Papeis do magnésio no cérebro

O magnésio (Mg) é vital em todos os sistemas vivos. O músculo esquelético possui mais magnésio que o cérebro. A falta de magnésio no músculo pode gerar cãibras, dores musculares, falta de energia, prisão de ventre.

Mas não é porque o cérebro tem menos magnésio, que este mineral é menos importante. O Mg é fundamental para a transmissão de sinais nervosos e para a manutenção do equilíbrio de íons, como cálcio. O cálcio, por sua vez, desempenha um papel importante no controle da atividade sináptica e na formação da memória.

O Mg controla quanto cálcio deve entrar e sair do neurônio. Também afeta as principais vias de neurotransmissão excitatórias e inibitórias. É um agonista do receptor do GABA, neurotransmissor com ação relaxante (ansiolítica). Por outro lado, o Mg inibe o receptor de glutamato N-metil-D-aspartato (NMDA-R), evitando a hiperestimulação do glutamato e a morte neuronal.

O Mg também protege a integridade e a função da barreira hematoencefálica (BHE). A BHE protege o cérebro contra toxinas e patógenos e controla bidirecionalmente a passagem de moléculas entre o sangue e o sistema nervoso central (SNC). A BHE também uma fonte relevante de diversas neurotrofinas, entre as quais está o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), que contribui para a plasticidade neuronal e é essencial para a aprendizagem e a memória.

A suplementação de Mg aumenta o BDNF sérico em pacientes com depressão. O Mg no cérebro também tem um papel no combate ao estresse oxidativo e na inibição da liberação de moléculas vasoativas, entre as quais está a substância P. Não é de surpreender que um déficit de Mg no cérebro desequilibre a função neural e tenha sido associado à neuroinflamação e à neurodegeneração.

A neuroinflamação compartilha características primárias comuns com a inflamação periférica, como a ativação de macrófagos residentes, ou seja, microglia, o aumento de mediadores inflamatórios, o recrutamento de células imunes periféricas e lesão tecidual local. Na microglia primária, o Mg inibe a ativação do fator nuclear kappa B (NF-κB) por lipopolissacarídeos (LPS) bacterianos.

Devido ao seu alto metabolismo oxidativo que consome aproximadamente 20% do oxigênio basal total, o cérebro produz uma alta quantidade de radicais livres de oxigênio (EROs). Em baixas concentrações, os EROs atuam como moléculas sinalizadoras e desempenham um papel no crescimento e regeneração axonal. Mas, em resposta a danos nos tecidos ou à ativação de patógenos, a microglia produz um excesso de EROs, acelerando o envelhecimento cerebral e a neurodegeneração. O Mg mitiga a produção de EROs em vários tecidos, incluindo o SNC (Maier et al., 2023).

O magnésio como L-treonato é único na sua capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica de forma mais eficaz do que outras formas de magnésio, resultando numa absorção superior pelo cérebro.

Este estudo demonstrou que 450mg de magnésio elementar por um período de 12 semanas foi tão eficaz quanto 50mg do antidepressivo imipramina.

O magnésio treonato pode ser manipulado em farmácia magistral ou encontrado no iHerb:

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Como as fibras prebióticas interagem com a microbiota intestinal

A ciência da microbiota intestinal continua a revelar como o que comemos impacta diretamente nossa saúde. Um estudo recente, "Microbiota responses to different prebiotics are conserved within individuals and associated with habitual fiber intake", publicado na Cell Host & Microbe, investiga como diferentes tipos de prebióticos afetam a microbiota intestinal — e, mais importante, como esses efeitos são consistentes dentro de cada indivíduo e modulados pela quantidade de fibra que cada pessoa consome regularmente.

Os pesquisadores testaram três tipos de prebióticos: inulina, galacto-oligossacarídeos (GOS) e dextrina de milho resistente. Eles analisaram como esses compostos afetavam a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) — principalmente o butirato, um metabólito-chave com efeitos benéficos para o intestino e a saúde geral.

Foram avaliadas amostras de microbiota fecal de 28 indivíduos saudáveis, em um design cruzado (cada participante recebeu os três tipos de prebiótico em semanas diferentes).

Mesmo com tipos diferentes de prebióticos, cada indivíduo apresentou respostas consistentes da microbiota. Ou seja, se uma pessoa respondia bem à inulina (com aumento na produção de butirato, por exemplo), ela tendia a responder bem também aos outros dois tipos de prebióticos.

A ingestão habitual de fibras influencia as respostas

Pessoas que já consumiam altas quantidades de fibras regularmente tiveram respostas mais fracas aos suplementos prebióticos. Já aquelas com baixa ingestão de fibras mostraram maior aumento na produção de AGCC após a intervenção.

Interpretação possível: quem já consome muitas fibras pode ter sua microbiota "saturada" ou adaptada, o que limita a resposta adicional aos prebióticos.

Esse estudo ajuda a explicar por que os suplementos prebióticos funcionam melhor para algumas pessoas do que para outras. Ele mostra que:

  • Não existe um prebiótico universal: a eficácia depende do indivíduo.

  • O histórico alimentar — especialmente a quantidade de fibras consumidas regularmente — influencia diretamente o efeito dos prebióticos.

  • Respostas microbianas são previsíveis dentro de um mesmo indivíduo, mesmo com diferentes prebióticos.

Dicas

  • Comece aos poucos: Para quem tem dieta pobre em fibras, a introdução de prebióticos pode causar efeitos mais perceptíveis — e até desconfortos intestinais se feita bruscamente.

  • Consistência é chave: As respostas são individuais e estáveis ao longo do tempo, então o que funciona para você provavelmente continuará funcionando.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Fibras e a microbiota

A microbiota intestinal desempenha um papel importante na saúde humana. Algumas estratégias podem modular a microbiota, como o uso de probióticos, prebióticos e até mesmo o transplante fecal. Uma das mais simples e eficazes é a ingestão de fibras alimentares que são metabolizáveis ​​pela própria microbiota intestinal, produzindo metabólitos que incluem ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como acetato, propionato e butirato, com funções benéficas locais e sistêmicas (Abreu et al., 2021).

O que são fibras alimentares?

Fibras alimentares podem ser definidas como "polímeros de carboidratos com 10 ou mais unidades monoméricas, que não são hidrolisados (quebrados) ​​pelas enzimas endógenas no intestino delgado de humanos".

A fibra alimentar pode ser classificada de acordo com sua natureza ou origem, propriedades coligativas e fermentabilidade. Com relação à sua natureza ou origem, ela é classificada como alimentar (intrínseca ou intacta, que é encontrada em alimentos) ou funcional (extraída ou sintética). Em relação às suas propriedades coligativas, a estrutura química da fibra define duas características relacionadas aos seus mecanismos de ação. A primeira é a solubilidade: a fibra pode ser solúvel (com diferentes graus de solubilidade) ou insolúvel em água. A fibra solúvel é mais viscosa e fermentável do que a fibra insolúvel, que forma gel de baixa, média ou alta viscosidade.

Em relação à fermentabilidade, a fibra pode ser não fermentável, parcialmente fermentável (semifermentável) ou completamente fermentável. Todas essas propriedades físico-químicas sustentam as funções da fibra no organismo. No entanto, diferentes tipos de fibras têm diferentes combinações dessas propriedades e, consequentemente, seus efeitos sobre os humanos são diferentes. Da mesma forma, o mesmo alimento pode conter quantidades variáveis ​​de diferentes tipos de fibras.

Agrupamento das fibras alimentares de acordo com o grau de solubilidade e fermentabilidade

a) Fibra solúvel de cadeia curta, altamente fermentável: é composta de oligossacarídeos, como frutooligossacarídeos (FOSs) e galactooligossacarídeos (GOSs) e dextrina de trigo, que estimulam a produção de bifidobactérias. Tem um efeito laxante fraco e não afeta o tempo de trânsito intestinal, embora produza muito gás.

b) Fibra solúvel de cadeia longa, altamente fermentável: estimula o crescimento bacteriano em geral, tem um efeito laxante fraco, não afeta o tempo de trânsito intestinal e produz uma quantidade moderada de gases. Exemplos: pectina, goma guar, beta-glucanas, inulina.

c) Fibra medianamente fermentável, parcialmente solúvel: tem um bom efeito laxante, acelera o trânsito intestinal, estimula o crescimento bacteriano em geral e produz uma quantidade moderada de gases. Exemplo: psyllium

d) Fibra insolúvel lentamente fermentável: tem um bom efeito laxante, estimula o crescimento bacteriano e produz uma quantidade moderada de gases. Exemplo: celulose, liginina, algumas pectinas e hemiceluloses.

Quantidade média de fibras em 1 xícara de alimento

  • Lentilhas: 12,6g de fibras por xícara

  • Feijão preto: 12,4g de fibras por xícara

  • Ervilha verde: 6,5g de fibras por xícara

  • Coco: 5,8g de fibras por xícara

  • Abacate: 5,1g de fibras por xícara

  • Grão de bico: 4g de fibras por xícara

  • Couve de Bruxelas: 3,7g de fibras por xícara

  • Cenouras: 3,6g de fibras por xícara

  • Pipoca: 3,6g de fibras por xícara

  • Kiwi: 3,4g de fibras por xícara

  • Aveia: 2,9g de fibras por xícara

  • Milho: 2,2g de fibras por xícara

  • Brócolis: 2,1g de fibras por xícara

  • Morangos: 1,7g de fibras por xícara

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/