Ferro: Equilibrando um Mineral Essencial para a Saúde Humana

O ferro é um mineral crucial para a saúde humana, desempenhando um papel fundamental na produção de hemoglobina, a proteína que permite que os glóbulos vermelhos transportem oxigênio, e de mioglobina, que fornece oxigênio aos músculos. No entanto, manter o equilíbrio correto dos níveis de ferro no corpo é essencial, pois tanto a deficiência quanto o excesso podem prejudicar a saúde. Aqui está um guia completo sobre como gerenciar os níveis de ferro para o bem-estar a longo prazo.

Por que o Ferro é Importante?

  • Funções Essenciais: O ferro é fundamental no transporte e armazenamento de oxigênio no corpo, na produção de energia celular e em diversos processos enzimáticos.

  • O Risco em Forma de U: Tanto a falta quanto o excesso de ferro podem ser prejudiciais. A deficiência leva à fadiga e confusão mental, enquanto o excesso pode causar estresse oxidativo e danos ao DNA.

Como o Corpo Regula o Ferro

  1. Absorção: A maior parte do ferro alimentar é absorvida no intestino delgado. O ferro heme (de produtos animais) é absorvido de forma mais eficiente do que o ferro não heme (de fontes vegetais).

  2. Armazenamento e Transporte: O ferro é armazenado na ferritina e transportado pela transferrina. O fígado regula os níveis de ferro por meio da liberação de hepcidina, que reduz a absorção quando os estoques estão adequados.

  3. Excreção: O corpo não possui um mecanismo ativo para excretar ferro. A perda ocorre principalmente por sangramentos e renovação celular.

Exames e Monitoramento

Exames de sangue regulares são essenciais para manter os níveis de ferro ideais. Os principais marcadores incluem:

  • Ferritina: Níveis ideais variam entre 30–80 µg/L para a maioria das pessoas.

  • Saturação de Transferrina e Ferro Sérico: Esses marcadores ajudam a avaliar os estoques e a eficiência do transporte de ferro.

Diretrizes por Grupo

  • Homens e Mulheres Pós-Menopausa: Geralmente precisam reduzir os estoques de ferro.

  • Mulheres Menstruantes e Atletas: Necessitam de uma ingestão adequada de ferro para compensar as perdas e atender às altas demandas energéticas.

  • Vegetarianos e Veganos: Tendem a ter níveis mais baixos de ferritina devido à menor ingestão de ferro heme, mas se beneficiam de dietas baseadas em plantas, ricas em quelantes naturais de ferro.

Ferro e Envelhecimento

  • Acúmulo de Ferro e Saúde: O excesso de ferro está associado ao envelhecimento e a condições crônicas, como sarcopenia, doença de Parkinson e problemas cardiovasculares.

  • Estudos sobre Longevidade: Pesquisas mostram que níveis mais baixos de ferro estão associados a uma vida mais longa e menos doenças.

  • Impacto da Dieta: A alta ingestão de ferro heme (carnes vermelhas e processadas) aumenta os riscos de diabetes, doenças cardiovasculares e cânceres.

Avaliando o Status de Ferro e Deficiência de Ferro

Manter o equilíbrio adequado dos níveis de ferro é fundamental para a saúde, mas medir e interpretar esses níveis pode ser desafiador. Aqui está um resumo das melhores práticas e marcadores para avaliar o status do ferro no corpo.

Por que Medir os Níveis de Ferro é Importante?

Embora não seja possível medir o ferro livre nos tecidos e dentro das células, onde ele pode causar danos às biomoléculas pela reação de Fenton, temos marcadores sanguíneos úteis para avaliar o status do ferro.

Principais Marcadores de Ferro

  1. Ferritina:

    • O Melhor Indicador Geral: É o principal marcador de reserva de ferro no corpo.

    • Intervalo Normal:

      • Mulheres: 11 a 307 µg/L.

      • Homens: 24 a 336 µg/L.

    • Considerações Importantes:

      • A ferritina é medida em ng/mL ou µg/L (valores equivalentes).

      • Mulheres menstruantes apresentam níveis normais mais baixos devido às perdas de sangue.

      • Estudos mostram que níveis elevados de ferritina têm relação linear com maior mortalidade (Ellervik et al. 2014) e síndrome metabólica (Zhang et al. 2021).

  2. Outros Marcadores:

    • Ferro Total no Sangue: Intervalo normal de 10 a 30 µmol/L.

    • Saturação de Transferrina: Intervalo normal de 20% a 50%.

    • Hemoglobina:

      • Mulheres: 11,6 a 15 g/dL.

      • Homens: 13,2 a 16,6 g/dL.

    • Esses marcadores tendem a cair apenas em casos graves de deficiência ou anemia.

Como Identificar Deficiência de Ferro

  • Sintoma Mais Comum: Fadiga, especialmente em casos de deficiência não-anêmica.

  • Ferritina e Deficiência:

    • Em pessoas assintomáticas, níveis acima de 30 µg/L geralmente descartam deficiência.

    • Em casos de sintomas (como em mulheres ou pessoas mais velhas), níveis de ferritina de até 100 µg/L podem indicar deficiência, embora isso seja raro (Soppi, 2018).

Como Gerenciar os Níveis de Ferro

  • Se Deficiente:

    • Suplementação: Considere suplementos de ferro, especialmente se estiver com fadiga ou confusão mental. Combine com vitamina C para melhorar a absorção.

      • O ferro bisglicinato tem uma molécula de ferro ferroso ligada a duas moléculas de glicina, formando dois anéis heterocíclicos. O revestimento quelante com aminoácidos otimiza a absorção intestinal do ferro. Em um estudo coorte de crianças em risco de anemia por deficiência de ferrro recebendo sulfato ferroso ou ferro bisglicinato na mesma dosagem, foi demonstrando que as crianças que receberam ferro bisglicinato apresentaram concentração de ferritina significativamente maior. Os mesmos resultados surgiram de outros estudos recentes realizados em adultos.

    • Dieta: Dê preferência a alimentos ricos em ferro, como vegetais de folhas verdes, leguminosas e cereais fortificados.

  • Se em Excesso:

    • Doação de Sangue: Uma maneira simples de reduzir os estoques de ferro.

    • Ajustes na Dieta: Limite o consumo de carne vermelha e aumente alimentos com quelantes naturais de ferro, como chá, café e frutas ricas em polifenóis.

    • Terapia de Quelantes: Em casos graves, medicamentos ou substâncias naturais que se ligam e removem o ferro podem ser recomendados.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Síndrome de Guillain-Barré: Tratamento Integrativo e Recuperação Funcional

A síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma doença rara e autoimune em que o sistema imunológico ataca os nervos periféricos, comprometendo a função motora e sensorial. A condição resulta em desmielinização, causando sintomas como fraqueza muscular, dormência e dificuldade de movimentação. Com frequência, é desencadeada por infecções, como a infecção por COVID-19, que pode ser um fator de risco para o desenvolvimento da SGB.

Sintomas e Diagnóstico

Os sintomas iniciais da SGB incluem fraqueza nos membros inferiores, sensação de queimação e dormência, evoluindo rapidamente para dificuldades em caminhar e segurar objetos. O diagnóstico é confirmado com a análise do líquido cefalorraquidiano e testes de condução nervosa.

Sintomas podem ser motores, sensoriais ou a combinação deles. A ataxia pode estar presente (Leonhard et al., 2019)

O tratamento convencional envolve terapias como imunoglobulinas intravenosas e plasmaférese, que têm se mostrado eficazes na recuperação dos pacientes, embora muitos ainda apresentem sintomas residuais após o tratamento.

Diagnóstico e gerenciamento da SGB (Leonhard et al., 2019)

Relato de Caso: Terapia Integrativa no Tratamento da SGB

Um paciente de 70 anos, que sofreu de SGB após a vacinação contra COVID-19, procurou tratamento convencional e, posteriormente, explorou terapias integrativas, incluindo Yoga e Ayurveda. Inicialmente, o paciente foi tratado com plasmaférese e estabilizado, mas os sintomas motores e sensoriais persistiram. Após a abordagem convencional, ele recorreu ao IMD (Instituto de Medicina Integrativa) para terapia complementar (Soman et al., 2022).

O tratamento integrativo incluiu um regime de Yoga e Ayurvédico, focado no fortalecimento muscular, equilíbrio e redução de sintomas sensoriais. A combinação de técnicas de desintoxicação Ayurveda, como Panchakarma, e práticas de Yoga supervisionadas ajudou a melhorar a força muscular e a funcionalidade do paciente.

Abordagem Ayurveda e Yoga

O tratamento Ayurveda foi baseado em técnicas como a terapia de desintoxicação Panchakarma e o uso de medicamentos à base de plantas, enquanto o Yoga se concentrou em melhorar o equilíbrio e a força muscular. O paciente participou de sessões de Yoga diárias e continuou com a prática em casa. Essa combinação de abordagens tradicionais e modernas ajudou a restaurar a função motora e sensorial, resultando em melhorias significativas no desempenho das atividades diárias, na mobilidade e no equilíbrio.

Resultados e Benefícios

Após a combinação de tratamentos convencionais e integrativos, o paciente apresentou melhorias notáveis:

  • Recuperação da força muscular nos membros superiores e inferiores.

  • Melhora na capacidade de caminhar e realizar atividades diárias, sem a necessidade de órteses.

  • Aumento na velocidade de condução nervosa, com melhorias significativas nos testes de condução nervosa.

  • Redução dos déficits sensoriais e melhoria no equilíbrio, conforme avaliação clínica.

Estudos apontam que a abordagem integrativa, incluindo Yoga e Ayurveda, pode complementar os tratamentos convencionais na recuperação funcional de pacientes com SGB, melhorando não apenas a mobilidade, mas também a qualidade de vida.

Conclusão

A síndrome de Guillain-Barré, embora tratável com intervenções convencionais, pode deixar sintomas residuais que afetam a qualidade de vida. A combinação de tratamentos tradicionais com terapias integrativas, como Yoga e Ayurveda, pode melhorar significativamente a recuperação funcional e o bem-estar do paciente. Embora as evidências ainda sejam limitadas, esse caso ilustra como as abordagens integrativas podem ser valiosas no tratamento de distúrbios neurológicos e na recuperação de pacientes com SGB.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Cannabinoides e a pele

A pele é o maior órgão do corpo humano, cobrindo cerca de 2 metros quadrados e pesando cerca de 3,5 quilos em um adulto. Mais do que uma simples camada protetora, a pele desempenha várias funções essenciais para a nossa saúde e bem-estar. Ela age como uma barreira protetora, mantendo o interior do corpo seguro e funcionando corretamente, e está envolvida em muitos sistemas orgânicos.

Funções Vitais da Pele

  • Proteção e Isolamento: A pele funciona como uma barreira isolante contra fatores ambientais, como temperaturas extremas, radiação solar intensa e agentes patogênicos. Sem essa proteção, nosso corpo enfrentaria sérios danos.

  • Imunidade: Além de ser uma barreira física, a pele possui um papel ativo no sistema imunológico, liberando substâncias antibacterianas e abrigando bactérias benéficas que ajudam na prevenção de infecções e até na produção de vitamina D.

  • Sistema Nervoso: A pele também está conectada ao sistema nervoso. Cada milímetro quadrado de pele é repleto de células nervosas, permitindo que ela funcione como um vasto sensor de estímulos ambientais, enviando essas informações ao cérebro.

As Três Camadas da Pele

A pele é composta por três camadas principais:

  1. Epiderme: A camada mais externa da pele, formada por queratinócitos (células que produzem queratina). A epiderme é constantemente renovada, com células novas surgindo a cada 5 semanas. Ela também abriga células de Langerhans, responsáveis por alertar o sistema imunológico sobre potenciais ameaças.

  2. Derme: A camada intermediária da pele, responsável pela sua força e elasticidade, graças às fibras de colágeno e elastina. Além disso, a derme contém vasos sanguíneos que ajudam a regular a temperatura do corpo, fibras nervosas que captam estímulos de toque, temperatura e dor, e folículos pilosos.

  3. Subcutâneo: A camada mais interna da pele, composta principalmente por células adiposas e tecido conjuntivo. Ela armazena a maior parte da gordura corporal e serve como isolante, protegendo os órgãos internos e músculos.

A Pele como Permeável: A Importância da Absorção

A pele não só protege, mas também tem a capacidade de absorver substâncias químicas e transportá-las para a corrente sanguínea. Estudos mostraram que a pele pode absorver até 64% de contaminantes encontrados na água, além de ingredientes de fragrâncias com 100% de absorção. Isso destaca a importância de escolhas cuidadosas quanto aos produtos que aplicamos na pele, especialmente em áreas mais permeáveis, como o rosto, axilas e genitais.

O Sistema Endocanabinoide da Pele

Recentemente, pesquisadores descobriram que o sistema endocanabinoide (ECS), que desempenha um papel importante na homeostase do corpo, também é essencial para a saúde da pele. O ECS ajuda a manter o equilíbrio da pele e sua função de barreira, sendo a desregulação desse sistema associada a várias doenças de pele.

O ECS da pele envolve diversos endocanabinóides, como a anandamida e o 2-AG, além de receptores canabinóides (CB1 e CB2) que estão presentes nas células da pele. Esses receptores desempenham papéis vitais na formação e manutenção da barreira cutânea, crescimento celular, diferenciação celular e processos inflamatórios.

Fitocanabinóides e Seus Benefícios para a Saúde da Pele

A pele, como maior órgão do corpo humano, desempenha diversas funções vitais e está fortemente influenciada pelo sistema endocanabinoide (ECS). Um ECS saudável é essencial para manter a homeostase da pele, e sua desregulação pode estar ligada a várias condições dermatológicas, como dermatite atópica, acne, psoríase e envelhecimento precoce. O uso de canabinóides tópicos, especialmente o CBD (canabidiol), tem se mostrado promissor no tratamento de distúrbios cutâneos e na promoção da saúde da pele.

Como os Canabinóides Influenciam a Pele

O CBD é um fitocanabinóide amplamente estudado no contexto da saúde da pele, porém, devido ao seu peso molecular e características químicas, ele tem dificuldade em penetrar nas camadas da pele. Para superar essa barreira, são usados sistemas de transporte, como etossomos e terpenos, que ajudam a melhorar a absorção do CBD.

Além disso, a pele está exposta a fatores ambientais estressantes que geram espécies reativas de oxigênio (ROS), o que pode levar ao envelhecimento da pele e a várias doenças. O CBD induz a expressão de HMOX1, uma enzima com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, ajudando a proteger as células da pele contra o estresse oxidativo causado pela radiação UVB. Ele também ativa o receptor PPAR-γ, regulando processos inflamatórios e promovendo a saúde celular.

Aceleração da Cicatrização de Feridas

A cicatrização de feridas é um processo complexo e envolve várias fases, sendo modulado pelo ECS. Os fitocanabinóides, como o CBD, influenciam positivamente esse processo ao ativar os receptores CB1 e CB2, regular fatores anti-inflamatórios e inibir a enzima FAAH. Estudos mostram que o uso tópico de CBD pode acelerar a cicatrização de feridas, melhorar a regeneração celular e reduzir a dor e a formação de bolhas, especialmente em doenças de pele como a epidermólise bolhosa.

Benefícios para a Dermatite Atópica e Acne

A dermatite atópica (DA) é uma condição inflamatória crônica da pele, que pode ser aliviada pelo uso de canabinóides, devido às suas propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras. O CBD pode ajudar a reduzir a coceira, regular o microbioma da pele e controlar o crescimento de Staphylococcus aureus, que agrava a DA.

Para a acne, uma das condições cutâneas mais comuns, o ECS está envolvido na produção de sebo. O CBD regula a produção de lipídios e reduz a proliferação excessiva das células sebáceas, além de combater a inflamação e controlar o crescimento da bactéria Cutibacterium acnes, que contribui para o agravamento da acne.

Propriedades Antioxidantes e Anti-Idade

Além de combater condições específicas, os canabinóides têm um papel importante no anti-envelhecimento. Eles retardam a ação da enzima telomerase, que está relacionada ao encurtamento dos telômeros (extremidades dos cromossomos), um processo que contribui para o envelhecimento celular. Com isso, os canabinóides ajudam a preservar a saúde da pele, retardando os sinais visíveis de envelhecimento e promovendo uma aparência mais jovem e saudável.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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