Modulação do estresse oxidativo pelo sistema endocanabinoide

O ambiente redox celular constitui um equilíbrio delicado entre a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e sua remoção por enzimas antioxidantes e antioxidantes de pequeno peso molecular. Em baixas concentrações, as ROS estão envolvidas na regulação de vários eventos fisiológicos, incluindo sua capacidade de mediar a transdução de sinal de receptores de membrana, facilitando assim a ativação de múltiplas proteínas e enzimas.

No entanto, o acúmulo excessivo de ROS intracelular causa estresse oxidativo, que pode danificar as membranas celulares, promover lesão mitocondrial e induzir a morte celular, impactando negativamente a função e a sobrevivência das células. Isso se deve em grande parte aos efeitos prejudiciais que os radicais livres exercem sobre os lipídios celulares, proteínas e DNA, prejudicando assim sua função normal.

A desregulação da homeostase redox tem sido associada ao desenvolvimento de várias patologias, incluindo aquelas associadas a distúrbios metabólicos, como diabetes tipo 2 e obesidade, doenças cardiovasculares, bem como vários distúrbios neurodegenerativos (por exemplo, doença de Alzheimer, doença de Parkinson e esclerose múltipla).

Há evidências acumuladas que apoiam um papel fundamental do sistema endocanabinoide na modulação da produção de ROS em diferentes tipos de células. Por exemplo, foi relatado que a anandamida atenua a neurotoxicidade em resposta ao estresse oxidativo. Tanto a ativação de recepotres CB1 quanto CB2 parecem contribuir para este efeito.

Mecanismos moleculares de modulação do sistema antioxidante

A ativação de receptores CB1 e/ou CB2 estimula e/ou reprime a atividade de enzimas implicadas na geração de ROS. Por exemplo, a ativação do receptor canabinoide pode agir para suprimir a ativação dependente de AMPc de PKA, reprimindo assim a expressão e/ou atividade de enzimas como a NADPH oxidase.

Alternativamente, a estimulação do receptor canabinoide pode ativar isoformas de PKC e o eixo de sinalização MEK/ERK a jusante que foram implicados na regulação positiva da atividade da NADPH oxidase.

Endocanabinoides como a anandamida também demonstraram ter como alvo o receptor vaniloide TRPV1. Neste caso, a ativação do TRPV1 promoveria um aumento na sinalização de cálcio intracelular que, por sua vez, pode impactar na expressão/atividade de enzimas geradoras de ROS, por exemplo, por meio da estimulação da atividade da CAMKII. Além disso, níveis elevados de cálcio também podem promover um aumento na geração de ROS dentro das mitocôndrias.

Endocanabinoides como a anandamida também podem transmitir efeitos protetores ao induzir a expressão de enzimas antioxidantes como catalase, superóxido dismutase e glutationa peroxidase por meio da ativação de receptores CB1R ou PPAR. Após sua absorção nas células, por exemplo, por meio de transportadores como isoformas de proteína de ligação a ácidos graxos (FABP), endocanabinoides como a anandamida também podem impactar diretamente na geração de ROS mitocondrial ao direcionar o CB1R residente nessas organelas.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

5 Fitoterápicos no tratamento do TDAH

Fitoterápicos, ou remédios à base de plantas, são alternativas naturais aos estimulantes farmacêuticos como a Ritalina (metilfenidato), medicação comumente prescrita para transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e alguns casos de narcolepsia. A ritalina não é imprescindível para toda. Se a pessoa consegue se regular e aprender estratégias para lidar com seu déficit de atenção e hiperatividade. Se consegue estudar e trabalhar, se não há extremos de ansiedade, nem depressão este e outros medicamentos não serão necessários.

Embora nenhum suplemento herbal seja tão potente quanto a Ritalina, várias ervas são opções que ajudam na concentração, atenção e função cognitiva. Aqui estão alguns exemplos:

1. Ginkgo Biloba: melhora a função cognitiva ao aumentar o fluxo sanguíneo para o cérebro e atuar como antioxidante. Pode ajudar a melhorar a concentração e a memória, tornando-se um potencial suplemento para pessoas com problemas relacionados à atenção. Outras estratégias para melhoria de perfusão sanguínea incluem bom consumo hídrico, aumento de nitratos na dieta (como suco de beterraba), suplementação adequado de B9, B12 e ferro, atividade física. O gingko também pode ser substituído por BF7 (fibroína, proteína extraída da seda). BF7 funciona muito bem, mas é bem mais caro que as demais estratégias. Marque aqui sua consulta de nutrição para conversarmos sobre o tema.

2. Bacopa Monnieri (Brahmi): adaptógeno que melhora a função cognitiva ao modular neurotransmissores como a dopamina e a serotonina. Também possui propriedades antioxidantes e pode ajudar a reduzir a ansiedade. No Brasil podemos manipular todos estes suplementos em farmácia magistral.

3. Rhodiola Rosea: outro adaptógeno que ajuda o corpo a lidar com o estresse. Pensa-se que melhora a clareza mental e o foco ao influenciar a liberação de neurotransmissores como dopamina e norepinefrina.

4. Ashwagandha: adaptógeno que ajuda o corpo a lidar com o estresse e a ansiedade. Foi demonstrado que modula os níveis de cortisol, o que pode impactar positivamente a função cognitiva e a atenção.

5. Crocus sativus como affron: este extrato padronizado em crocinas, crocetinas e safranal tem efeito semelhante ao metilfenidato na redução dos sintomas de TDAH.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Cansaço por polimorfismo do gene AMPD1

Os polimorfismos de AMPD, ou seja, variações genéticas no gene AMPD1, que codifica a enzima adenosina monofosfato desaminase 1 (ou AMP deaminase) interferem na produção energética e bem-estar geral. Esta enzima é encontrada principalmente no músculo esquelético e desempenha um papel crítico no metabolismo energético, convertendo o monofosfato de adenosina (AMP) em monofosfato de inosina (IMP), um passo importante para manter o equilíbrio energético durante a contração muscular.

Polimorfismos AMPD1 comuns

O polimorfismo mais conhecido no gene AMPD1 é o C34T (também conhecido como rs17602729). Este polimorfismo resulta num códon de parada prematuro na posição 12 da proteína, levando a uma enzima não funcional. Pessoas com essa mutação podem ser heterozigotas (um alelo normal e um alelo mutado) ou homozigotas (ambos os alelos mutados).

Indivíduos homozigotos para a mutação C34T apresentam deficiência de AMPD1, o que significa que seus músculos não possuem AMP desaminase funcional. Isso pode levar a sintomas como:

  • intolerância ao exercício

  • cãibras musculares

  • Fadiga durante ou após o exercício

  • Queda no desempenho atlético, particularmente em atividades que exigem alta resistência.

Observação: enquanto algumas pessoas com a mutação apresentam resistência reduzida, outras podem não sentir quaisquer sintomas devido a mecanismos compensatórios.

Nem tudo é ruim! Alguns estudos sugerem que o polimorfismo AMPD1 pode proteger contra doenças cardíacas isquêmicas em certas populações. A ideia é que a atividade reduzida da AMPD1 possa levar a níveis mais elevados de AMP, o que poderia aumentar a disponibilidade de adenosina – uma molécula com efeitos protetores no coração.

O que fazer em relação ao cansaço?

Indivíduos com deficiência de AMPD1 podem beneficiar de intervenções destinadas a melhorar a função muscular ou a resistência, embora os tratamentos específicos não estejam amplamente estabelecidos.

Compreender o polimorfismo AMPD1 é importante no contexto da nutrição personalizada. Uma vez que o gene AMPD1 desempenha um papel crucial no metabolismo energético durante a atividade muscular, a manipulação da sua expressão ou função poderia, teoricamente, impactar a resistência e a resistência.

A creatina é um suplemento que pode ajudar a amortecer os níveis de ATP nos músculos e pode compensar parcialmente os déficits de energia causados ​​pela deficiência de AMPD1, melhorando potencialmente a resistência.

Outros suplementos interessantes seriam o NMN, o NADH e a Ribose, um açúcar envolvido na síntese de nucleotídeos, incluindo ATP. A suplementação de ribose poderia, teoricamente, apoiar a produção de energia em músculos com atividade AMPD1 prejudicada. Recomendo na Europa o suplemento da ZeinPharma (use o cupom ikk12m para comprar com desconto).

Fora isso, programas de exercícios que aumentam gradualmente a resistência podem ajudar os músculos a se adaptarem à atividade mais baixa do AMPD1, regulando positivamente outras vias metabólicas.

O treino intervalado de alta intensidade (HIIT) pode estimular a biogênese mitocondrial e melhorar a eficiência metabólica geral, o que pode compensar os efeitos da deficiência de AMPD1.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/