Psiconeuroimunoendocrinologia

Psiconeuroimunoendocrinologia (PNIE), uma disciplina que investiga as interconexões entre nossa mente, sistema nervoso, sistema imunológico e sistema endócrino. A PNIE visa compreender e utilizar as conexões mente-corpo para abordagens holísticas de saúde e prevenção eficaz de doenças, contribuindo significativamente para o nosso bem-estar geral.

Com a ajuda das quatro áreas do saber (psicologia, neurologia, imunologia e endocrinologia), a PNIE estuda como as nossas emoções, pensamentos e comportamentos interagem e impactam os nossos sistemas biológicos, e vice-versa. O objetivo é compreender as conexões mente-corpo e usar os insights para melhor tratar uma variedade de problemas de saúde, desde alergias e doenças autoimunes até distúrbios de saúde mental e doenças cardiovasculares.

O nascimento e o desenvolvimento da psiconeuroimunoendocrinologia

O conceito de PNIE existe desde 1936 e cresceu para reconhecer a complexa interação entre os diferentes sistemas biológicos do nosso corpo. Visionários como Walter B. Cannon lançaram as bases para o PNIE explorando os impactos fisiológicos do estresse e das emoções. Sua pesquisa “lutar ou fugir” foi fundamental, destacando como nosso corpo responde a estímulos psicológicos.

Um momento inovador ocorreu em 1975, quando os cientistas Ader e Cohen realizaram estudos que mostravam como o estresse afeta o nosso sistema imunológico. O seu trabalho ajudou a compreender como o stress pode enfraquecer o sistema imunitário (tornando-nos mais propensos a doenças) e causar reações exageradas (levando a alergias ou doenças autoimunes). Além do stress, descobriu-se que a nossa vida social, as doenças crónicas e o humor geral também desempenham um papel importante no funcionamento do nosso sistema imunitário. A pesquisa indica que condições como asma e problemas específicos de pele podem estar ligadas ao nosso estado emocional. Todas estas descobertas, que sustentam o PNIE, ajudam os profissionais de saúde a encontrar formas melhores e mais completas de tratar vários problemas de saúde, tendo em mente como a nossa mente e o nosso corpo estão interligados.

A pesquisa contemporânea do PNIE continua a explorar essas interações intrincadas, com destaques que incluem:

  • Conexão intestino-cérebro: Revelando o papel vital do nosso “segundo cérebro” (o intestino) no PNIE, que abriga numerosas células imunológicas e se comunica estreitamente com o sistema nervoso. A microbiota intestinal é principalmente um ecossistema bacteriano que afeta a homeostase de um indivíduo e interage com todos os sistemas do corpo. O intestino sintetiza elementos a partir da dieta de um indivíduo e exerce sua influência na barreira intestinal e até mesmo em órgãos, como o cérebro, por meio da barreira hemato-encefálica (BHE) do nervo vago. Entre os metabólitos estão os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), vitaminas, ácidos biliares, metabólitos derivados do triptofano e outros aminoácidos, derivados da colina e outros peptídeos (como serotonina e ácido gama-aminobutírico GABA), que modulam nosso comportamento e função cerebral. A maioria das doenças autoimunes e neurodegenerativas são acompanhadas de sintomas gastrointestinais, disbiose microbiana, hiperpermeabilidade intestinal e inflamação. Se adicionarmos o fator estresse emocional, que é um disruptor intestinal, o quadro clínico é agravado. Cuidar do intestino é fundamental.

  • Medicina de Precisão: Adaptar tratamentos com base em perfis psicológicos e emocionais individuais para melhorar os resultados de saúde. Os estudos nutrigenéticos nos ajudam a compreender o impacto da individualidade genética nas necessidades de nutrientes e recomendações nutricionais.

  • Intervenções mente-corpo: Validando a eficácia de práticas como atenção plena, meditação e yoga na melhoria da função imunológica e na promoção do bem-estar geral.

  • Gestão de Doenças Crônicas: Integrar intervenções psicossociais na gestão holística de doenças, particularmente para doenças autoimunes, diabetes e condições de dor crônica faz parte do tratamento integrativo.

Compreendendo e tratando doenças através das lentes da psiconeuroimunoendocrinologia

A PNIE fornece uma estrutura abrangente e prática para a compreensão das doenças, integrando as complexas interconexões entre os estados mentais, o sistema imunológico, o sistema endócrino e o bem-estar geral. Esta abordagem integrativa e multidisciplinar oferece um potencial significativo na promoção da saúde e do bem-estar mente-corpo de várias maneiras:

  1. Imunidade e Infecções: Ao integrar técnicas de gestão do stress, a PNIE fornece estratégias para fortalecer as respostas imunitárias, reduzindo assim a susceptibilidade a infecções comuns, como gripes ou constipações, e diminuindo potencialmente a gravidade dos sintomas sentidos.

  2. Doenças autoimunes: A PNIE informa a aplicação de intervenções personalizadas, combinando tratamentos farmacológicos com práticas de redução do estresse, o que tem se mostrado promissor no alívio da intensidade das respostas autoimunes em doenças como lúpus e artrite reumatóide.

  3. Distúrbios Relacionados ao Endócrino: A disciplina enfatiza a importância das modificações no estilo de vida e do controle do estresse para manter o equilíbrio hormonal, com aplicações práticas na prevenção e controle de condições como diabetes e disfunções da tireoide.

  4. Câncer: A pesquisa dentro da PNIE está descobrindo conexões entre estresse psicológico, disfunção imunológica e progressão do câncer. Este conhecimento está sendo usado para aprimorar estratégias de cuidados de suporte, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes e potencialmente aumentar a eficácia dos tratamentos convencionais contra o câncer.

  5. Cuidados de Saúde Centrados no Paciente: A PNIE defende um modelo de tratamento holístico, particularmente vital para condições com componentes psicológicos significativos, como dor crônica, depressão e transtornos de humor. Esta abordagem promove uma consideração equilibrada da saúde física e mental no planejamento do tratamento e no atendimento ao paciente.

À medida que o PNIE continua a revelar a complexa dinâmica da ligação mente-corpo, abre caminho para um futuro onde a saúde é vista através de uma lente holística, integrando o bem-estar mental, emocional e físico. Ao fazê-lo, o PNIE não só enriquece a nossa abordagem aos cuidados de saúde, mas também contribui para a construção de uma sociedade que valoriza e nutre uma saúde completa e equilibrada.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Genética e níveis de insulina

Toda proteína nasce a partir de um comando e começa do molde que está na sequência de DNA. Quando comemos um pão e a quantidade de glicose no sangue aumenta, é disparada uma mensagem para produção e liberação de insulina, que é um hormônio proteico. A informação sobre como o pâncreas deve fazer insulina está dentro de suas células, no núcleo, guardada na fita de DNA, especificamente no gene da insulina. Esta informação será copiada e traduzida a partir do DNA para se tornar a molécula ativa de insulina no corpo. Este hormônio regula a glicemia, a quantidade de açúcar no sangue.

Os polimorfismos no contexto da síntese de insulina e dos receptores de insulina referem-se a variações na sequência de DNA que podem afetar a produção, secreção ou interação da insulina com seus receptores. Essas variações podem ter implicações significativas para a função da insulina e influenciar o risco de desenvolver condições como diabetes. Aqui está uma visão geral dos principais polimorfismos associados à síntese de insulina e receptores de insulina:

1) Gene INS (Gene da Insulina) - Polimorfismo de Repetição em Tandem de Número Variável (VNTR): O gene INS contém uma região VNTR a montante da sequência codificadora, categorizada em alelos de Classe I (curtos), Classe II (intermediários) e Classe III (longos). O polimorfismo VNTR afeta a atividade transcricional do gene da insulina.

- VNTR de Classe I: Associado a níveis mais altos de transcrição e maior produção de insulina, comumente encontrado em indivíduos sem diabetes.

- VNTR de Classe III: Ligado a uma atividade transcricional mais baixa e produção reduzida de insulina, associado a um risco maior de diabetes tipo 1.

2) Gene INSR (Gene do Receptor de Insulina)

- Polimorfismo G972R: Um polimorfismo de nucleotídeo único (SNP) no éxon 10 do gene INSR, resultando na substituição de glicina por arginina na posição 972. Este polimorfismo está associado à resistência à insulina.

- Variante G972R: A presença da variante de arginina pode prejudicar a sinalização da insulina, contribuindo para a redução da sensibilidade à insulina e aumento do risco de diabetes tipo 2.

3) Outros Polimorfismos do INSR

- rs2059806: Um polimorfismo associado a diferenças na sensibilidade à insulina e ao risco de síndrome metabólica.

- rs1799817: Este SNP está localizado na região promotora do gene INSR e pode afetar a expressão do gene, influenciando os níveis de receptor de insulina e a sensibilidade à insulina.

Consultas: www.andreiatorres.com/consultoria

🧬 Os genes não são lidos o tempo todo!

Você sabia que nosso DNA contém milhares de genes, mas nem todos estão ativos o tempo inteiro? Cada gene só é “ligado” ou “lido” quando o corpo precisa daquela proteína específica. Por exemplo, o gene que produz a insulina — o hormônio responsável por ajudar a glicose a entrar nas células — só é ativado quando o organismo precisa dela.

Imagine que você comeu uma banana 🍌, que tem bastante glicose. Seu corpo vai sinalizar para que o gene da insulina seja lido, iniciando a produção do hormônio. A insulina então circula no sangue e ajuda a glicose a entrar nas células, fornecendo energia. Se você não comer, ou não precisar de tanta insulina naquele momento, o gene fica “desligado” e não há produção do hormônio. Isso evita desperdício e mantém tudo em equilíbrio!

Mas como o nosso corpo sabe onde começa e onde termina um gene, já que o DNA é uma longa fita cheia de informação?

Início do gene

Os genes têm regiões chamadas promotores, que funcionam como “interruptores” que ativam a leitura do gene. É nessa região que a célula “enxerga” que aquele gene deve ser lido. Depois do promotor, vem o início da transcrição, onde o DNA começa a ser copiado em RNA, e mais adiante, o início da tradução, onde começa a síntese da proteína. O promotor é a região onde a RNA polimerase se liga para iniciar a transcrição.

Nos eucariontes (DNA contido dentro do núcleo da célula) identificamos esta região pelo TATA box (ex: TATAAA), geralmente a ~25 pares de bases antes do ponto inicial da transcrição. O início da transcrição geralmente é marcado pela presença da base Adenina (A) no DNA, fita em rosa, na imagem (direção 5' → 3').

Fim do gene

No final do gene, existem sinais especiais chamados terminadores e códons de parada (como UAA, UAG e UGA no RNA - fita em verde, na imagem) que indicam para a célula onde a produção da proteína deve parar. Assim, a célula sabe exatamente o que deve ser feito, nem mais, nem menos.

Quer entender mais sobre como funciona o incrível controle do nosso DNA? Acesse o curso de genômica nutricional: https://bit.ly/genomica-at

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Pessoas obesas precisam de mais ou menos proteína?

Indivíduos obesos podem ter diferentes necessidades de proteína em comparação com aqueles com peso saudável, mas isso não significa necessariamente que precisem de menos proteína por quilograma de peso corporal. Aqui estão alguns pontos chave a considerar:

Fatores que Afetam as Necessidades de Proteína em Indivíduos Obesos

1. Massa Corporal Magra: As necessidades de proteína são frequentemente calculadas com base na massa corporal magra em vez do peso corporal total. Indivíduos obesos geralmente têm uma porcentagem maior de gordura corporal, então calcular as necessidades de proteína com base na massa magra pode fornecer uma estimativa mais precisa.

2. Objetivos de Perda de Peso: Durante a perda de peso, é crucial preservar a massa corporal magra (músculo). Uma ingestão maior de proteína pode ajudar a manter a massa muscular enquanto se perde gordura.

3. Requisitos de Proteína:

- As recomendações gerais para a ingestão de proteína são em torno de 0,8 gramas por quilograma de peso corporal para o adulto médio. Para indivíduos obesos, alguns especialistas sugerem usar um peso corporal ajustado ou massa corporal magra para calcular as necessidades de proteína.

- Uma fórmula ajustada poderia ser:

Peso Corporal Ajustado = Peso Corporal Ideal + [0,25 x (Peso Atual) - Peso Corporal Ideal]

- Para perda de peso e preservação muscular, as recomendações podem aumentar para 1,2-1,6 gramas por quilograma de peso corporal ajustado ou massa corporal magra.

Dicas

  • Marque uma consulta online para conversarmos melhor sobre suas necessidades.

  • Enfatize fontes de proteína de alta qualidade como carnes magras, peixes, ovos, laticínios, legumes e proteínas de origem vegetal.

  • Monitore regularmente a composição corporal e a ingestão de proteína pode ajudar a ajustar as necessidades de proteína ao longo do tempo, especialmente durante as fases de perda de peso ou construção muscular.

Lembre: embora indivíduos obesos não necessariamente precisem de menos proteína por quilograma de peso corporal, é essencial calcular as necessidades de proteína com base na massa corporal magra ou peso corporal ajustado, em vez do peso corporal total. Uma ingestão maior de proteína pode ser benéfica para preservar a massa muscular magra durante a perda de peso. Consultar um profissional de saúde ou nutricionista é aconselhável para adaptar a ingestão de proteína às necessidades individuais.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/