Benefícios e contra-indicações do jejum intermitente

Estudos mostram que o jejum intermitente pode gerar uma série de benefícios para o corpo. Quando a prática de jejum gera uma restrição calórica de 20 a 25% das calorias habitualmente consumidas, observam-se benefícios na saúde metabólica (Patterson et al., 2015), como redução do peso, níveis de colesterol, proteína C reativa, glicemia e insulinemia. As melhorias metabólicas podem ser suficientes, a longo prazo, para a redução do risco de obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer

Apesar dos possíveis benefícios, existem contra-indicações para o jejum:

  • Gestantes

  • Crianças e adolescentes

  • Pessoas com baixa massa magra

  • Indivíduos com caquexia do câncer ou relacionada ao envelhecimento

  • Pessoas com história passada de transtorno alimentar (anorexia nervosa, bulimia, transtorno da compulsão alimentar periódica)

Existem muitas formas de jejum intermitente por aí. Como iniciante, comece devagar, preferencialmente com acompanhamento. Sinta-se à vontade para testar diferentes métodos e acompanhe a plataforma da saúde metabólica para aprender mais.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Microbiota e saúde ginecológica

Infecções podem ser causa de câncer. Alguns microorganismos estão diretamente ligados ao desenvolvimentos de tumores, como vírus da hepatite B e C, vírus HIV, Helicobacter pylori, e HPV.

A disbiose intestinal é um gatilho indireto para o desenvolvimento do câncer. Quando a qualidade e diversidade bacteriana intestinal está alterada há alteração imune, mais inflamação, ativação de oncogenes, desregulação metabólica, maior o risco de infecções, maior necessidade de antibióticos, fatores que comprometem ainda mais a qualidade da microbiota e atrapalham a absorção de nutrientes.

https://www.intechopen.com/chapters/84076

Quando a microbiota é saudável, suprime tumores. Isto porque ajuda no aumento de absorção de nutrientes protetores e antioxidantes, melhora a função de barreira intestinal, ajuda a reparar o DNA, ativa vias de sinalização, tem ação antiinflamatória.

Contudo, quando a microbiota é disbiótica ganha características oncogênicas. A disbiose altera a permeabilidade intestinal, degrada mucina, gera inflamação, aumenta espécies reativas de oxigênio, produz substâncias que geram dano ao material genético, inflamação, ativam vias de sinalização anômalas, desregulam a imunidade. Aprenda a tratar a disbiose aqui.

A parte de cima da figura mostra os mecanismos oncogênicos, como a produção de espécie reativas de oxigênio (ROS), a hiperpermeabilidade intestinal, os danos ao DNA, a inflamação, a disrupção de vias de sinalização. A parte de baixo da figura aponta mecanismos protetores e supressores de tumor como potencial antioxidante do equol (metabólito da soja), melhoria da barreira intestinal, reparo do DNA, estratégias antiinflamatórias, melhoria de vias de sinalização (Bhatt et al., 2017)

Microbioma e câncer ginecológico

Um saudável microbioma gastrointestinal (GI) é tipicamente preenchido por cinco principais filos bacterianos: Firmicutes, Bacteroidetes, Actinobacteria, Proteobacteria, e Fusobactérias. Essas bactérias representam aproximadamente 90% da microbiota total no intestino.

O microbioma GI apoia funções que incluem o desenvolvimento do sistema imunológico, digestão, metabolismo de gordura, homeostase epitelial, regulação nervosa entérica eangiogênese. Como tal, a perturbação do microbioma, denominada disbiose, pode impactar esses processos importantes e resultar em doenças, incluindo certos tipos de câncer.

Em contraste, um microbioma vaginal saudável é normalmente preenchido por membros do filo Firmicutes, especialmente Lactobacillus crispatus, Lactobacillus gasseri, Lactobacillus iners e Lactobacillus jensenii. Semelhante à microbiota GI, a abundância relativa de cada uma dessas bactérias pode mudar com o tempo.

Perturbações da microbiota vaginal podem contribuir para sintomas vaginais, incluindo dor, disfunção sexual e sintomas urinários. O tratamento do câncer, fatores ambientais e condições médicas pré-existentes podem alterar a microbiota gastrointestinal e vaginal (Chase et al., 2015).

Numa mulher saudável, a microbiota do intestino e da vagina está separada por um sistema de barreira multinível que inclui, entre outros fatores, camada de muco, secreção de mediadores imunológicos solúveis e epitélio intacto com junções estreitas. Quando este multifacetado sistema de barreira falha, bactérias patogênicas podem se translocar através do intestino e epitélio vaginal, causando inflamação crônica de baixo grau que leva a doenças, incluindo câncer.

Há uma relação complexa entre a microbiota probiótica, patogênica e comensal no intestino e na vagina. Em ambos os locais da mucosa, as bactérias probióticas (amarelas) têm funções benéficas, incluindo a redução do pH localmente, reforçando a imunidade da mucosa ao interagir com IgA e alterando a secreção do peptídeo antimicrobiano (AMP), bloqueando o crescimento do patógeno (vermelho) na camada de muco e bloqueando a adesão do patógeno. às células epiteliais.

Além disso, as bactérias probióticas podem desempenhar um papel benéfico, melhorando a colonização comensal (verde). Tanto no intestino como na vagina, estas funções benéficas ajudam a melhorar a função da barreira epitelial. Quando a microbiota é perturbada, no entanto, as bactérias patogénicas são capazes de proliferar no muco e aderir às células epiteliais intestinais e vaginais. Neste estado de disbiose, a função da barreira epitelial é perturbada e as bactérias patogénicas são capazes de se translocar através do epitélio, resultando em inflamação e infecção.

A translocação microbiana também pode resultar em inflamação crônica e de baixo grau no intestino e na vagina, o que pode causar sintomas gastrointestinais e vaginais e pode até levar à carcinogênese. Por outro lado, os cânceres do trato gastrointestinal e tratos reprodutivos causam inflamação que resulta em disbiose, gerando um ciclo de feedback positivo que pode resultar na promoção de mais doenças.

Manutenção da microbiota saudável é muito importante

Muitos fatores afetam a composição da microbiota intestinal e vaginal, incluindo etnia, níveis de estresse, estilo de vida, alimentação, uso de suplementos, infecções, uso de antibióticos e anticoncepcionais, níveis hormonais (Lehtoranta et al., 2022).

O consumo de alimentos fermentados (kefir, kombucha, kimchi, iogurte, coalhada, picles) gera vários efeitos benéficos para a microbiota humana. Estes alimentos são ricos em bactérias probióticas, como lactobacillus, que melhoram a colonização bacteriana, a imunidade, a defesa contra patógenos.

A administração de probióticos orais reduz o risco de infecções gastrointestinais, urinárias e vaginais. Além disso, há a possibilidade de uso de probióticos intravaginais (prescritos por ginecologista) para redução de vaginoses.

Tratamento da candidíase de repetição

A levedura Candida spp. faz parte da microflora vaginal normal das mulheres. Contudo, um excesso de Candida pode levar ao desenvolvimento de candidíase vulvovaginal, a qual normalmente é resultado de uma perturbação no ecossistema microbiano da paciente.

A candidíase manifesta-se com coceiras intensas, inchaço, manchas vermelhas, corrimento vaginal branco e espesso. Outra doença chata é a hidradenite supurativa. Gera inflamação e causa lesões dolorosas e exsudativas em áreas de glândulas apócrinas densas.

A intervenção nutricional inclui a restrição de carboidratos na dieta. Um estudo de caso mostrou que a dieta cetogênica ajuda no manejo de ambas as doenças. Após 43 dias de dieta os sintomas cessaram (Yar et al., 2022). A dieta cetogênica pode melhorar ou piorar a microbiota. Depende de como ela é feita. Falo mais sobre o tema neste vídeo:

Dieta cetogênica e câncer ginecológico

Alguns tipos de pacientes beneficiam-se grandemente da dieta cetogênica, especialmente aqueles com excesso de peso ou hiperinsulinemia. A dieta cetogênica também parece ser a ideal para certos tipos de câncer, como aqueles de cabeça e pescoço.

Ainda não há consenso em relação à dieta cetogênica no câncer ginecológico. Contudo, uma revisão de 2022 mostrou a importância do consumo de plantas. Nem toda dieta cetogênica é igual, uma dieta rica em bacon é distinta de uma dieta rica em azeite de oliva ou azeitonas. Converse sempre com um nutricionista oncológico sobre o seu caso.

MAIS SOBRE O TEMA:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Prevenção e tratamento do câncer

Câncer é o nome que damos a mais de 100 diferentes tipos de doenças malignas que têm em comum o crescimento desordenado de células, que podem invadir tecidos adjacentes ou órgãos a distância. No vídeo abaixo explico os fatores de risco para estas doenças:

Pelo menos 30 a 50% de todos os tipos de câncer podem ser prevenidos com um estilo de vida saudável (WCRF, 2018). Não fumar, praticar atividade física, manter um peso saudável, ter uma alimentação equilibrada são estratégias que reduzem o risco de vários tipos de câncer.

Uma célula normal pode se transformar em uma célula pré-neoplásica, devido a processos genéticos, metabólicos, hormonais, inflamatórios, ou mesmo alterações da microbiota. O acúmulo de danos e a dificuldade de reparo celular pode gerar malignidades (WCRF, 2018).

O papel da microbiota no câncer

Quando a microbiota é saudável, ajuda a suprimir tumores, por vários mecanismos: (1) aumenta a absorção de nutrientes protetores e antioxidantes, (2) melhora a função de barreira intestinal, (3) ajuda a reparar o DNA, (3) ativa vias de sinalização e proteção, (4) tem ação antiinflamatória.

O intestino é formado por uma camada única de células, que separa as bactérias comensais (parte de cima da figura) do sistema imune (parte de baixo da figura). As bactérias podem suprimir tumores (caixa do meio), pela produção de ácidos graxos de cadeia curta (5), melhorar a função de barreira (6), direcionar o sistema imune e prevenir inflamação (7), competir com bactérias patogenicas (8). Por outro lado, uma microbiota desequilibrada pode estimular tumores (caixa à esquerda). Bactérias podem produzir hidrogênio sulfido (1), atrapalhar a função de barreira (2), atacar o sistema imune (3). Bactérias patogênicas (4) commo E. coli podem gerar danos ao DNA do hospedeiro (Bhatt et al., 2017).

Quando a microbiota é disbiótica (desequilibrada) ganha características oncogênicas. A microbiota ruim altera a permeabilidade intestinal, degrada mucina, gera inflamação, aumenta espécies reativas de oxigênio, produz substâncias que geram dano ao material genético, inflamação, ativam vias de sinalização anômalas, desregulam a imunidade.

A parte de cima da figura mostra os mecanismos oncogênicos, como a produção de espécie reativas de oxigênio (ROS), a hiperpermeabilidade intestinal, os danos ao DNA, a inflamação, a disrupção de vias de sinalização. A parte de baixo da figura aponta mecanismos protetores e supressores de tumor como potencial antioxidante do equol (metabólito da soja), melhoria da barreira intestinal, reparo do DNA, estratégias antiinflamatórias, melhoria de vias de sinalização (Bhatt et al., 2017)

A modulação do microbioma é uma das estratégias mais promissoras na medicina para melhorar a saúde dos indivíduos. Aprenda a modular o seu intestino neste curso online.

Outra forma de proteger o corpo contra o câncer (cancro em Portugal) é manter um peso saudável, níveis de glicose e insulina adequados. Para pacientes em maior risco de desenvolvimento de câncer, terapias metabólicas, como as estratégias cetogênicas são recomendadas:

ALIMENTAÇÃO E SUPLEMENTAÇÃO NO CÂNCER

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/