O Papel da Nutrição na Saúde Mental: Como Melhorar o Bem-Estar Através da Alimentação

A relação entre nutrição e saúde mental tem ganhado cada vez mais destaque. Estudos indicam que hábitos alimentares inadequados são fatores de risco modificáveis para transtornos mentais e que pessoas com doenças psiquiátricas frequentemente apresentam padrões alimentares pobres e deficiências nutricionais, o que contribui para a piora tanto da saúde física quanto mental.

A Nutrição na Prática Psiquiátrica

Apesar das evidências crescentes, a nutrição ainda é pouco integrada à prática psiquiátrica. Muitos profissionais da saúde mental, incluindo psiquiatras, psicólogos e psicoterapeutas, desconhecem os benefícios da alimentação na saúde mental. Uma das causas é a educação nutricional limitada nos currículos médicos. Nos EUA, apenas 40% das escolas de medicina oferecem as 25 horas de ensino de nutrição recomendadas nos primeiros anos de estudo.

Qualidade da Dieta e Saúde Mental

Dietas de alta qualidade, ricas em vegetais, frutas, peixes e grãos integrais, estão associadas à redução do risco de depressão e à melhoria do bem-estar geral. Em contrapartida, dietas pobres em nutrientes, com alto consumo de gorduras e açúcares, são associadas a maior risco de ansiedade e depressão.

Padrões Dietéticos Terapêuticos

Alguns padrões alimentares têm mostrado benefícios significativos para a saúde mental:

  • Dieta Mediterrânea: Rica em frutas, vegetais, azeite de oliva, peixes e leguminosas, esta dieta reduz riscos de depressão e ansiedade graças a seus efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes.

  • Dieta DASH: Criada para combater a hipertensão, esta dieta também beneficia a saúde metabólica e cardiovascular, fatores associados à saúde mental.

  • Dieta MIND: Uma combinação das dietas Mediterrânea e DASH, com foco em prevenir doenças neurodegenerativas e promover a saúde cerebral.

  • Dieta Cetogênica: Rica em gorduras e pobre em carboidratos, apresenta evidências emergentes de benefícios no tratamento de depressão e esquizofrenia.

Suplementos Nutricionais na Psiquiatria

Embora alimentos integrais sejam a melhor opção, suplementos podem ser usados como complemento, especialmente em casos de dificuldade para alterar a dieta. Alguns suplementos com evidências científicas de benefícios para transtornos psiquiátricos incluem:

  • Ômega-3: Para depressão e transtorno bipolar.

  • Vitamina D: Associada à redução de sintomas depressivos.

  • Probióticos: Benefícios em casos de depressão.

  • Ervas e fitoterápicos: Como o açafrão e a erva de São João, para depressão e ansiedade.

É importante, porém, usar suplementos com cautela, evitando interações medicamentosas e optando por produtos certificados de alta qualidade.

Desafios e Soluções

Pacientes com transtornos psiquiátricos enfrentam desafios específicos para manter uma alimentação saudável, como barreiras econômicas, dificuldades cognitivas e efeitos colaterais de medicamentos.

A integração da nutrição no cuidado psiquiátrico pode transformar o tratamento de transtornos mentais, promovendo a saúde física e mental dos pacientes. Embora mais pesquisas sejam necessárias para padronizar essas intervenções, os profissionais já podem adotar ferramentas e recursos existentes para apoiar seus pacientes em mudanças positivas.

Você pode aprender mais sobre o tema na plataforma da saúde cerebral.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

As antocianinas de mirtilo melhoram a saúde cardiovascular.

A saúde vascular e cognitiva é um tema de crescente interesse, especialmente com o avanço da idade e o aumento de fatores de risco relacionados ao estilo de vida moderno. Estudos recentes destacam o papel das antocianinas – compostos bioativos encontrados em bagas – como potenciais aliadas na melhoria da função cardiovascular e do desempenho cognitivo. Vamos explorar os principais achados científicos sobre o tema.

O Papel das Antocianinas na Saúde Cardiovascular

A dilatação mediada por fluxo (DMF) é uma medida essencial da saúde vascular, indicando a capacidade das artérias de se expandirem em resposta ao fluxo sanguíneo aumentado. Pesquisas mostram que:

  • Melhoria da DMF com Antocianinas: Em um estudo abrangente envolvendo 60 participantes, verificou-se que as antocianinas presentes em mirtilos melhoraram a função endotelial de maneira dose-dependente. Camundongos submetidos a testes similares também demonstraram melhorias na DMF após a injeção de metabólitos derivados desses compostos.

  • Efeitos a Longo Prazo: O consumo regular de mirtilos silvestres, duas vezes ao dia por um mês, aumentou a DMF a longo prazo.

  • Comparação com Outros Nutrientes: Bebidas contendo fibras ou vitaminas não apresentaram os mesmos benefícios, sugerindo que as antocianinas são os principais mediadores desses efeitos.

Implicações Práticas

Esses achados reforçam o consumo regular de bagas como uma abordagem natural e eficaz para a promoção da saúde cardiovascular, especialmente para indivíduos com maior risco de doenças cardíacas.

Os Benefícios Cognitivos das Bagas Ricas em Antocianinas

A cognição humana, incluindo atenção, memória e função executiva, pode ser positivamente influenciada pelo consumo de bagas. Dados de uma revisão sistemática indicam:

  • Impacto na Função Cognitiva: Estudos mostram que a suplementação de curto prazo com antocianinas melhora a atenção e a velocidade psicomotora, enquanto o uso prolongado beneficia a memória.

  • Redução da Pressão Arterial: Indivíduos com alto risco cardiometabólico apresentaram redução da pressão arterial após suplementação de longo prazo.

  • Variabilidade nos Resultados: Fatores individuais, como o estado de saúde inicial, influenciam a resposta à suplementação.

Quando melhoramos a função vascular, melhoramos também a saúde do cérebro

Em um experimento randomizado, participantes que consumiram 25 gramas de mirtilos liofilizados mostraram melhor desempenho cognitivo e menor resistência à insulina, destacando a interação entre saúde metabólica e desempenho cerebral.

Uma revisão sistemática mostrou que o consumo de bagas (berries), como morango, framboesa, mirtilo, amora ajuda a prevenir o declínio cognitivo decorrente do envelhecimento.

No Brasil existem também variedades típicas como jamelão, jambolão, açaí, jaboticaba (com casca), grumixama... Use o que tiver mais fácil na sua região. Estas frutas, da família das mirtáceas, geram efeitos positivos, agudos e crônicos, decorrentes do alto teor de vitamina C e fitoquímicos (especialmente antocianidinas), que atuam:

  • Reduzindo o estresse oxidativo e inflamação envolvidos no declínio cognitivo.

  • Melhorando a perfusão cerebral (chegada de sangue ao cérebro).

  • Aumentando a expressão de BDNF (Brain-Derived Neurotrophic Factor, ou Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro), uma neurotrofina com um papel crucial na saúde cerebral e nas funções cognitivas, como memória, aprendizagem e plasticidade sináptica.

  • Inibindo a MAO (monoamina oxidase), enzima que degrada neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina. Essa inibição pode ter importantes implicações terapêuticas e fisiológicas,como melhoria da função cognitiva e do humor.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

NUTRIÇÃO NA NEUROFIBROMATOSE TIPO 1

A Neurofibromatose Tipo 1 (NF1) é uma condição genética que faz parte do grupo das neurofibromatoses, que são desordens genéticas que afetam o sistema nervoso. A NF1 é uma das mais comuns, ocorrendo em cerca de 1 em cada 3.000 nascimentos.

Causa

A NF1 é causada por mutações no gene NF1, localizado no cromossomo 17. Esse gene codifica uma proteína chamada neurofibromina, que atua como um supressor de tumores. A ausência ou a disfunção da neurofibromina resulta no crescimento descontrolado de células, levando à formação de tumores.

Características Clínicas

Os sinais e sintomas da NF1 podem variar muito entre os indivíduos, mesmo dentro da mesma família. As características mais comuns incluem:

  1. Manchas café-com-leite:

    • Áreas planas de pigmentação marrom claro na pele.

    • Geralmente aparecem na infância.

  2. Nódulos de Lisch:

    • Pequenos crescimentos pigmentados na íris (geralmente inofensivos e detectados em exame oftalmológico).

  3. Neurofibromas:

    • Tumores benignos que crescem nos nervos periféricos.

    • Podem ser cutâneos (superficiais) ou plexiformes (mais profundos e complexos).

  4. Alterações ósseas:

    • Dificuldades no desenvolvimento ósseo, como displasia na tíbia ou escoliose.

  5. Macrocefalia:

    • Cabeça maior que a média.

  6. Comprometimento cognitivo:

    • Alguns pacientes podem apresentar dificuldades de aprendizado, déficit de atenção ou outros desafios neuropsiquiátricos.

  7. Risco de tumores malignos:

    • Há maior risco de transformação maligna em neurofibromas plexiformes ou de outros tumores, como gliomas ópticos.

  8. Outros sintomas:

    • Hipertensão arterial.

    • Puberdade precoce em alguns casos.

Manifestações típicas da NF1 (Peduto et al., 2023).

Diagnóstico

O diagnóstico da NF1 é baseado nos critérios clínicos definidos pelos NIH (National Institutes of Health) nos Estados Unidos. Pelo menos dois dos seguintes critérios devem estar presentes:

  • Seis ou mais manchas café-com-leite (>5 mm em pré-púberes ou >15 mm em pós-púberes).

  • Dois ou mais neurofibromas de qualquer tipo ou um neurofibroma plexiforme.

  • Sardas axilares ou inguinais (efélides).

  • Glioma óptico.

  • Dois ou mais nódulos de Lisch.

  • Lesão óssea característica.

  • Parente de primeiro grau com NF1.

Além disso, testes genéticos podem confirmar mutações no gene NF1.

Tratamento e Acompanhamento

Não há cura para a NF1, mas os tratamentos focam no manejo dos sintomas e complicações. Algumas abordagens incluem:

  • Monitoramento regular:

    • Exames oftalmológicos, neurológicos e avaliação de crescimento.

    • Rastreamento de tumores e alterações ósseas.

  • Cirurgia:

    • Pode ser necessária para remover neurofibromas problemáticos ou corrigir deformidades ósseas.

  • Tratamento medicamentoso:

    • Terapias direcionadas, como inibidores de MEK, têm mostrado eficácia no tratamento de neurofibromas plexiformes.

  • Suporte educacional e psicológico:

    • Intervenções para lidar com dificuldades de aprendizado e suporte emocional.

Prognóstico

O prognóstico é variável. Muitos indivíduos vivem vidas relativamente normais, enquanto outros podem enfrentar complicações mais graves. O acompanhamento regular com uma equipe multidisciplinar é essencial para garantir a melhor qualidade de vida possível.

A nutrição e a suplementação na Neurofibromatose Tipo 1 (NF1) podem desempenhar um papel complementar importante no manejo dos sintomas e na melhora da qualidade de vida dos pacientes. Embora não existam terapias nutricionais específicas que curem ou revertam a NF1, a adoção de uma dieta equilibrada e o uso estratégico de suplementos podem ajudar no controle de complicações associadas à doença.

Objetivos da Nutrição e Suplementação na NF1

  1. Reduzir o estresse oxidativo: Pacientes com NF1 podem apresentar níveis aumentados de estresse oxidativo, o que pode contribuir para o crescimento de tumores.

  2. Promover saúde óssea: Alterações ósseas são comuns em NF1, como displasia óssea e osteopenia.

  3. Fortalecer o sistema imunológico: Alguns pacientes podem ter maior suscetibilidade a infecções.

  4. Prevenir obesidade: A obesidade pode piorar a saúde geral e aumentar a inflamação.

  5. Apoiar o desenvolvimento cognitivo: Muitos indivíduos com NF1 apresentam dificuldades de aprendizado e atenção.

Nutrição na NF1

Uma dieta balanceada é essencial para todos os indivíduos, mas na NF1 pode trazer benefícios adicionais ao focar em nutrientes que combatem o estresse oxidativo, fortalecem os ossos e promovem a saúde geral.

1. Alimentos antioxidantes

O estresse oxidativo desempenha um papel importante no crescimento de neurofibromas. A inclusão de alimentos ricos em antioxidantes pode ajudar a neutralizar os radicais livres.

  • Frutas e vegetais ricos em antioxidantes:

    • Frutas vermelhas (amora, mirtilo, morango).

    • Frutas cítricas (laranja, limão).

    • Vegetais crucíferos (brócolis, couve-flor, couve).

    • Espinafre e outros vegetais verde-escuros.

  • Alimentos ricos em vitamina E:

    • Nozes, sementes e azeite de oliva.

  • Alimentos ricos em selênio:

    • Castanha-do-pará, atum e ovos.

2. Saúde óssea

Alterações ósseas, como osteopenia ou osteoporose, podem ser abordadas com nutrientes que fortalecem os ossos:

  • Cálcio:

    • Laticínios, vegetais de folhas verdes (couve, espinafre), tofu fortificado.

  • Vitamina D:

    • Exposição ao sol e alimentos como peixes gordurosos (salmão, atum) e gemas de ovo.

  • Magnésio:

    • Nozes, sementes, grãos integrais.

  • Vitamina K:

    • Vegetais de folhas verdes.

3. Redução da inflamação

Uma dieta anti-inflamatória pode ajudar a minimizar os processos inflamatórios associados aos neurofibromas.

  • Alimentos ricos em ômega-3:

    • Peixes gordurosos (salmão, sardinha), chia, linhaça, nozes.

  • Temperos e ervas anti-inflamatórias:

    • Cúrcuma (açafrão-da-terra), gengibre.

4. Apoio cognitivo

Nutrientes que ajudam na saúde do cérebro e no funcionamento cognitivo incluem:

  • Ácidos graxos ômega-3.

  • Colina:

    • Ovos, carne magra, brócolis.

  • Ferro e zinco:

    • Carnes magras, leguminosas, cereais fortificados.

Suplementação na NF1

A suplementação deve ser feita sob orientação médica ou de um nutricionista, pois as necessidades variam entre os pacientes. Algumas opções que podem ser consideradas:

1. Vitamina D

  • Pacientes com NF1 têm maior risco de deficiência de vitamina D, o que pode agravar problemas ósseos.

  • Suplementação é recomendada especialmente em regiões com baixa exposição solar.

2. Antioxidantes

  • Vitamina C e E:

    • Suplementação pode ajudar a reduzir o estresse oxidativo.

  • Coenzima Q10:

    • Pode ser útil em algumas condições associadas à NF1, mas faltam estudos conclusivos.

3. Cálcio e Magnésio

  • Essenciais para a saúde óssea, especialmente se a ingestão dietética for insuficiente.

4. Probióticos

  • Podem ajudar na saúde intestinal, que influencia a imunidade e pode impactar a inflamação.

5. Ômega-3

  • Suplementos de óleo de peixe ou de fontes vegetais podem ser úteis se a ingestão alimentar for inadequada.

6. Curcumina

  • Suplementos de cúrcuma têm propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.

Considerações Importantes

  1. Acompanhamento médico e nutricional: A suplementação deve ser baseada em exames laboratoriais e no histórico clínico do paciente.

  2. Evitar excesso de nutrientes: O excesso de certos nutrientes pode ser prejudicial, especialmente para pacientes com risco aumentado de tumores.

  3. Monitoramento de peso: A obesidade pode agravar os sintomas da NF1, portanto, é fundamental manter um peso saudável.

Exemplo de Plano Alimentar Básico

  • Café da manhã:

    • Iogurte natural com chia, frutas vermelhas e mel.

    • Uma fatia de pão integral com abacate.

  • Lanche da manhã:

    • Uma porção de castanha-do-pará (2 unidades) e uma maçã.

  • Almoço:

    • Salada de folhas verdes com azeite de oliva, cúrcuma e limão.

    • Salmão grelhado.

    • Arroz integral e brócolis cozido.

  • Lanche da tarde:

    • Smoothie com leite fortificado em cálcio, espinafre e banana.

  • Jantar:

    • Sopa de lentilha com legumes.

    • Um pedaço pequeno de pão integral.

Essa abordagem nutricional deve ser ajustada para atender às necessidades e preferências específicas de cada paciente com NF1. Marque sua consulta de nutrição para discutirmos as particularidades de seu caso.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/