BENEFÍCIOS DO CHUCRUTE

O chucrute, um prato popular de repolho fermentado, tem mais de 2.000 anos de história e, apesar do nome alemão, sua origem é chinesa. Ele é simples, composto principalmente por repolho e sal, e é valorizado por seu sabor picante e salgado. O processo de fermentação transforma o chucrute em um alimento cheio de probióticos que podem oferecer vários benefícios à saúde, especialmente para o intestino.

Benefícios do Chucrute para a Saúde

  1. Saúde Intestinal Estudos sugerem que alimentos fermentados, como o chucrute, podem aumentar a diversidade dos micróbios intestinais "bons", o que melhora a saúde digestiva. Um estudo com 34 pessoas com síndrome do intestino irritável mostrou que o consumo de chucrute, com ou sem bactérias vivas, melhorou sintomas como dor abdominal e inchaço. No entanto, a pesquisa ainda é limitada.

  2. Saúde do Coração O chucrute contém fibra e probióticos, ambos associados à redução do risco de doenças cardíacas e controle de colesterol. Ele também é uma boa fonte de vitamina K2, que, em estudos, tem mostrado reduzir o risco de doenças cardíacas. No entanto, mais pesquisas sobre a relação direta entre o chucrute e a saúde do coração são necessárias.

  3. Saúde Óssea A vitamina K2, presente no chucrute, desempenha um papel importante na saúde óssea. Embora existam estudos que comprovem os benefícios dessa vitamina, como a redução do risco de fraturas, a quantidade de vitamina K2 no chucrute é relativamente pequena, tornando incerta sua contribuição direta para a saúde óssea.

  4. Prevenção do Câncer Alguns estudos indicam que dietas ricas em repolho e chucrute podem reduzir o risco de câncer, como o câncer de mama. No entanto, as evidências são limitadas e mais pesquisas são necessárias para confirmar esses efeitos.

  5. Ansiedade Há estudos que associam o consumo regular de alimentos fermentados à melhoria dos sintomas de ansiedade. No entanto, o chucrute contém tiramina, uma substância que pode interagir com medicamentos usados no tratamento de ansiedade e depressão. Se você estiver tomando esses medicamentos, consulte um médico antes de incluir o chucrute na sua dieta.

  6. Inflamação O chucrute pode ter propriedades anti-inflamatórias, mas os estudos sobre esse benefício ainda são preliminares, e mais pesquisa é necessária para entender seu impacto em humanos.

  7. Sistema Imunológico O chucrute contém probióticos e vitamina C, nutrientes que podem apoiar o sistema imunológico. Embora existam dados interessantes, ainda não há evidências suficientes para afirmar que o chucrute oferece benefícios claros para a imunidade.

Riscos de Comer Chucrute

  • Intolerância à Histamina: O chucrute é rico em histamina, o que pode causar problemas digestivos e reações alérgicas em algumas pessoas.

  • Interações Medicamentosas: O chucrute pode interagir com inibidores da monoamina oxidase (MAOIs), medicamentos usados no tratamento de depressão e ansiedade.

  • Alto Teor de Sódio: Como é salgado, o chucrute pode não ser adequado para pessoas com pressão alta ou que precisam seguir uma dieta com baixo teor de sódio.

Como Escolher e Comer Chucrute

  • Escolha o Chucrute Vivo: Para obter os benefícios probióticos, opte por chucrute "ao vivo", que contém bactérias vivas. Isso deve estar indicado no rótulo.

  • Evite o Chucrute Pasteurizado: A pasteurização elimina as bactérias benéficas, tornando-o menos eficaz.

  • Procure em Lojas de Alimentos Naturais: Se não encontrar o chucrute ao vivo em supermercados comuns, experimente lojas de alimentos naturais.

O chucrute pode ser incorporado facilmente em sua dieta de diversas formas, como em saladas, como acompanhamento de carnes, ou como recheio de sanduíches. Experimente também com ovos mexidos ou torradas de abacate para um toque extra de sabor.

Se você não tiver contraindicações específicas, o chucrute pode ser uma adição saudável e saborosa à sua dieta. Lembre-se de escolher versões "vivas" e, se necessário, consulte um nutricionista ou médico sobre possíveis interações com medicamentos ou condições de saúde.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Terapias de frio e calor

O choque térmico e o frio são estressores que podem alterar significativamente a paisagem molecular das células. Essas mudanças ambientais influenciam a epigenética e a estrutura da cromatina, afetando a expressão gênica e a função celular. A cromatina, material que compõe os cromossomos, sofre mudanças dinâmicas em resposta às flutuações de temperatura. Essas alterações são mediadas por modificações como acetilação e metilação de histonas e metilação do DNA.

O choque térmico leva à ativação das proteínas de choque térmico (HSPs), que ajudam a reverter o dano das proteínas desnaturadas e protegem a integridade celular. No nível epigenético, o choque térmico pode alterar a acessibilidade da cromatina, tornando os genes mais ou menos acessíveis para transcrição. O choque de frio, por outro lado, desencadeia uma mudança na expressão gênica para proteger as células contra danos causados pelo congelamento, frequentemente envolvendo alterações na compactação da cromatina.

O estudo de como o choque térmico e o frio influenciam a estrutura da cromatina é essencial para compreender as respostas ao estresse, os mecanismos adaptativos e até doenças como o câncer, onde as alterações epigenéticas podem levar à expressão gênica anormal. Compreender esses processos pode abrir caminhos para estratégias terapêuticas que visem a regulação epigenética e o remodelamento da cromatina para melhorar a resistência celular.

Benefícios da Sauna e Terapia com Calor e Frio para a Saúde

O uso de saunas tem uma longa história cultural, e nos últimos anos, tem ganhado popularidade como uma forma de melhorar a saúde física, mental e aumentar a longevidade. Embora a maior parte das pesquisas seja baseada em dados observacionais, há muitas razões e potenciais benefícios em incorporar sessões de sauna ou outras formas de hipertermia corporal (como banheiras de hidromassagem) em sua rotina semanal.

Benefícios da Sauna para a Saúde

  1. Melhora da Saúde Cardiovascular: O uso da sauna pode aumentar a frequência cardíaca para até 100-150 batimentos por minuto, semelhante a exercícios moderados. Isso aumenta o débito cardíaco e promove a redistribuição do fluxo sanguíneo para a superfície da pele, ajudando a dissipar o calor e a eliminar toxinas e metais pesados. Um estudo em homens finlandeses mostrou que aqueles que usaram sauna 2-3 vezes por semana apresentaram 27% menos risco de doenças cardiovasculares, enquanto os que usaram 4-7 vezes por semana tiveram 50% menos risco.

  2. Melhora no Sono: O uso da sauna, se feito antes de dormir, ajuda a dissipar o calor, apoiando os ritmos naturais de temperatura do corpo. Esse processo facilita a redução da temperatura corporal necessária para o sono profundo. Em uma pesquisa, 80% dos participantes que usaram a sauna 1-2 vezes por semana relataram benefícios no sono.

  3. Saúde Muscular: O aumento do fluxo sanguíneo devido à exposição ao calor ajuda a entregar nutrientes e oxigênio aos músculos, o que pode auxiliar na recuperação pós-exercício. Além disso, a hipertermia corporal pode aumentar a atividade das vias de sinalização essenciais para o crescimento e manutenção da massa muscular, além de promover a biogênese mitocondrial.

  4. Resistência ao Estresse Celular: A exposição ao calor estimula a produção de proteínas de choque térmico (HSPs), que aumentam a resiliência celular e protegem contra o estresse. Também aumenta a expressão de Nrf2, uma proteína que ajuda a melhorar as respostas antioxidantes e anti-inflamatórias.

Aumento da Temperatura Corporal: Sauna ou Alternativas?

Muitos dos benefícios da sauna estão ligados ao aumento da temperatura corporal central. Isso pode ser alcançado com outras formas de calor, como banhos quentes e jacuzzis. A exposição ao calor ativa respostas termorregulatórias que tentam reduzir a temperatura corporal, promovendo equilíbrio ou homeostase. A sauna tradicional aquece o corpo a cerca de 38-39°C, e técnicas como imersão em água quente também podem produzir benefícios semelhantes, como aumento do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e redução do cortisol plasmático.

É importante notar que as saunas infravermelhas provavelmente não oferecem os mesmos benefícios das saunas secas ou outras terapias térmicas, pois elas não provocam o mesmo aumento na temperatura corporal.

Terapia com Frio

Assim como a sauna, a terapia com frio também oferece benefícios potenciais, independentemente da forma de resfriamento utilizada. O frio provoca uma resposta do corpo para conservar calor, como vasoconstrição e tremores, o que pode aumentar a produção de calor a partir de gordura marrom, uma gordura "saudável" metabolically ativa e rica em mitocôndrias. A exposição ao frio pode ajudar na redução da inflamação, recuperação de lesões e até na recuperação pós-exercício. No entanto, o uso de imersão em água gelada após treinamento de resistência pode prejudicar o crescimento muscular, sendo melhor usar o frio em momentos afastados de treinos intensos.

Formas de Terapia com Frio

  • Crioterapia: Exposição ao ar muito frio em uma câmara de crioterapia por 2-3 minutos.

  • Imersão em Água Fria (banhos de gelo): Submersão em água gelada, a forma mais estudada de exposição ao frio.

  • Banhos de Gelo: Exposição ao frio em água com gelo, uma opção mais acessível.

  • Chuvas Frias: Opção prática, embora menos controlada, de exposição ao frio.

Dicas e Recomendações

  • Temperatura Ideal para Sauna: A temperatura ideal para a sauna é entre 80-90°C, com ciclos repetidos de calor e frio. O tempo recomendado é de cerca de 20 minutos, 4-7 vezes por semana.

  • Hidratação: A sauna e os banhos quentes podem causar perda significativa de líquidos, por isso, aumente a ingestão de água e considere a reposição de eletrólitos.

  • Uso para Preparação para o Sono: Usar sauna ou outras terapias de calor à noite pode ajudar a preparar o corpo para o sono, dissipando o calor acumulado.

  • Monitore Seus Resultados: Se estiver utilizando a sauna para melhorar sua saúde, monitore indicadores como pressão arterial, frequência cardíaca e variabilidade da frequência cardíaca. Isso ajudará a entender melhor os efeitos e ajustar o uso conforme necessário.

Cuidado e Precauções

  • Limite Pessoal: Não se force a realizar sessões de calor ou frio por mais tempo do que sua tolerância permite. Estar desconfortável é diferente de estar em perigo.

  • Riscos do Frio: A exposição ao frio pode levar a hipotermia, arritmias e até congelamento. Use luvas e botas de proteção se for se submeter a banhos de gelo ou imersão em água fria.

  • Gravidez: Mulheres grávidas devem evitar saunas e imersões em água fria.

Em resumo, tanto a sauna quanto a terapia com frio podem ser ferramentas poderosas para melhorar a saúde e o bem-estar. Incorporá-las de maneira estratégica na sua rotina pode ajudar a aumentar a resiliência física e mental, melhorar a recuperação muscular e contribuir para a saúde cardiovascular.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Papel dos Polifenóis no Desempenho Esportivo

Os polifenóis são compostos bioativos encontrados em alimentos de origem vegetal, como frutas, vegetais e bebidas como chá e café. Cada vez mais, estudos sugerem que os polifenóis desempenham um papel importante no desempenho esportivo, com efeitos benéficos na saúde e na capacidade atlética. Este artigo explora como esses compostos atuam no corpo humano, abordando o impacto dos polifenóis no desempenho físico através da interação com a genômica nutricional, a microbiota intestinal e a epigenômica fitonutricional.

Polifenóis e Desempenho Esportivo

Os polifenóis têm sido reconhecidos por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e anticâncerígenas. Quando se trata de desempenho atlético, esses compostos ajudam a reduzir o estresse oxidativo e a inflamação, fatores que podem prejudicar a recuperação muscular e aumentar a fadiga. Além disso, os polifenóis têm sido associados ao aumento da capacidade aeróbica, melhora da resistência muscular e diminuição da dor muscular pós-exercício, ajudando os atletas a se recuperarem mais rapidamente e a manterem uma melhor performance.

Genômica Nutricional e Microbiota Intestinal

A interação entre a genômica nutricional e os polifenóis é central para entender como esses compostos influenciam o desempenho esportivo. A genética individual pode afetar como o corpo metaboliza e utiliza os polifenóis, com algumas pessoas respondendo melhor a certos tipos de alimentos ricos nesses compostos.

Além disso, os polifenóis têm um impacto significativo na microbiota intestinal, promovendo o crescimento de bactérias benéficas. Uma microbiota intestinal saudável está relacionada à melhora na digestão, sintese de ácidos graxos de cadeia curta e ao equilíbrio da resposta inflamatória, fatores que, por sua vez, beneficiam o desempenho físico e a recuperação.

Influência da genética na modulação epigenética e microbioma (Sorrenti et al., 2020)

Epigenômica Fitonutricional

A epigenômica fitonutricional se refere a como os polifenóis influenciam a expressão dos genes sem alterar o código genético. Esses compostos podem regular a expressão de genes relacionados à inflamação, recuperação muscular e resistência ao estresse oxidativo. Ao agir em mecanismos epigenéticos, como a modulação da metilação do DNA, os polifenóis podem potencialmente melhorar a resposta do corpo ao exercício e otimizar o desempenho atlético.

Fatores de transcrição modulados por polifenóis (Sorrenti et al., 2020)

Curcumina: Um Exemplo de Polifenol no Desempenho Esportivo

Um dos polifenóis mais estudados no contexto esportivo é a curcumina, um composto encontrado na cúrcuma (Curcuma longa). A curcumina possui propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e anticancerígenas, e pode modular várias vias moleculares envolvidas na sobrevivência celular e na inflamação.

Na prática esportiva, a curcumina tem sido usada para ajudar na recuperação muscular, reduzir a fadiga e melhorar o desempenho em atividades intensas. Estudos demonstram que a suplementação com curcumina pode atenuar a dor muscular, reduzir a inflamação e melhorar a recuperação após exercícios extenuantes.

A curcumina também pode melhorar a biogênese mitocondrial, um processo fundamental para a saúde muscular e a resistência. Pesquisas indicam que a curcumina pode ajudar a proteger contra a perda de massa muscular e a inflamação associada ao exercício, especialmente em atletas que sofrem de estresse oxidativo devido a treinos intensos.

Resveratrol e o Desempenho Físico

Estudos demonstraram que o resveratrol pode melhorar a força muscular, a tolerância à fadiga e a regeneração muscular após períodos de inatividade. Em experimentos com camundongos envelhecidos, observou-se que o resveratrol melhora a funcionalidade mitocondrial e mantém o desempenho muscular durante o envelhecimento. Além disso, pesquisas com exercícios de baixa intensidade revelaram que a combinação de resveratrol com piperina pode aumentar a capacidade mitocondrial nos músculos esqueléticos.

Outro aspecto importante do resveratrol é sua contribuição para a composição corporal. Ele tem mostrado propriedades ergogênicas, hipoglicemiantes e anti-obesidade, sendo útil no controle de peso e na redução da gordura corporal. O resveratrol pode estimular proteínas envolvidas na oxidação de ácidos graxos e no metabolismo de glicose, além de melhorar a biogênese mitocondrial e o metabolismo muscular em indivíduos obesos.

Quercetina: Benefícios para o Desempenho Esportivo e Saúde

A quercetina é um polifenol natural presente em frutas, vegetais, chá e frutas vermelhas, pertencente à família dos flavonoides. É conhecida por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e cardioprotetoras, além de sua ação na modulação do metabolismo da glicose e redução do risco de doenças crônicas. A biodisponibilidade da quercetina é influenciada pela forma como é absorvida no intestino e pela interação com a microbiota intestinal.

Após a ingestão, a quercetina pode ser absorvida na forma glicolisada ou aglicona, sendo convertida em metabólitos no fígado. A quercetina glicolisada, como o rutin, tem baixa absorção no intestino, sendo então decomposta pela microbiota intestinal, o que libera a forma ativa da substância.

Estudos demonstram que a quercetina pode melhorar o desempenho físico, tanto em exercícios aeróbicos como anaeróbicos. Ela atua modulando a inflamação, reduzindo a produção de substâncias inflamatórias como TNF-α e interleucinas, além de estimular a resposta imunológica e melhorar a biogênese mitocondrial em músculos e cérebro.

A quercetina também tem sido estudada em atletas para melhorar o desempenho em exercícios de resistência e força. Uma análise de estudos mostrou que a suplementação com quercetina pode aumentar o desempenho atlético em cerca de 2,8%. Em um estudo com atletas, a quercetina aumentou parâmetros como taxa metabólica basal, massa magra e gasto energético.

Além disso, a quercetina demonstrou efeitos benéficos na recuperação muscular após exercícios intensos. Em um estudo com corredores de longa distância, a suplementação reduziu os níveis de peroxidação, embora sem alterações significativas no desempenho. Em outros estudos, a quercetina ajudou a melhorar a força neuromuscular e a reduzir danos musculares após exercícios de resistência.

Com base nos resultados, a quercetina mostra-se uma suplementação eficaz para atletas, com benefícios na recuperação pós-exercício e na melhoria do desempenho físico. A dose diária recomendada varia entre 50 e 2000 mg, dependendo da formulação e biodisponibilidade.

Flavonóis de Cacau: Benefícios para a Saúde e Desempenho Esportivo

Nos últimos anos, os flavonóis, uma classe de polifenóis encontrados em alimentos como cacau, chá, frutas e vegetais, têm atraído a atenção pela sua capacidade de melhorar a saúde e o desempenho físico. O cacau, originário da América Central e do Sul, é uma rica fonte de flavonóis, como catequinas e epicatequinas, que demonstraram propriedades benéficas para o organismo, incluindo efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios.

Os flavonóis do cacau ajudam a regular o estresse oxidativo e a inflamação, estimulando a produção de óxido nítrico, o que melhora a função endotelial, promove a vasodilatação e pode reduzir a pressão arterial. Além disso, também têm mostrado melhorar a sensibilidade à insulina e os perfis lipídicos, com benefícios tanto para indivíduos com riscos cardiovasculares quanto para os saudáveis. No cérebro, os flavonóis do cacau atravessam a barreira hematoencefálica, melhorando o fluxo sanguíneo cerebral e promovendo funções cognitivas.

Outro aspecto interessante dos flavonóis do cacau é a sua interação com a microbiota intestinal. Estudos indicam que as bactérias intestinais, como Escherichia coli, Bifidobacterium e Lactobacillus, desempenham um papel fundamental na metabolização desses compostos. Esse processo gera pequenos metabólitos bioativos, que podem influenciar diversos caminhos bioquímicos no corpo humano.

Em relação ao desempenho esportivo, os resultados dos estudos sobre flavonóis de cacau são mistos. Alguns demonstram benefícios na função vascular, redução do estresse oxidativo induzido pelo exercício e alteração na utilização de gorduras e carboidratos durante a atividade física. No entanto, os efeitos sobre o desempenho atlético em si não são sempre consistentes. A variação nos resultados pode ser atribuída a diferenças genéticas e à diversidade da microbiota intestinal de cada indivíduo, que afeta a metabolização dos flavonóis.

Porém, a maior parte das evidências sugere que os flavonóis de cacau têm um papel positivo na recuperação pós-exercício e na melhoria da função endotelial, especialmente em situações de hipoxia (baixa concentração de oxigênio). Um estudo mostrou que a suplementação com flavonóis de cacau ajudou a melhorar a oxigenação pré-frontal e a reduzir o estresse oxidativo durante o treinamento intensivo em hipoxia.

Em termos de dosagem, os flavonóis de cacau são comumente consumidos em quantidades entre 5 a 1000 mg por dia, com uma média de 200-500 mg em diferentes produtos, como cacau em pó, chocolate amargo enriquecido e barras de cacau. Esses produtos são frequentemente consumidos antes da atividade física para melhorar o desempenho e acelerar a recuperação.

Por fim, os flavonóis de cacau também apresentam benefícios potenciais como prebióticos, ajudando a promover o crescimento de bactérias benéficas no intestino, o que pode ter impactos positivos tanto na saúde geral quanto no desempenho esportivo.

Extratos Vegetais e Suplementos para Melhorar a Recuperação Pós-Exercício

Diversos estudos têm mostrado que extratos vegetais ricos em polifenóis, como os de chá verde, mirtilo, casca de pinheiro marítimo francês e cereja Montmorency, podem ser eficazes na recuperação pós-exercício, devido às suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e reguladoras do metabolismo lipídico.

Chá Verde
Os extratos de chá verde, ricos em catequinas, têm se mostrado promissores na redução do estresse oxidativo e danos musculares induzidos pelo exercício. Suplementos de 250 a 1000 mg/dia de extrato de chá verde podem diminuir os danos musculares e melhorar parâmetros neuromusculares, como a fadiga muscular. Um estudo com atletas de sprint mostrou que o chá verde impediu o estresse oxidativo, mas não melhorou o desempenho nos sprints. No entanto, a suplementação com chá verde foi eficaz em reduzir o dano muscular e o estresse oxidativo em resposta à fadiga acumulada, mostrando benefícios na recuperação.

Mirtilo
Os extratos de mirtilo, ricos em antocianinas, também apresentam efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios que auxiliam na recuperação após o exercício. Um estudo revelou que o consumo diário de mirtilos (75-150g) melhorou a função endotelial e a rigidez arterial, sugerindo que esses frutos podem ser úteis na redução do risco cardiovascular. Além disso, um estudo mostrou que o consumo de smoothies de mirtilo antes e após o exercício melhorou a recuperação da força muscular. Isso ocorre provavelmente devido a mecanismos indiretos relacionados à interação com a microbiota intestinal, que pode beneficiar a saúde metabólica e reduzir a inflamação associada à síndrome metabólica.

Casca de Pinheiro Marítimo Francês (Pycnogenol®)
O extrato de casca de pinheiro marítimo francês, rico em proantocianidinas oligoméricas (OPC), tem mostrado resultados promissores na melhoria do desempenho físico e proteção contra o estresse oxidativo pós-exercício. A suplementação com Pycnogenol® pode ser útil tanto para atletas quanto para indivíduos saudáveis, promovendo a recuperação após atividades físicas intensas.

Cereja Montmorency
O concentrado de cereja Montmorency, rico em antocianidinas, também tem se destacado devido às suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Estudos mostraram que o consumo de suco de cereja Montmorency pode reduzir a inflamação pós-exercício e acelerar a recuperação da força muscular. Além disso, o suco de cereja pode melhorar o desempenho em exercícios de alta intensidade, como foi demonstrado em ciclistas que experimentaram um aumento no pico de potência após a ingestão de suco de cereja antes de sprints.

Polifenóis de Ecklonia Cava
A alga marinha Ecklonia cava, rica em polifenóis, tem se mostrado eficaz em melhorar a capacidade de resistência e os parâmetros fisiológicos durante o exercício. A suplementação com polifenóis de Ecklonia cava aumentou o tempo de exaustão e melhorou a capacidade máxima de VO2, além de reduzir ligeiramente os níveis de lactato pós-exercício, sugerindo que esses polifenóis podem contribuir para um melhor metabolismo da glicose e menor produção de lactato durante o exercício intenso.

Esses estudos indicam que a suplementação com extratos vegetais ricos em polifenóis pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a recuperação após o exercício, reduzir a inflamação e o estresse oxidativo, e até mesmo aprimorar o desempenho atlético.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/