Nutriose: conheça os efeitos desta fibra solúvel

Nutriose é uma fibra alimentar solúvel derivada de trigo ou milho. É um tipo de dextrina parcialmente hidrolisada e com alto grau de polimerização. Esta fibra é resistente à digestão no intestino delgado e fermenta lentamente no cólon, tornando-se um prebiótico que pode influenciar positivamente a microbiota intestinal.

Efeitos da nutriose na microbiota intestinal

Propriedades Prebióticas: Nutriose atua como um prebiótico, promovendo o crescimento de bactérias benéficas no intestino. Estudos demonstraram que Nutriose pode aumentar a população de Bifidobactérias e Lactobacilos, que são importantes para manter um ambiente intestinal saudável. A suplementação de 8 a 15g ao dia, por 14 dias, reduz a quantidade de Clostridium perfringens no intestino.

Diversidade Microbiana: A suplementação com Nutriose tem sido associada a um aumento na diversidade microbiana. Isto é benéfico porque uma microbiota intestinal diversificada está frequentemente associada a melhores resultados de saúde e resiliência contra agentes patogénicos.

Fermentação e produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC): Durante a fermentação, a Nutriose é decomposta pelas bactérias intestinais para produzir AGCC, como butirato, propionato e acetato. Estes AGCC desempenham um papel crucial na manutenção da saúde intestinal, fornecendo energia aos colonócitos e exibindo propriedades anti-inflamatórias.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Efeito do Clostridium perfringens, disbiose e esclerose múltipla

Clostridium perfringens é uma bactéria Gram-positiva, anaeróbica e formadora de esporos, comumente encontrada no ambiente, incluindo o solo e no intestino de humanos e animais. Embora muitas vezes seja um organismo comensal inofensivo, sob certas condições, pode se tornar patogênico e causar uma série de doenças gastrointestinais. Aqui está uma visão detalhada dos efeitos de Clostridium perfringens no intestino:

1. Intoxicação Alimentar

- Mecanismo: C. perfringens tipo A é uma das causas mais comuns de intoxicação alimentar no mundo. A bactéria produz uma enterotoxina (CPE) durante a esporulação no intestino.

- Sintomas: Os sintomas geralmente incluem cólicas abdominais e diarreia dentro de 6-24 horas após a ingestão de alimentos contaminados. A doença geralmente é autolimitada e se resolve em 24-48 horas. Embora a condição seja geralmente leve, pode ser grave em populações vulneráveis, como idosos ou indivíduos imunocomprometidos.

2. Enterite Necrosante

- Mecanismo: Esta condição rara, mas grave, é frequentemente causada por C. perfringens tipo C. A bactéria produz toxina beta, que pode causar danos extensivos ao revestimento intestinal.

- Sintomas: Os sintomas incluem dor abdominal severa, diarreia sanguinolenta e, em casos extremos, perfuração intestinal e septicemia. A enterite necrosante requer atenção médica imediata e pode ser fatal se não tratada prontamente (Stevens, & Bryant, 2012).

3. Diarreia Associada a Antibióticos

- Mecanismo: C. perfringens pode proliferar no intestino quando a flora intestinal normal é perturbada, como após o tratamento com antibióticos. Esse crescimento excessivo pode levar a diarreia associada a antibióticos (Lopetuso et al., 2013).

- Sintomas: Os sintomas variam de diarreia leve a colite grave, dependendo do nível de produção de toxinas e da resposta imune do indivíduo. Esta condição enfatiza a importância de manter o equilíbrio da flora intestinal, especialmente durante e após o uso de antibióticos.

4. Efeitos na Microbiota Intestinal

  • Perturbação do Equilíbrio Microbiano: C. perfringens pode levar a disbiose. A disbiose está associada a vários distúrbios gastrointestinais e pode comprometer a função da barreira intestinal.

  • Respostas Inflamatórias: A presença de C. perfringens e suas toxinas pode desencadear respostas inflamatórias no intestino, contribuindo para condições como doenças inflamatórias intestinais (DII).

  • Permeabilidade Intestinal: As toxinas produzidas por C. perfringens podem danificar o epitélio intestinal, aumentando a permeabilidade intestinal. Isso pode permitir que patógenos e toxinas entrem na corrente sanguínea, levando a efeitos sistêmicos. Myers et al. (2006) revisaram o papel da enterotoxina de C. perfringens em causar doenças transmitidas por alimentos e descobriram que a toxina interrompe as junções apertadas no epitélio intestinal, levando ao aumento da permeabilidade intestinal e diarreia.

CLOSTRIDIUM PERFRINGENS E ESCLEROSE MÚLTIPLA

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica desmielinizante imunomediada que afeta o sistema nervoso central (SNC). Na EM, as células inflamatórias do sistema imunológico são ativadas e causam neuroinflamação e danos à mielina, às fibras nervosas e às células que produzem mielina.

Vários fatores genéticos e ambientais influenciam o risco de desenvolvimento de EM. Talvez o fator dietético mais significativo que tem sido relacionada com a ocorrência de EM e seu curso da doença é a vitamina D. Outro fator dietético recente associado à autoimunidade é o alto consumo de sal.

A pesquisa também está demonstrando uma ligação entre a microbiota intestinal (bactérias em nosso intestino) e EM. A dieta desempenha um papel importante na formação de nossa microbiota intestinal e também é implicado em várias outras doenças crônicas (diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão). A disbiose intestinal é comum na EM.

As lesões de EM estão centradas nas vênulas pós-capilares e o comprometimento da função da barreira hematoencefálica (BHE) é considerado o evento mais precoce na evolução da lesão, abrindo caminho para a entrada de linfócitos autorreativos de mielina.

Acredita-se que o início da doença e, portanto, a formação de lesões, exija um gatilho ambiental em um indivíduo geneticamente suscetível, mas agentes ambientais biologicamente plausíveis responsáveis ​​pela indução de lesões têm sido elusivos.

A transferência de microbiota intestinal de gêmeos idênticos discordantes para EM revelou uma incidência significativamente maior de autoimunidade em camundongos que receberam microbiota de camundongos afetados por EM em comparação com seus gêmeos saudáveis.

A toxina épsilon (ETX) produzida por C. perfringens parece desencadear a EM porque esta neurotoxina tem como alvo específico as células endoteliais do SNC, levando à ruptura da integridade da BHE.

Presumimos que os fatores responsáveis ​​pela formação das lesões iniciais na EM sejam os mesmos responsáveis ​​pela formação de novas lesões ao longo do curso da doença. Ou seja, os desencadeadores ambientais da EM provavelmente não ocorrem de uma só vez no início da doença, mas surgem repetidamente ao longo do curso da doença.

A atividade da doença da EM está ligada a um aumento da abundância relativa de Bacillota (Firmicutes), que inclui o género Clostridium, sugerindo que o microbioma intestinal da EM favorece episodicamente o crescimento deste filo. Além de nossas descobertas, é notável que a espécie C. perfringens é a bactéria mais associada à neuromielite óptica, que é um distúrbio desmielinizante imunomediado que afeta a medula espinhal e o nervo óptico.

O vírus Epstein Barr (VEB) foi proposto como um gatilho ambiental para EM. Contudo, o vírus sozinho não causa EM. Aproximadamente 94% da dos adultos possuem anticorpos contra o VEB. Isto sugere que, embora o mesmo possa desempenhar um papel na patogênese da EM, é necessário um factor causal adicional, mas menos amplamente distribuído, como o C. perfringens tipo B ou D.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Por que chocolates possuem tanto metal pesado?

Se você é fã de chocolates como eu, tenha cuidado com as marcas que consome. Nos Estados Unidos, Bryan Johnson pagou o teste de 11 marcas de chocolate amargo em relação aos metais pesados ​​(arsênico, chumbo, cádmio e mercúrio) e flavanóis de cacau (antioxidantes).

O ideal é o mínimo de metais pesados com o máximo de flavonóides na forma de flavanóis. Veja na imagem o escore final, calculado pela divisão:
Flavonóides (Flavanóis totais)/metais pesados ​​totais.

Mesmo marcas famosas como Lindt não ficaram bem, devido ao alto teor de metais pesados. Outro estudo, realizado pela Consumer Reports já havia encontrado o mesmo, com níveis de metais pesados ​​perigosos em chocolates da Hershey's, Theo, Trader Joe's e outras marcas populares dos EUA.

Como os metais pesados entram nos chocolates?

O chocolate é feito a partir da semente do cacau, que possui dois componentes principais: sólidos de cacau e manteiga de cacau. A reputação do chocolate amargo como uma guloseima relativamente saudável decorre principalmente dos sólidos do cacau. Eles são repletos de flavanóis, que são antioxidantes ligados à melhoria da função dos vasos sanguíneos, à redução da inflamação e ao colesterol. O chocolate amargo também tem menos açúcar e mais fibras do que o chocolate ao leite, além de conter magnésio e potássio. Infelizmente, os sólidos do cacau também são onde se escondem os metais pesados.

O chocolate amargo tende a ser mais rico em metais pesados ​​do que o chocolate ao leite, provavelmente devido ao seu maior teor de cacau. O chumbo e o cádmio parecem entrar no cacau de maneiras diferentes. As plantas de cacau absorvem cádmio do solo, com o metal se acumulando nos grãos do cacau à medida que a árvore cresce. Isso é semelhante à forma como os metais pesados ​​contaminam alguns outros alimentos.

Resolver o cádmio é complicado. A criação cuidadosa ou a engenharia genética de plantas para absorver menos metais pesados ​​poderia ajudar, embora isso possa levar vários anos. Outras opções potenciais incluem a substituição de cacaueiros mais velhos por outros mais jovens, porque os níveis de cádmio tendem a aumentar à medida que as plantas envelhecem. Também é importante não plantar ou colher de solos contaminados por cádmio. O tratamento do solo seria outra opção.

O chumbo parece entrar no cacau depois que os grãos são colhidos. O metal fica normalmente na casca externa do grão de cacau, e não no próprio grão. Os níveis de chumbo tendem a ser baixos logo após a colheita e remoção dos grãos das vagens, mas aumentam à medida que os grãos secam ao sol durante dias.

Para o chumbo, é importante que, durante as práticas de colheita e fabricação, deve-se minimizar o contato do solo com o cacau enquanto eles ficam expostos ao sol. A secagem deve ser realizada em mesas ou lonas limpas longe das estradas ou com coberturas protetoras, de modo que a poeira contaminada com chumbo não seja incorporada pelo cacau. não cairá sobre eles. Outra opção seria encontrar maneiras de remover contaminantes metálicos quando os grãos são limpos nas fábricas.

Alguns fabricantes misturam grãos de áreas com alto teor de cádmio com grãos com níveis mais baixos. Já o consumidor deve escolher marcas menos contaminadas e consumir chocolates com moderação. Não devemos presumir que os chocolates amargos orgânicos são mais seguros. Os testes mostram que o nível de contaminação dos mesmos também é elevado.

As mesmas preocupações podem estender-se a produtos feitos com cacau em pó – que é essencialmente sólido de cacau puro – como cacau quente e misturas para brownies e bolos.

Sinais e sintomas da intoxicação por metais pesados

A exposição consistente e prolongada, mesmo a pequenas quantidades de metais pesados, pode levar a uma variedade de problemas de saúde. O perigo é maior para as pessoas grávidas e crianças pequenas porque os metais podem causar problemas de desenvolvimento cerebral.

- Arsênico: hálito e suor com odor de alho, anemia com leucopenia moderada e eosinofilia, náuseas, vômitos, constipação ou diarreia, lesão do músculo cardíaco, formigamentos, anorexia, cãibras e fraqueza em pernas e pés, hiperpigmentação da pele, queda de cabelo, insuficiência pulmonar, problemas renais, dermatológicos, hepáticos, além de neurotoxicidade.

- Chumbo: falta de apetite, cefaléia, irritabilidade, distúrbios visuais, dismielinização, encefalopatia, alucinações, convulsões, anemia, alterações no sistema reprodutor, renal e hepático, hipertensão arterial, neoplasia e má formações fetais, hiperatividade em crianças, baixo rendimento escolar, déficit de memória e infecções respiratórias.

- Cádmio: diabetes, vários tipos de cânceres, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.

- Mercúrio: aspecto cinza escuro na boca e faringe, dor intensa, vômitos, sangramento nas gengivas, sabor metálico na boca, ardência no aparelho digestivo, diarréia grave ou sanguinolenta, estomatite, glossite, nefrose, problemas hepáticos graves, transtornos nervosos, caquexia, anemia, hipertensão, possibilidade de alteração cromossômica.

Dicas

Tenha uma dieta equilibrada. Variar os alimentos que você ingere pode ajudá-lo a evitar o consumo excessivo de metais pesados ​​de outras fontes. Uvas, maçãs, chá verde e alguns outros alimentos saudáveis ​​podem até fornecer alguns dos mesmos flavonóides que o chocolate fornece. Além disso, fazer isso pode ajudar a fornecer uma variedade de nutrientes que podem ajudar a compensar alguns dos danos causados ​​pelos metais pesados. Estes incluem cálcio, ferro, selênio, vitamina C e zinco.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/