácidos e do ciclo do ácido tricarboxílico (TCA), associados ao estresse oxidativo e distúrbios endócrinos.

Pesquisas indicam que a toxicidade do chumbo está relacionada a alterações no metabolismo de lipídios e aminoácidos, levando a disfunções renais e neurológicas.

Diversos metais pesados podem inibir o metabolismo energético, afetando a síntese de ATP e aumentando o estresse oxidativo.

A metabolômica oferece uma abordagem abrangente para compreender os efeitos tóxicos dos metais pesados, auxiliando na identificação precoce de alterações metabólicas e no desenvolvimento de estratégias de intervenção e tratamento. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/