Queda de estradiol na menopausa aumenta a inflamação e risco de Alzheimer

Quando a mulher se aproxima da menopausa há queda de hormônios como estradiol. Este hormônio é importante para o sistema imune. A redução de estrogênio ativa o inflamassoma. Este aumento de citocinas inflamatórias compromete a barreira hematoencefálica e aumenta o risco de isquemia e doença de Alzheimer (McCarthy, & Raval, 2020).

A micróglia começa a desviar triptofano que ao invés de chegar no neurônio para ser transformado em serotonina, acaba sendo transformado em acido quinolínico, que acelera a neurodegeneração.

As citocinas inflamatórias, como TNF-α, IL-1β e IL-6, exercem um impacto significativo no metabolismo da serotonina (5-HT), afetando sua síntese, degradação, recaptação e expressão de seus receptores. Essas ações podem contribuir para distúrbios psiquiátricos, como depressão associada à inflamação.

Efeitos das Citocinas Inflamatórias na Neurotransmissão Serotoninérgica

  1. Redução da Síntese de 5-HT

    • TNF-α, IL-1β e IL-6 ativam as enzimas indoleamina-2,3-dioxigenase (IDO) e triptofano-2,3-dioxigenase (TDO), que desviam o metabolismo do triptofano (Trp) para a via da quinurenina (Kyn).

    • Isso reduz a disponibilidade de Trp para a síntese de serotonina, levando a um déficit desse neurotransmissor.

  2. Aumento da Degradação de 5-HT

    • As citocinas estimulam a monoamina oxidase (MAO), enzima responsável pela degradação da serotonina em ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA), reduzindo ainda mais seus níveis no cérebro.

  3. Agravamento da Recaptação de 5-HT

    • A inflamação aumenta a expressão do transportador de serotonina (5-HTT, SERT) na membrana pré-sináptica.

    • Isso intensifica a recaptação de 5-HT da fenda sináptica, reduzindo sua disponibilidade para atuar nos receptores pós-sinápticos.

  4. Inibição da Expressão dos Receptores de 5-HT

    • TNF-α e IL-1β reduzem a expressão dos receptores serotoninérgicos (5-HTR) na membrana pós-sináptica.

    • Isso enfraquece a sinalização da serotonina, tornando sua ação menos eficaz.

Consequências Clínicas

Essas alterações contribuem para:
Depressão inflamatória: Associada a doenças autoimunes, infecções crônicas e envelhecimento.
Redução da neurogênese: A inflamação prejudica a regeneração neuronal no hipocampo, essencial para a regulação do humor.
Resistência a antidepressivos: Muitos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) podem ser menos eficazes quando há inflamação persistente.

Potenciais Intervenções

🔹 Modulação da inflamação com anti-inflamatórios ou intervenções nutricionais (ômega-3, flavonoides).
🔹 Inibidores da IDO para preservar o metabolismo do triptofano em serotonina.
🔹 Atividade física para reduzir citocinas pró-inflamatórias.

O equilíbrio entre inflamação e neurotransmissão é essencial para a saúde mental, e tratar processos inflamatórios pode melhorar os sintomas depressivos.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Dieta e transtorno bipolar

A relação entre dieta e transtorno bipolar (TB) é cada vez mais reconhecida, com vários estudos destacando vários aspectos:

- Qualidade da dieta: Pesquisas indicam que indivíduos com transtorno bipolar frequentemente têm padrões alimentares pouco saudáveis. Por exemplo, um estudo descobriu que pacientes bipolares eutímicos tinham menor adesão à dieta mediterrânea em comparação a controles saudáveis, sugerindo a necessidade de monitoramento alimentar nessa população. A dieta mediterrânea é considerada benéfica por seu padrão menos inflamatório [1].

- Impacto nutricional: Certos nutrientes e intervenções dietéticas podem desempenhar um papel no tratamento do transtorno bipolar. Nutrientes como ácidos graxos poliinsaturados, N-acetilcisteína, vitamina D, ácido fólico e zinco foram discutidos como potencialmente benéficos no tratamento do BD [2].

- Resultados psiquiátricos: Melhorar a qualidade da dieta pode não apenas melhorar a saúde física, mas também os resultados psiquiátricos para pacientes bipolares. Um estudo observou que a qualidade da dieta não saudável estava associada ao aumento da depressão e obesidade, indicando uma relação bidirecional entre dieta e humor [3].

- Mecanismos biológicos: A influência da dieta em processos biológicos relevantes para o transtorno bipolar, como estresse oxidativo e respostas imunes/inflamatórias, foi sugerida como uma área potencial para pesquisas futuras. [4].

- Comorbidades: Há uma comorbidade significativa entre transtorno bipolar e síndrome metabólica e resistência insulínica, que pode ser exacerbada por maus hábitos alimentares. Isso ressalta a importância das intervenções alimentares no tratamento geral do transtorno bipolar [5].

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Referências:

1) D Łojko et al. Diet quality and eating patterns in euthymic bipolar patients. European review for medical and pharmacological sciences (2019). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30779092/

2) D Łojko et al. Is diet important in bipolar disorder?. Psychiatria polska (2018). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30584813/

3) M Gardea-Resendez et al. Quantification of diet quality utilizing the rapid eating assessment for participants-shortened version in bipolar disorder: Implications for prospective depression and cardiometabolic studies. Journal of affective disorders (2022). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35545158/

4) AL Lopresti et al. Diet and Bipolar Disorder: A Review of Its Relationship and Potential Therapeutic Mechanisms of Action. Journal of alternative and complementary medicine (New York, N.Y.) (2015). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26348597/

5) JL Beyer et al. Nutrition and Bipolar Depression. The Psychiatric clinics of North America (2016). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26876319/

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Armadilha dos folatos

A "armadilha dos folatos" é um conceito bioquímico que descreve um problema no metabolismo do folato e da vitamina B12. Essa armadilha ocorre quando há deficiência de vitamina B12, levando ao acúmulo de metiltetrahidrofolato (methyl-THF) e à diminuição da disponibilidade de outras formas ativas do folato essenciais para a síntese de DNA e a divisão celular (Scott, & Weir, 1981).

Como acontece a armadilha dos folatos?

  1. O folato (vitamina B9) é convertido em tetrahidrofolato (THF), que participa de diversas reações metabólicas, incluindo a síntese de nucleotídeos e a metilação de homocisteína para formar metionina.

  2. Para que essa conversão aconteça corretamente, a vitamina B12 atua como cofator da enzima metionina sintase (MS), que converte homocisteína em metionina e, ao mesmo tempo, regenera o THF a partir do metiltetrahidrofolato (methyl-THF).

  3. Quando há deficiência de vitamina B12, essa reação fica bloqueada, e o methyl-THF fica preso nessa forma, sem ser reciclado para participar de outras funções metabólicas. Esse fenômeno é chamado de "armadilha dos folatos".

Consequências

  • Acúmulo de homocisteína, aumentando o risco de doenças cardiovasculares.

  • Diminuição da síntese de DNA, prejudicando a divisão celular, o que afeta principalmente tecidos de alta renovação, como a medula óssea (podendo causar anemia megaloblástica).

  • Deficiências neurológicas causadas pela falta de metionina e de outras moléculas essenciais para a mielinização dos neurônios.

Tratamento

  • A administração de vitamina B12 corrige o problema na maioria dos casos.

  • Suplementação de ácido fólico pode ajudar, mas não resolve completamente, pois sem B12, o folato ainda pode ficar preso na forma de methyl-THF.

Esse conceito é fundamental na bioquímica clínica e na hematologia, especialmente no diagnóstico e tratamento de anemias megaloblásticas e distúrbios neurológicos associados à deficiência de vitamina B12.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/