Microbiota, B12, colina, convulsões e enxaquecas

Estudo publicado na Nature Cell Biology por Mark Alkema, PhD, professor de neurobiologia, estabelece uma importante ligação molecular entre bactérias produtoras de B12 específicas no intestino e a produção de acetilcolina, um neurotransmissor importante para a memória e função cognitiva.

Mark Alkema, PhD, e Woo Kyu Kang, PhD, dissecam uma importante ligação molecular entre a função cerebral e o microbioma intestinal.

Dieta e a microbiota intestinal podem desempenhar um papel importante na saúde do cérebro. Mudanças na composição do microbioma têm sido associadas a distúrbios neurológicos como ansiedade, depressão, enxaquecas e neurodegeneração. No entanto, descobrir a causa e o efeito de bactérias ou nutrientes individuais na função cerebral tem sido um desafio.

A complexidade do cérebro, as centenas de espécies bacterianas que compõem o microbioma intestinal e a diversidade de metabólitos tornam quase impossível discernir como as bactérias afetam a função cerebral.

Para isolar o impacto de bactérias individuais em funções cerebrais específicas, o Dr. Kang alimentou vermes com uma mutação que resulta em um desequilíbrio na sinalização excitatória/inibitória no cérebro e leva a comportamentos semelhantes a convulsões. Uma mutação genética semelhante em humanos causa enxaquecas.

Kang alimentou esses mutantes Caenorhabditis elegans com dietas de uma única espécie bacteriana e observou mudanças na frequência das convulsões. Das 40 espécies bacterianas diferentes que ele testou, 18 reduziram o número de convulsões. Outras experiências mostraram que o atributo comum entre várias destas bactérias era a sua capacidade de produzir vitamina B12.

Segundo o Dr. Alkema e Kang, a B12 reduz os níveis de colina no corpo. A colina, um composto encontrado em vários alimentos e essencial para o metabolismo da gordura no fígado, pode ser usada no ciclo metionina/S-adenosil metionina dependente de B12 (Met/SAM), uma via metabólica que produz metionina (um aminoácido adquirido por humanos através da dieta que é essencial para o metabolismo) no intestino.

A colina também é usada para produzir o neurotransmissor acetilcolina no sistema nervoso. O excesso de acetilcolina leva ao desequilíbrio excitatório que causa o comportamento semelhante a uma convulsão nos vermes mutantes.

Quando mais B12 está presente, mais colina é usada no ciclo Met/SAM, liberando menos colina para produzir acetilcolina. A redução da quantidade de acetilcolina restaura o equilíbrio excitatório/inibitório no sistema nervoso e reduz a atividade convulsiva em C. elegans.

Os investigadores salientaram que o impacto da “conversa cruzada” entre o microbioma, a vitamina B12, a função cerebral e o comportamento só se torna aparente em condições em que o organismo está estressado, quer genética quer ambientalmente. A deficiência de vitamina B12 em humanos tem sido associada a distúrbios neurológicos caracterizados por desequilíbrio excitatório/inibitório, como esquizofrenia, depressão e enxaquecas.

Será interessante determinar se os mecanismos moleculares descobertos no verme também podem explicar o impacto da vitamina B12 na sinalização excitatória em vários distúrbios neurológicos humanos, disse Alkema.

Ao utilizar outros modelos de vermes para outras doenças humanas e testar outros metabolitos e bactérias, Alkema e colegas esperam revelar outras ligações entre o microbioma intestinal e a função cerebral que também podem ser usadas para melhorar a saúde humana.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Modulação do estresse oxidativo pelo sistema endocanabinoide

O ambiente redox celular constitui um equilíbrio delicado entre a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e sua remoção por enzimas antioxidantes e antioxidantes de pequeno peso molecular. Em baixas concentrações, as ROS estão envolvidas na regulação de vários eventos fisiológicos, incluindo sua capacidade de mediar a transdução de sinal de receptores de membrana, facilitando assim a ativação de múltiplas proteínas e enzimas.

No entanto, o acúmulo excessivo de ROS intracelular causa estresse oxidativo, que pode danificar as membranas celulares, promover lesão mitocondrial e induzir a morte celular, impactando negativamente a função e a sobrevivência das células. Isso se deve em grande parte aos efeitos prejudiciais que os radicais livres exercem sobre os lipídios celulares, proteínas e DNA, prejudicando assim sua função normal.

A desregulação da homeostase redox tem sido associada ao desenvolvimento de várias patologias, incluindo aquelas associadas a distúrbios metabólicos, como diabetes tipo 2 e obesidade, doenças cardiovasculares, bem como vários distúrbios neurodegenerativos (por exemplo, doença de Alzheimer, doença de Parkinson e esclerose múltipla).

Há evidências acumuladas que apoiam um papel fundamental do sistema endocanabinoide na modulação da produção de ROS em diferentes tipos de células. Por exemplo, foi relatado que a anandamida atenua a neurotoxicidade em resposta ao estresse oxidativo. Tanto a ativação de recepotres CB1 quanto CB2 parecem contribuir para este efeito.

Mecanismos moleculares de modulação do sistema antioxidante

A ativação de receptores CB1 e/ou CB2 estimula e/ou reprime a atividade de enzimas implicadas na geração de ROS. Por exemplo, a ativação do receptor canabinoide pode agir para suprimir a ativação dependente de AMPc de PKA, reprimindo assim a expressão e/ou atividade de enzimas como a NADPH oxidase.

Alternativamente, a estimulação do receptor canabinoide pode ativar isoformas de PKC e o eixo de sinalização MEK/ERK a jusante que foram implicados na regulação positiva da atividade da NADPH oxidase.

Endocanabinoides como a anandamida também demonstraram ter como alvo o receptor vaniloide TRPV1. Neste caso, a ativação do TRPV1 promoveria um aumento na sinalização de cálcio intracelular que, por sua vez, pode impactar na expressão/atividade de enzimas geradoras de ROS, por exemplo, por meio da estimulação da atividade da CAMKII. Além disso, níveis elevados de cálcio também podem promover um aumento na geração de ROS dentro das mitocôndrias.

Endocanabinoides como a anandamida também podem transmitir efeitos protetores ao induzir a expressão de enzimas antioxidantes como catalase, superóxido dismutase e glutationa peroxidase por meio da ativação de receptores CB1R ou PPAR. Após sua absorção nas células, por exemplo, por meio de transportadores como isoformas de proteína de ligação a ácidos graxos (FABP), endocanabinoides como a anandamida também podem impactar diretamente na geração de ROS mitocondrial ao direcionar o CB1R residente nessas organelas.

Aprenda mais em https://t21.video

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

5 Fitoterápicos no tratamento do TDAH

Fitoterápicos, ou remédios à base de plantas, são alternativas naturais aos estimulantes farmacêuticos como a Ritalina (metilfenidato), medicação comumente prescrita para transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e alguns casos de narcolepsia. A ritalina não é imprescindível para toda. Se a pessoa consegue se regular e aprender estratégias para lidar com seu déficit de atenção e hiperatividade. Se consegue estudar e trabalhar, se não há extremos de ansiedade, nem depressão este e outros medicamentos não serão necessários.

Embora nenhum suplemento herbal seja tão potente quanto a Ritalina, várias ervas são opções que ajudam na concentração, atenção e função cognitiva. Aqui estão alguns exemplos:

1. Ginkgo Biloba: melhora a função cognitiva ao aumentar o fluxo sanguíneo para o cérebro e atuar como antioxidante. Pode ajudar a melhorar a concentração e a memória, tornando-se um potencial suplemento para pessoas com problemas relacionados à atenção. Outras estratégias para melhoria de perfusão sanguínea incluem bom consumo hídrico, aumento de nitratos na dieta (como suco de beterraba), suplementação adequado de B9, B12 e ferro, atividade física. O gingko também pode ser substituído por BF7 (fibroína, proteína extraída da seda). BF7 funciona muito bem, mas é bem mais caro que as demais estratégias. Marque aqui sua consulta de nutrição para conversarmos sobre o tema.

2. Bacopa Monnieri (Brahmi): adaptógeno que melhora a função cognitiva ao modular neurotransmissores como a dopamina e a serotonina. Também possui propriedades antioxidantes e pode ajudar a reduzir a ansiedade. No Brasil podemos manipular todos estes suplementos em farmácia magistral.

3. Rhodiola Rosea: outro adaptógeno que ajuda o corpo a lidar com o estresse. Pensa-se que melhora a clareza mental e o foco ao influenciar a liberação de neurotransmissores como dopamina e norepinefrina.

4. Ashwagandha: adaptógeno que ajuda o corpo a lidar com o estresse e a ansiedade. Foi demonstrado que modula os níveis de cortisol, o que pode impactar positivamente a função cognitiva e a atenção.

5. Crocus sativus como affron: este extrato padronizado em crocinas, crocetinas e safranal tem efeito semelhante ao metilfenidato na redução dos sintomas de TDAH.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/