CETOACIDOSE X CETOSE NUTRICIONAL

Para entender o que são as cetonas, também chamadas de corpos cetônicos, e se são perigosas, é preciso primeiro entender o que é cetose. A cetose é a invenção genial que nossos corpos criaram para garantir que os humanos sobrevivessem durante os períodos em que havia pouca ou nenhuma comida disponível. Este artigo descreverá o que é cetose, quando ocorre e se as cetonas devem ser temidas.

A diferença entre cetose fisiológica e patológica

É importante distinguir entre cetose fisiológica e patológica. Cetose fisiológica é um estado metabólico não patológico (funcionamento normal) com elevação de corpos cetônicos como resultado de jejum prolongado, baixo consumo de carboidratos, exercício intensivo prolongado, ao seguir uma dieta cetogênica ou ao ingerir ou infundir (intravenosamente) cetonas exógenas.

Quando a cetose é alcançada pela dieta cetogênica ou pelo consumo de cetonas exógenas, o paciente entra. na chamada cetose nutricional. A definição de cetose fisiológica é um aumento da concentração de corpos cetônicos no sangue para 0,6 mmol/L ou mais.

Na cetose fisiológica, a concentração de corpos cetônicos no sangue atinge um máximo de 4 a 7 mmol/L e não altera o pH do sangue. É seguro a longo prazo e tem aplicações terapêuticas.

A cetose patológica ocorre quando o metabolismo da cetona está desregulado e há uma elevação anormal dos níveis de cetona no sangue. Isso pode ser devido a um defeito na depuração de cetonas ou a uma superprodução de cetonas. O hormônio insulina tem efeitos antagônicos no organismo; os hormônios opostos são adrenalina, noradrenalina e glucagon. A insulina é o principal regulador que evita que os níveis de glicose e cetona no sangue subam muito. Quando a insulina está ausente (por exemplo, diabetes tipo 1) ou os níveis são muito baixos, não há ação antagônica para conter o efeito dos hormônios opostos, o que leva a uma estimulação da lipólise e a um aumento da produção de corpos cetônicos.

A cetose patológica associada ao diabetes não tratado envolve corpos cetônicos acima de 10-20 mmol/L. Isso leva a um pH sanguíneo mais baixo e cetoacidose e é fatal, exigindo atenção médica imediata.

A cetogênese, que é a formação de cetonas, é uma via metabólica que produz os três corpos cetônicos: acetona, ácido acetoacético (AcAc) e beta-hidroxibutirato (BHB), (todos os quais são moléculas lipídicas solúveis em água) quebrando ácidos graxos. Por serem solúveis em água, as cetonas não requerem lipoproteínas para transporte e sua solubilidade permite o transporte através do corpo para vários tecidos onde são usadas como combustíveis oxidativos. Os corpos cetônicos são particularmente usados em tecidos com alto nível de atividade, como o sistema nervoso central (SNC), o coração e os músculos.

Enquanto o hormônio insulina estiver presente na circulação, os níveis de cetona serão regulados e atingirão um máximo de aproximadamente 6-7 mmol/L. Isso não é suficiente para baixar o pH do sangue e causar cetoacidose. A produção de insulina precisa ser substancialmente reduzida ou ausente ou precisa haver um problema com a depuração de cetona para que ocorra a cetoacidose. Por isso, mesmo indivíduos com diabetes tipo 1 ou tipo 2 poderão seguir a dieta, quando bem regulados e acompanhados.

A dieta tende a ser uma parte eficaz do tratamento do diabetes, ajudando a reduzir o risco de muitas complicações, pela melhoria do controle glicêmico e diminuição do uso de medicamentos, incluindo a necessidade de insulina exógena.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Síndrome pós-covid e colite microscópica

A colite microscópica é uma inflamação do intestino grosso (cólon) que causa diarreia aquosa persistente. O paciente pode ter diarreia há anos, mas quando faz a colonoscopia está tudo bem. O distúrbio recebe esse nome porque é necessário examinar o tecido do cólon ao microscópio para identificá-lo. Ou seja, é necessário fazer uma biópsia, exame invasivo, em que um pedacinho do intestino será retirado. Se na microscopia observa-se um infiltrado inflamatório o diagnóstico é de colite microscópica.

Tipos de colite microscópica

  • Colite colágena: uma espessa camada de proteína (colágeno) se desenvolve no tecido do cólon

  • Colite linfocítica: glóbulos brancos (linfócitos) aumentam no tecido do cólon

  • Colite microscópica incompleta: há características mistas de colite colágena e linfocítica.

O diagnóstico é feito pelo gastroenterologista ou coloproctologista.

Principais sintomas da colite microscópica

Os sintomas podem ir e vir. Podem desaparecer por conta própria ou não.

  • Diarréia aquosa crônica

  • Dor abdominal, cólicas ou distensão abdominal

  • Perda de peso

  • Náusea

  • Incontinência fecal

  • Desidratação

Causas da colite microscópica

As causas da colite microscópica não são muito claras. Mulheres a partir dos 50 anos são mais propensas ao desenvolvimento da doença. Outros fatores de risco incluem:

  • Proliferação de bactérias que produzem toxinas capazes de irritar o revestimento do cólon.

  • Vírus que desencadeiam inflamação, incluindo síndrome pós-COVID.

  • Doenças autoimunes (artrite reumatóide, doença celíaca, psoríase, diabetes tipo 1, tireoidite de Hashimoto).

  • Tabagismo.

  • Uso crônico de medicamentos que podem irritar o revestimento do cólon, incluindo:

    • Analgésicos, como aspirina, ibuprofeno e naproxeno sódico.

    • Inibidores da bomba de prótons, incluindo lansoprazol, esomeprazol, pantoprazol, rabeprazol, omeprazol e dexlansoprazol.

    • Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), como a sertralina (Zoloft)

    • Hipoglicemiantes como acarbose.

    • Antiandrógeno indicados no tratamento do câncer de próstata, como flutamida.

    • Antiácidos como ranitidina.

    • Anticonvulsivantes como carbamazepina e topiramato.

    • Antipsicóticos como clozapina.

    • Anti-Parkinsonianos, como entacapona.

    • Antidepressivos como paroxetina.

    • Sinvastatina, medicação para tratamento de dislipidemias.

Tratamento da colite microscópica

A maioria das pessoas é tratada com sucesso para colite microscópica. O tratamento geralmente começa com mudanças na dieta e medicamentos que podem ajudar a aliviar a diarreia persistente.

A dieta inicial terá baixo teor de gordura e fibras. Idealmente, suspenda laticínios e alimentos contendo glúten ou ambos, pois podem piorar os sintomas. Evite cafeína e açúcar.

Se os sinais e sintomas persistirem, seu médico poderá recomendar:

  • Medicamentos antidiarreicos, como loperamida (Imodium) ou subsalicilato de bismuto (Pepto-Bismol).

  • Esteróides como budesonida (Entocort EC).

  • Medicamentos que bloqueiam os ácidos biliares (que podem contribuir para a diarreia), como colestiramina/aspartame ou colestiramina (Prevalite) ou colestipol (Colestid).

  • Medicamentos antiinflamatórios, como mesalamina (Delzicol, Apriso, outros) para ajudar a controlar a inflamação do cólon.

  • Medicamentos que suprimem o sistema imunológico para ajudar a reduzir a inflamação no cólon, como mercaptopurina (Purinethol) e azatioprina (Azasan, Imuran).

  • Inibidores de TNF, como infliximabe (Remicade) e adalimumabe (Humira), que podem reduzir a inflamação ao neutralizar uma proteína do sistema imunológico conhecida como fator de necrose tumoral (TNF).

  • Substituição de medicamentos que aumentam o risco de diarreia.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

O que é diabulimia?

Diabulimia é um termo que combina diabetes e bulimia. Caracteriza-se por uma preocupação excessiva com o peso e com a imagem corporal em indivíduos com Diabetes Mellitus tipo 1. Esta condição traduz-se em comportamentos que comprometem um adequado controle da glicemia, principalmente a omissão intencional de insulina como uma estratégia de controle do peso. Entenda melhor:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/