Diferença entre vitamina K2MK4 e K2MK7

A vitamina K2 existe em várias formas, sendo as mais comuns o MK-4 e o MK-7. Ambos são subtipos de menaquinona (K2), mas diferem em sua estrutura, origem, absorção e efeitos no corpo. Aqui está uma explicação das principais diferenças:

Estrutura Química

- MK-4 (Menaquinona-4): Possui uma cadeia lateral mais curta com quatro unidades de isopreno.

- MK-7 (Menaquinona-7): Possui uma cadeia lateral mais longa com sete unidades de isopreno.

Fontes

- MK-4: Encontrada principalmente em alimentos de origem animal, como carne, ovos e laticínios. Também é a forma de K2 que o corpo pode sintetizar a partir da Vitamina K1 (presente em vegetais de folhas verdes).

- MK-7: Encontrada principalmente em alimentos de origem vegetal fermentados, especialmente no natto (soja fermentada), e em alguns queijos fermentados.

Meia-Vida no Corpo

- MK-4: Tem uma meia-vida curta (cerca de 1 a 2 horas). Isso significa que não permanece na corrente sanguínea por muito tempo e requer doses mais frequentes para manter os níveis.

- MK-7 Tem uma meia-vida muito mais longa (cerca de 3 dias). Isso permite que permaneça na corrente sanguínea por mais tempo, podendo ser tomada com menos frequência enquanto mantém níveis constantes no corpo.

Absorção e Biodisponibilidade

- MK-4: Embora tenha uma meia-vida mais curta, é rapidamente absorvida e utilizada pelos tecidos, especialmente pelos ossos e artérias. É a forma que tem um impacto mais imediato, mas precisa ser reposta com mais frequência.

- MK-7: Absorvida mais lentamente, mas permanece na circulação por mais tempo. Isso a torna mais adequada para doses diárias ou menos frequentes.

Benefícios para a Saúde

Ambas as formas apoiam a saúde dos ossos e do sistema cardiovascular, mas podem diferir ligeiramente nos benefícios específicos:

- MK-4: Mais estudada no contexto da saúde óssea, particularmente por seu papel na prevenção de fraturas e osteoporose. Alguns estudos sugerem que o MK-4 pode desempenhar um papel na regulação do cálcio nos ossos e dentes.

- MK-7: Melhor estudada para a saúde cardiovascular, particularmente em seu papel na redução da calcificação arterial e na melhora da saúde vascular. Por permanecer mais tempo no sangue, pode ser mais eficaz para benefícios relacionados ao coração.

Forma de Suplemento

- MK-4: Muitas vezes encontrado em doses mais altas nos suplementos (ex.: 1.500 mcg ou mais) devido à sua meia-vida curta.

- MK-7: Geralmente tomado em doses mais baixas (ex.: 100-200 mcg) porque permanece no corpo por mais tempo e é mais eficiente para uso prolongado.

Existem suplementos de K2MK4, de MK7 e de MK4 + MK7.

Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta online

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Deleção de GSTT e GSTM

GSTT (Glutationa S-Transferase Teta) e GSTM (Glutationa S-Transferase Mu) fazem parte da família das glutationas S-transferases, enzimas que ajudam a desintoxicar compostos nocivos no corpo, incluindo toxinas ambientais, medicamentos e subprodutos do estresse oxidativo.

Essas enzimas catalisam a conjugação da glutationa (GSH), um potente antioxidante, com moléculas reativas para neutralizá-las. Indivíduos com deleções nesses genes (genótipos nulos) têm uma capacidade reduzida de desintoxicar espécies reativas de oxigênio (ERO) e outras substâncias nocivas, o que pode aumentar o estresse oxidativo e a suscetibilidade a doenças, como câncer de cólon e até infertilidade.

Reduzir o consumo de carnes vermelhas, evitar ao máximo carnes processadas e aumentar o consumo de brássicas para 4 vezes por semana fazem parte das estratégias compensatórias, assim como suplementação de NAC.

NAC como Precursor da Glutationa

O NAC é um precursor da glutationa, essencial para a desintoxicação e proteção das células contra danos oxidativos. Em indivíduos que carecem das enzimas funcionais GSTT ou GSTM, a disponibilidade de glutationa é ainda mais crucial, já que essas enzimas dependem da glutationa para desintoxicar compostos nocivos. A suplementação com NAC pode ajudar a repor os estoques de glutationa e melhorar o sistema de defesa antioxidante do corpo.

Benefícios Potenciais do NAC em Indivíduos Deficientes em GSTT/GSTM:

- Aumento dos Níveis de Glutationa: O NAC aumenta a produção de glutationa, o que pode compensar a capacidade reduzida de desintoxicação em pessoas com deleções nos genes GSTT e GSTM.

- Redução do Estresse Oxidativo: O NAC ajuda a neutralizar as ERO diretamente e através da reposição de glutationa, reduzindo o estresse oxidativo, que pode ser particularmente prejudicial em indivíduos com sistemas de desintoxicação comprometidos.

- Apoio às Vias de Desintoxicação: Mesmo sem as enzimas GSTT/GSTM, o NAC pode ajudar outras vias de desintoxicação e melhorar a capacidade antioxidante geral do corpo.

Pesquisa e Uso Clínico:

Pesquisas clínicas sugerem que indivíduos com genótipos nulos nos genes GSTT e GSTM podem se beneficiar da suplementação com NAC, especialmente em condições onde o estresse oxidativo é elevado, como em doenças crônicas (por exemplo, problemas respiratórios, doenças hepáticas) ou em ambientes com alta exposição a toxinas (poluentes, tabagismo).

Além de melhorar a desintoxicação, o NAC também tem sido estudado por seus potenciais benefícios no suporte à função hepática, saúde respiratória e na redução da inflamação.

Em resumo, a suplementação de NAC pode ser útil para pessoas com deleções nos genes GSTT e GSTM, pois ajuda a repor a glutationa, melhora as defesas antioxidantes do corpo e compensa a capacidade reduzida de desintoxicação causada pelas deleções genéticas. No entanto, a eficácia do NAC deve ser considerada no contexto da saúde geral, estilo de vida e fatores ambientais.

Aprenda mais sobre genômica nutricional aqui.

Marque sua consulta de interpretação do seu exame nutrigenético.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Dieta mediterrânea e melatonina

A dieta mediterrânica (DM) é um padrão nutricional com propriedades de saúde amplamente conhecidas. Tradicionalmente, a DM é consumida em áreas geográficas onde se cultivam azeitonas (Olea europea L.) e uvas (Vitis vinifera L.), e onde se produzem e consomem regularmente azeite e vinho tinto.

Por seus benefícios, a DM foi declarada como parte do património imaterial da humanidade pela UNESCO, mas inclui mais que dieta. É um estilo de vida que inclui hábitos próprios dos países mediterrânicos, como a prática de exercício moderado até idades avançadas, junto com muita socialização.

Em termos de padrão nutricional, a DM é equilibrada em calorias e ingestão de macro e micronutrientes. Como componentes essenciais, a DM inclui cereais integrais, frutas, vegetais, legumes, nozes, iogurte, peixe e carne branca. Minerais, vitaminas e outros compostos bioativos estão incluídos em diferentes alimentos da DM como frutas, vegetais e azeite, entre outros.

Os hábitos alimentares do DM estão correlacionados com uma menor incidência de câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, quando comparados aos padrões alimentares de países mais industrializados.

Do ponto de vista fitoquímico, o DM é rico em fenilpropanoides, isoprenoides e alcaloides, compostos com alta atividade antioxidante. Polifenóis têm sido amplamente estudados em termos das propriedades antioxidantes. Bactérias intestinais convertem estes polifenóis em Urolitina A, composto relacionado à longevidade.

Além disso, estudos observacionais ligam a DM à menor incidência de transtornos como depressão, ansiedade, esquizofrenia, distúrbios alimentares (Madani et al., 2022).

Um outro motivo pelo qual a dieta mediterrânea beneficia a saúde mental é a maior produção de melatonina e melhoria da qualidade do sono. A melatonina é um hormônio que é biossintetizado a partir do aminoácido triptofano.

A síntese de melatonina é regulada pelo ciclo claro/escuro e as enzimas envolvidas no processo são expressas durante a noite, porque a luz inibe sua expressão. Em mamíferos, a melatonina é sintetizada em muitos tecidos e órgãos e apresenta notável versatilidade funcional, exibindo efeitos antioxidantes, oncostáticos, antienvelhecimento e imunomoduladores.

Diferentes alimentos e bebidas da dieta mediterrânea contém fitomelatonina (melatonina das plantas). O azeite de oliva é um subproduto da azeitona que é conhecido mundialmente por suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, enquanto o azeite de oliva virgem é o principal óleo usado na cocção na DM. O processo de refinamento reduz o teor de melatonina no azeite de oliva, embora o azeite de oliva refinado tenha apresentado um teor maior de melatonina do que o óleo de girassol.

O maior teor de melatonina foi detectado em frutas e vegetais, mas a quantidade de melatonina na mesma fruta varia dependendo das condições de colheita, como hora do dia, ano, maturidade e variedade. Uvas roxas, tomates, diferentes tipos de castanhas, incluindo amêndoas, pistaches, nozes também contém fitomelatonina, assim como leguminosas (especialmente lentilhas e brotos) e grãos.

Há evidências que sugerem que as plantas mediterrâneas, que crescem sob alta exposição à luz solar, têm maior conteúdo de melatonina, em comparação com as mesmas espécies que vivem sob menor exposição à luz solar em outros locais. Há ampla evidência em relação aos efeitos da suplementação de melatonina e acredita-se que o consumo periódico de alimentos típicos da DM pode contribuir para o aumento dos níveis de melatonina no sangue e impactar positivamente a qualidade do sono e no status antioxidante geral (Grao-Cruces et al., 2023).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/