Suplementação de magnésio na infância

O magnésio é um mineral essencial ao desenvolvimento saudável de bebês e crianças. Promove o crescimento ósseo saudável, ajuda na função muscular e nervosa, suporta o sistema imunológico, auxilia na regulação do sono.

Alimentos ricos em magnésio incluem: sementes (linhaça, gergelim), vegetais verde escuros, castanhas (amêndoa, amendoim), germe de trigo e aveia. Comida de verdade é sempre a melhor estratégia para a a saúde infantil.

Além disso, algumas crianças podem se beneficiar da suplementação. A determinação da dose ideal depende do consumo, idade, peso corporal, condições de saúde específicas, presença de sintomas (sonolência, fraqueza, perda de apetite ou convulsões).

Doses diárias usuais:

- Bebês até 6 meses: 30 mg

- Bebês 7 a 12 meses: 75 mg

- Crianças de 1 a 3 anos: 80 a 130 mg

- Crianças de 9 a 13 anos: 240 a 360 mg

Estes suplementos podem ser administrados em pó para dissolução em líquidos, gomas, tabletes mastigáveis, xaropes. Mas atenção, sempre consulte um nutricionista antes de iniciar qualquer suplemento. Observe reações adversas e interrompa se necessário.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Inovações em nutrição esportiva

A cada década novas inovações surgem na área de nutrição esportiva. Chegamos à atualidade com as tecnologias ômicas sendo utilizadas como guia para uma nutrição cada vez mais individualizada.

O desempenho atlético humano é um fenótipo complexo influenciado por fatores ambientais e genéticos, sendo a maioria das características relacionadas ao exercício de natureza poligênica.

O exercício e o treinamento específico para esportes induzem a estimulação de muitas redes biológicas que contribuem para a resposta complexa, porém coordenada, do corpo humano às perturbações na homeostase e na demanda mecânica. Os desenvolvimentos das tecnologias ômicas criaram novas possibilidades no estudo dos mecanismos moleculares subjacentes ao desempenho atlético. Os avanços tecnológicos nos estudos de associação genômica e no perfil da expressão gênica contribuíram para a nossa compreensão dos genes, vias e redes biológicas envolvidas na resposta ao exercício, bem como a presença de variabilidade nas respostas de treinamento entre os indivíduos.

A genômica esportiva é a disciplina científica que se concentra na organização e função do genoma em atletas de elite e tem como objetivo desenvolver métodos moleculares que possam ser utilizados para práticas médicas desportivas, treino físico personalizado, prescrição nutricional e prevenção de lesões e/ou doenças relacionadas com o exercício. Recentemente, uma nova subdisciplina do campo conhecida como cinesiogenômica foi introduzida, combinando cinesiologia – o estudo científico do movimento humano – e genômica.

De muita importância para o atleta é também a genômica nutricional. Tenho vários artigos sobre o tema em meu canal no YouTube e neste curso online.

A genética e a genômica esportiva poderão um dia ajudar os indivíduos a alcançar resultados superiores na sua saúde e bem-estar geral. Em ambientes atléticos, a informação genética tem o potencial de identificar indivíduos com uma predisposição natural para alcançar o sucesso em atividades atléticas específicas e também pode ser útil para atletas que procuram compreender e fazer melhorias em atributos específicos de desempenho onde a sua predisposição genética pode ser menos favorável.

Além disso, há espaço para a informação genética auxiliar em estratégias que visam reduzir os riscos de lesões e aumentar o processo de reabilitação quando um atleta sofre uma lesão. Mais pesquisas colaborativas são necessárias para confirmar a influência potencial de variantes genéticas em atletas de diferentes origens esportivas, a fim de identificar marcadores mais informativos da saúde e do desempenho dos atletas.

A utilização de testes genéticos no desporto apresenta uma série de possibilidades para atletas, treinadores e pessoal médico compreenderem a suscetibilidade dos atletas a condições patológicas específicas, incluindo lesões desportivas, morte súbita e cardiomiopatias, entre outras.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Regulamentação da Cannabis medicinal em Portugal e no Brasil

O estatuto regulamentar e legal da cannabis medicinal é complexo em todos os países. No Brasil a Cannabis é permitida para o uso medicinal em algumas doenças. Em Portugal há uma legislação de uso medicinal e de uso como alimento/suplemento.

Regulamentação da cannabis no Brasil

Em 2015, a Anvisa divulgou a resolução RDC 17/2015, que permitia a importação controlada de produtos à base de CBD para tratar pacientes com condições médicas específicas, como epilepsia grave. A regulamentação continuou a evoluir, com a RDC 17/2015 sendo posteriormente revogada pela RDC 156/2017, que estabeleceu diretrizes mais detalhadas para a importação e o uso de produtos à base de CBD, bem como outros medicamentos derivados da cannabis.

A grande transformação na regulamentação aconteceu com a publicação da RDC 327/2019, que representou um avanço significativo na criação de regras claras para a fabricação, registro e distribuição de produtos à base de CBD, assim como prescrição, dispensação, monitoramento e fiscalização de produtos de Cannabis para fins medicinais no Brasil. Também, definiu limites para o teor de THC, o composto psicoativo da cannabis, nos produtos à base de CBD.

Em 2023, a senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) propôs o projeto de lei (PL 5511/2023) para regulamentar o uso medicinal da cannabis no país. O texto estabelece, entre outros aspectos, normas para o cultivo e importação de cannabis e de produtos à base da planta para fins medicinais, de uso humano e veterinário. A proposta aguarda designação de relator na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA).

A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou em maio de 2024 o relatório de análise de impacto regulatório sobre produtos de cannabis para fins medicinais. O documento trata do cenário regulatório da cannabis para fins medicinais no Brasil e apoia a manutenção da atual estratégia de autorização desses produtos no país.

Em nota, a Anvisa destacou os principais pontos da votação e, consequentemente, do relatório, que apontam necessidade de melhorias na atual resolução, mas mantêm o formato de autorização dos produtos:

  • renovação da autorização sanitária por mais cinco anos;

  • ampliação das vias de administração, incluindo além das vias de administração oral e inalatória, a sublingual e a dermatológica;

  • previsão de tempo para comercialização e esgotamento de estoque;

  • necessidade de ações, dentro do escopo de atuação da Anvisa, para ampliar o acesso a produtos medicinais obtidos a partir da cannabis em termos de custo, qualidade e disponibilidade;

  • facilitação das atividades de pesquisa científica, englobando desenvolvimento de produto acabado (forma farmacêutica), desenvolvimento analítico, pesquisa pré-clínica e clínica;

  • promoção de ações de divulgação científica para esclarecimento da população acerca das evidências existentes para embasamento do uso racional da cannabis para fins medicinais e dos riscos associados.

Regulamentação da Cannabis medicinal em Portugal

A Cannabis para fins medicinais foi oficialmente legalizada em Portugal em 2018, embora a primeira autorização de colocação no mercado só tenha sido emitida pelo Infarmed em 2021. Até à data, em Portugal existe apenas uma substância à base da planta da Cannabis para fins medicinais aprovada e disponível para prescrição para pessoas com doença severa que tenham consultado um médico e “nos casos em que os tratamentos convencionais não produziram os efeitos esperados ou provocam efeitos adversos relevantes”, e de acordo com uma lista de indicações terapêuticas consideradas adequadas pelo Infarmed.

A Cannabis para fins medicinais pode ser produzida sob a forma de flor seca da planta da Cannabis (isto é, inteira ou granulada) ou outras formas farmacêuticas derivadas da planta da Cannabis (por ex., um extrato). Atualmente, apenas um medicamento à base de canabinoides (nabiximols, disponível como spray para aplicação na mucosa oral, que contém uma combinação de canabinoides, incluindo 2,7 mg/ml de delta-9-tetrahidrocanabinol [THC] e 2,5 mg/ml de canabidiol [CBD]) e uma flor da planta da Cannabis para fins medicinais (disponível como flor seca para inalação, que contém 18% de THC e <1% de CBD) são comercializados em Portugal.

O canabidiol (CBD) não é um canabinoide psicoativo. Assim, a Autoridade de Segurança Alimentar e Econômica (ASAE), classifica as flores, folhas e extratos de qualquer parte da planta Cannabis sativa, assim como os alimentos aos quais os mesmos foram adicionados, como “novos alimentos”. Por conseguinte, o CBD pode ser comercializado em Portugal como suplemento alimentar quando for aprovado pela EFSA como novo alimento, e o regulador nacional não se opuser.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/