Plaquetas baixas e disfunção mitocondrial

As plaquetas são fragmentos celulares presentes no sangue que desempenham um papel crucial na coagulação sanguínea. Quando ocorre um corte ou lesão em um vaso sanguíneo, as plaquetas se aglutinam no local formando um tampão, impedindo que ocorra uma perda excessiva de sangue.

Quando o número de plaquetas no sangue está abaixo do normal, essa condição é chamada de trombocitopenia. Isso significa que o sangue coagula mais lentamente, aumentando o risco de sangramentos.

Causas das Plaquetas Baixas:

As causas da trombocitopenia podem ser diversas e incluem:

  • Produção reduzida de plaquetas na medula óssea:

    • Doenças da medula óssea (leucemia, mielodisplasia)

    • Deficiências nutricionais (ferro, vitamina B12, ácido fólico)

    • Infecções virais (dengue, zika, hepatite)

    • Uso de determinados medicamentos (antibióticos, anti-inflamatórios, quimioterápicos)

  • Aumento da destruição das plaquetas:

    • Doenças autoimunes (púrpura trombocitopênica idiopática)

    • Infecções bacterianas

    • Câncer

    • Esplenomegalia (aumento do baço)

  • Aumento do consumo de plaquetas:

    • Coagulação intravascular disseminada (CID)

    • Cirurgias e traumas

  • Causas hereditárias:

    • Síndromes hemorrágicos raros

    • Disfunção mitocondrial

Consequências das Plaquetas Baixas:

As consequências das plaquetas baixas estão diretamente relacionadas à dificuldade do sangue em coagular. Os sintomas podem variar de acordo com a gravidade da trombocitopenia e incluem:

  • Manchas roxas na pele: Pequenos pontos roxos ou vermelhos que surgem espontaneamente, especialmente em áreas com maior pressão.

  • Sangramentos nasais frequentes.

  • Sangramento gengival.

  • Menstruação abundante e prolongada.

  • Hemorragias em órgãos internos (estômago, intestino, cérebro).

  • Feridas que demoram mais para cicatrizar.

Em casos mais graves, as plaquetas baixas podem levar a:

  • Hemorragias graves: Como hemorragias cerebrais, que podem ser fatais.

  • Anemia: Devido à perda crônica de sangue.

Diagnóstico e Tratamento:

O diagnóstico das plaquetas baixas é feito através de um exame de sangue simples. O tratamento dependerá da causa subjacente e da gravidade da trombocitopenia e pode incluir:

  • Tratamento da causa: Se a trombocitopenia for causada por uma doença específica, o tratamento dessa doença é fundamental.

  • Corticosteroides: Para suprimir o sistema imunológico em casos de doenças autoimunes.

  • Imunoglobulina: Para aumentar o número de plaquetas e reduzir o risco de sangramento.

  • Transfusão de plaquetas: Em casos de sangramento grave.

  • Esplenectomia: Remoção do baço em alguns casos.

Disfunção Mitocondrial e Plaquetas Baixas: Uma Conexão Complexa

A relação entre disfunção mitocondrial e plaquetas baixas (trombocitopenia) é um tema de crescente interesse na pesquisa médica. As mitocôndrias, as "usinas de energia" das células, desempenham um papel crucial na produção de energia e na regulação de diversos processos celulares, incluindo a produção e função das plaquetas.

Como a Disfunção Mitocondrial Pode Afetar as Plaquetas?

  • Produção de energia: As plaquetas necessitam de grande quantidade de energia para suas funções, como adesão, agregação e formação de coágulos. A disfunção mitocondrial pode comprometer a produção de energia, afetando a capacidade das plaquetas de realizar essas funções.

  • Apoptose: As mitocôndrias desempenham um papel central na apoptose, ou morte celular programada. A disfunção mitocondrial pode levar à ativação excessiva da apoptose, resultando na destruição prematura das plaquetas.

  • Estresse oxidativo: A disfunção mitocondrial aumenta a produção de radicais livres, que podem danificar as plaquetas e levar à trombocitopenia.

Causas da Disfunção Mitocondrial Associada à Trombocitopenia

  • Doenças genéticas: Algumas doenças genéticas que afetam as mitocôndrias podem causar trombocitopenia.

  • Doenças autoimunes: Algumas doenças autoimunes podem atacar as mitocôndrias, levando à disfunção e à trombocitopenia.

  • Infecções: Algumas infecções podem causar danos às mitocôndrias e levar à trombocitopenia.

  • Toxinas: A exposição a toxinas, como medicamentos e produtos químicos, pode danificar as mitocôndrias e causar trombocitopenia.

  • Deficiências nutricionais: A deficiência de vitaminas e minerais essenciais para a função mitocondrial pode contribuir para a trombocitopenia.

Consequências da Trombocitopenia Associada à Disfunção Mitocondrial

  • Sangramento: A trombocitopenia aumenta o risco de sangramento, que pode variar de leve a grave, dependendo da causa e da gravidade da trombocitopenia.

  • Formação de coágulos: Em alguns casos, a disfunção mitocondrial pode levar à formação de coágulos sanguíneos, aumentando o risco de trombose.

Diagnóstico

O diagnóstico da disfunção mitocondrial e da trombocitopenia associada pode ser desafiador e requer uma avaliação completa do paciente, incluindo:

  • Exame físico: O médico pode identificar sinais de sangramento, como petéquias (pequenas manchas vermelhas na pele) ou equimoses (hematomas).

  • Exames de sangue: Os exames de sangue podem avaliar o número de plaquetas, a função plaquetária e a presença de marcadores de inflamação e coagulação.

  • Exames genéticos: Os exames genéticos podem identificar mutações em genes associados a doenças mitocondriais.

  • Biópsia: A biópsia de medula óssea pode ser realizada para avaliar a produção de plaquetas e a presença de anormalidades nas células da medula óssea.

Tratamento

O tratamento da disfunção mitocondrial e da trombocitopenia associada depende da causa subjacente e da gravidade dos sintomas. As opções de tratamento podem incluir:

  • Corticosteroides: Para suprimir o sistema imunológico em casos de doenças autoimunes.

  • Imunoglobulina: Para aumentar o número de plaquetas e reduzir o risco de sangramento.

  • Transfusão de plaquetas: Para aumentar o número de plaquetas em casos de sangramento grave.

  • Tratamento da doença subjacente: Se a trombocitopenia for causada por uma doença subjacente, o tratamento dessa doença pode ajudar a melhorar a contagem de plaquetas.

  • Terapia gênica: A terapia gênica está sendo investigada como uma possível abordagem para o tratamento de doenças mitocondriais.

  • Dieta cetogênica: induz o corpo a entrar em cetose, um estado em que utiliza corpos cetônicos (produzidos a partir da gordura) como fonte primária de energia, em vez da glicose. Corpos cetônicos, como o β-hidroxibutirato, são mais eficientes que a glicose em produzir ATP (a principal forma de energia celular) e geram menos espécies reativas de oxigênio (ROS), que são prejudiciais às mitocôndrias. A dieta cetogênica pode ajudar a reduzir esse estresse, já que os corpos cetônicos, ao serem metabolizados, produzem menos ROS, protegendo as mitocôndrias e promovendo um ambiente celular mais saudável. A dieta pode promover a biogênese mitocondrial, ou seja, a produção de novas mitocôndrias. Isso é crucial em condições onde as mitocôndrias existentes estão comprometidas.

  • Suplementação:

    • Coenzima Q10: A CoQ10 é um antioxidante essencial para a produção de energia nas mitocôndrias.

    • Ácido Alfa-Lipóico: Um poderoso antioxidante que pode ajudar a proteger as mitocôndrias dos danos causados pelos radicais livres.

    • Resveratrol: Encontrado em uvas, amoras e outras frutas vermelhas, o resveratrol tem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que podem beneficiar a função mitocondrial. A dosagem varia, mas é importante seguir as instruções do fabricante.

    • Vitamina D: A vitamina D desempenha um papel importante na saúde mitocondrial. A dosagem ideal deve ser determinada por um exame de sangue.

    • Magnésio: Essencial para diversas funções celulares, incluindo a produção de energia. A dosagem recomendada varia de acordo com a forma de magnésio e as necessidades individuais.

    • Carnitina: Auxilia no transporte de ácidos graxos para dentro das mitocôndrias, onde são utilizados como combustível.

    • Creatina: Pode melhorar a produção de energia nas células musculares.

A suplementação deve ser individualizada: As necessidades nutricionais variam de pessoa para pessoa. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Probióticos na doença de Parkinson

A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa caracterizada por déficits motores e neuroinflamação acentuada em diversas regiões cerebrais. O eixo microbioma-intestino-cérebro exerce influência na doença de Parkinson, por diversos mecanismos:

(A) Lipopolissacarídeos (LPS) e outros metabólitos bacterianos podem entrar no cérebro através da barreira hematoencefálica (BHE) provocando a liberação de várias quimiocinas/citocinas que iniciam uma resposta inflamatória na doença de Parkinson.

(B) Micróbios no lúmen intestinal podem promover vias inflamatórias e causar danos aos enterócitos, o que pode levar ao comprometimento da integridade da barreira epitelial intestinal (“intestino permeável”).

(C) Metabólitos bacterianos, como LPS, podem translocar do lúmen intestinal para a corrente sanguínea através da barreira intestinal comprometida e causar possível inflamação sistêmica e neuroinflamação no cérebro.

(D) A α-sinucleína mal dobrada pode ser induzida por micróbios na intersecção do lúmen intestinal e ENS e pode ser propagada para neurônios no cérebro através do nervo vago.

Intervenções probióticas (E) são pensadas para reverter a disbiose através da alteração da composição do microbioma. Essa mudança também é supostamente para resultar na redução da inflamação e melhora da integridade da barreira epitelial intestinal, prevenindo ou reduzindo assim a translocação microbiana.

A administração de L. plantarum PS128 para pacientes com Parkinson, à noite, por 12 semanas, em dose de 60 bilhões de UFC, gera melhorias em quase 70% dos pacientes. Mas o que o PS128 realmente faz para ajudar?

Os probióticos são microrganismos vivos que proporcionam benefícios à saúde, normalmente alterando o equilíbrio dos microrganismos no intestino para o bem, para uma melhor digestão. Alguns probióticos ajudam na saúde mental e neurológica como um benefício adicional para melhorar a saúde intestinal.

Mas os psicobióticos como o PS128 vão mais longe. Eles fornecem um benefício específico para a saúde neurológica, independente de qualquer efeito que possam ter na saúde intestinal. Em ratos, o PS128 influencia a quantidade de dopamina em regiões-chave do cérebro, e os ratos com DP movem-se melhor quando têm acesso ao PS128.

A fisiopatologia da DP é complexa e evidências crescentes sugerem também uma associação com a desregulação de microRNAs (miRNAs) e disbiose intestinal. Outro estudo, publicado em 2023, usou um modelo de camundongo com DP induzido por rotenona.

Foi observado que a administração de Lactobacillus plantarum PS128 (PS128) melhorou significativamente os déficits motores destes, os níveis de de dopamina, diminuiu a perda de neurônios dopaminérgicos e a ativação da microglia, reduziu fatores inflamatórios e aumentou a expressão fator neurotrófico no cérebro.

Notavelmente, a expressão relacionada à inflamação do miR-155-5p foi significativamente regulada positivamente no cólon proximal, mesencéfalo e corpo estriado de camundongos semelhantes à PD.

O PS128 reduziu o nível de miR-155-5p, enquanto aumentou a expressão do supressor de sinalização de citocina 1 (SOCS1), um alvo direto do miR-155-5p e um inibidor crítico da resposta inflamatória no cérebro. A alteração da microbiota fecal em camundongos tipo PD foi parcialmente restaurada pela administração de PS128. Entre eles, Bifidobacterium, Ruminiclostridium_6, Bacteroides e Alistipes foram estatisticamente correlacionados com a melhora dos déficits motores induzidos pela rotenona e a expressão de miR-155-5p e SOCS1.

As descobertas sugerem que o PS128 melhora os déficits motores e exerce efeitos neuroprotetores regulando a microbiota intestinal e a via miR-155-5p/SOCS1 em camundongos semelhantes à DP induzidos por rotenona.

SLAB51 na doença de Parkinson

Uma combinação de probióticos batizada de SLAB51 parece combater os efeitos deletérios da 6-hidroxidopamina (6-OHDA) em modelos laboratoriais de doença de Parkinson. O SLAB51 é composto por:

  • Streptococcus thermophilus DSM 32245

  • B. lactis DSM 32246

  • B. lactis DSM 32247

  • L. acidophilus DSM 32241

  • L. helveticus DSM 32242

  • L. paracasei DSM 32243

  • L. plantarum DSM 32244

  • L. brevis DSM 27961

Esta composição é encontrada em produtos europeus como AgimixxSivomixx e Athlemixx. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição online.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Interocepção, intestino e microbiota: um eixo intrigante

Interocepção é a capacidade do nosso cérebro de perceber as sensações internas do corpo. É como se tivéssemos um sexto sentido que nos informa sobre o que está acontecendo dentro de nós.

O que a interocepção nos permite sentir?

  • Fome, sede, cansaço: Sensações básicas de necessidade corporal.

  • Dor, desconforto: Sinais de alerta para possíveis problemas.

  • Emoções: Sentimentos como alegria, tristeza, raiva e medo também têm uma base física.

  • Ritmo cardíaco, respiração: Monitoramento involuntário das funções vitais.

Importância da Interocepção

A interocepção desempenha um papel crucial em nossa saúde física e mental. Ela nos ajuda a:

  • Regular nossas emoções: Compreender as sensações corporais relacionadas às emoções pode ajudar a gerenciá-las melhor.

  • Tomar decisões conscientes: Estar atento aos sinais do corpo pode influenciar nossas escolhas.

  • Promover o bem-estar: Cuidar das necessidades físicas é fundamental para uma boa qualidade de vida.

Sistema digestivo e interocepção

O estômago, como parte integrante do sistema digestivo, desempenha um papel crucial na interocepção. A sensação de fome, saciedade, náusea e outros desconfortos abdominais são exemplos claros de como percebemos as sensações internas do nosso corpo, graças à interocepção.

O intestino, muitas vezes chamado de "segundo cérebro", também desempenha um papel fundamental na interocepção. Ele é repleto de neurônios que comunicam constantemente com o cérebro, influenciando nossas emoções, comportamento e saúde geral.

A microbiota intestinal, composta por trilhões de microrganismos, é um fator crucial nesse processo. Ela influencia a produção de neurotransmissores, hormônios e outras substâncias que afetam diretamente o sistema nervoso.

O Eixo Intestino-Cérebro

A conexão entre o intestino, o cérebro e a microbiota é conhecida como eixo intestino-cérebro. Esse complexo sistema de comunicação bidirecional influencia:

  • Interocepção: A microbiota pode modular a sensibilidade intestinal, impactando como percebemos as sensações viscerais.

  • Emoções: Alterações na microbiota estão associadas a mudanças de humor e comportamento.

  • Inflamação: Desequilíbrios na microbiota podem contribuir para inflamação sistêmica, afetando a interocepção.

Como Melhorar a Saúde digestiva e a Interocepção

  • Alimentação equilibrada: Consumir uma dieta rica em fibras e probióticos favorece uma microbiota saudável.

  • Gestão do estresse: O estresse pode afetar negativamente o intestino. Técnicas de relaxamento ajudam.

  • Sono adequado: O sono é essencial para a saúde intestinal e cerebral.

  • Exercício físico: A atividade física promove a saúde intestinal e geral.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/