Protocolo ketoflex para prevenção e tratamento da doença de Alzheimer

A dieta Ketoflex consiste em um plano alimentar com benefícios para a prevenção e tratamento da doença de Alzheimer. Consiste em um cardápio baseado em vegetais (plant based), com baixo teor de proteínas animais e características cetogênicas. Embora o plano alimentar seja altamente individualizado, existem certas recomendações que todos os pacientes devem seguir:

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  • comer no máximo até 20h;

  • jejum diário de pelo menos 12 horas;

  • redução dos carboidratos para promoção de cetose leve;

  • exclusão de açúcares e doces;

  • 6-15 porções de vegetais não amiláceos e de baixo índice glicêmico diariamente (preferir folhosos como rúcula, alface, couve, espinafre, agrião e vegetais como beterraba, bok choy, repolho, brócolis, couve-flor, rabanete, abobrinha, cogumelos, palmito, algas);

  • substituição de gordura animal por lipídeos vegetais ricos em ácidos graxos monoinsaturados, como nozes, sementes, abacate, azeitonas e azeite de oliva;

  • consumo de proteína magra, como peixes de água fria com baixo teor de mercúrio;

  • consumo de frutas com baixo índice glicêmico, como açaí, morango, mirtilo, limão, maracujá, cereja, toranja,

  • exclusão de alimentos ultraprocessados, como miojo e refrigerantes;

  • redução de glúten e laticínios;

  • redução de lectinas;

  • utilizar probióticos na forma de suplementos ou alimentos como chuchurte, kimchi, kombucha;

  • complementar as gorduras com óleo de coco, MCT;

  • evitar frituras e alimentos cozidos em altas temperaturas;

  • usar ervas e condimentos com propriedades antiinflamatórias, antioxidantes, antivirais e antimicrobianas;

  • consumir chás (exemplo: preto, verde, oolong);

  • evitar o álcool;

  • dar preferência a cereais integrais, ricos em fibras.

CONSUMA FOLHAS VERDE ESCURAS DIARIAMENTE!

Nosso cérebro precisa muito de vitamina B9. Os vegetais verde escuros fornecem ainda magnésio, carotenóides, vitamina C, vitamina E, fibras, vitamina K, potássio, cálcio, ferro, luteína e zeaxantina. Está tudo caro? Aproveite ao máximo aos alimentos. Coma as hiper nutritivas folha de beterraba, folha de rabanete, folha de couve-flor, folha da cenoura... Talvez você nunca tenha visto estas folhas pois geralmente são cortadas e jogadas fora. Vá à feira e peça para o feirante.

Corte-as fininhas como faria com a couve da feijoada, coloque na frigideira com um pouquinho de água, tampe a frigideira, e abafe. Cozinhe em fogo médio para baixo. Folhas abafadas são ótimas para a saúde. Quando for comer, coloque um pouquinho de limão para facilitar a absorção do ferro. Depois tempere a gosto (azeite de oliva, óleo de gergelim, de chia, de linhaça, de girassol extra virgem, sal...). Cozinha bem rapidinho, 2 a 3 minutinhos. O sabor amargo é derivado de substâncias contendo enxofre que ajudam o fígado a eliminar toxinas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Dieta mediterrânea no tratamento do transtorno obsessivo compulsivo

Tiques, obsessões e compulsões são questões comuns no TOC, uma condição mental grave, mais comum no sexo masculino. O transtorno obsessivo-Compulsivo (TOC), frequentemente está associado a fenômenos sensoriais e comportamentos impulsivos. Foi relatado que esses sintomas clínicos influenciam os comportamentos alimentares, mas a literatura também mostrou que os padrões alimentares ou suplementos dietéticos podem aliviar o espectro clínico, sugerindo a existência de uma associação bidirecional. A adoção de padrões alimentares mais saudáveis reduz tiques e traços obsessivo-compulsivo. Certamente, o tratamento do TOC deve ser multidisciplinar e incluir neuropsiquiatras, psicólogos clínicos e nutricionistas. O aconselhamento nutricional deve ser o mais abrangente possível para promover uma dieta balanceada e informar sobre os efeitos colaterais nutricionais dos medicamentos ou potenciais interações medicamentosas (Briguglio et al., 2019).

A dieta mediterrânea vem sendo testada. Inclui frutas, verduras, cereais integrais, alimentos locais e da estação, que promovem bem estar e longevidade. São benefícios da dieta mediterrânea:

- alto potencial antioxidante e antiinflamatório;

- potencial de regular genes;

- modulação da expressão de microRNAs, que ajudam a melhorar o metabolismo.

Padrão alimentar mediterrâneo

Muitos países são banhados pelo mar mediterrâneo. Cada um deles possui uma culinária específica, com alguns pontos em comum. Plantas nativas de cada região são as fontes mais importante de substâncias bioativas naturais, que beneficiam o perfil lipídico e a função cardiovascular. Ervas, condimentos, frutas diversas, azeite, nozes, castanhas, hortaliças são partes importantes do padrão alimentar mediterrâneo.

A dieta mediterrânea enfatiza o consumo de plantas, vegetais, refogados com cebola, alho e tomate, frutas, grão de bico, amêndoas, avelãs, azeite, azeitona, peixes e frutas do mar, além das ervas e do vinho junto às refeições. Muitos estudos mostram os benefícios deste padrão alimentar e podemos dar uma abrasileirada trocando o grão de bico pelos feijões, as amêndoas e avelãs por castanha de caju e castanha do Pará ou baru. O azeite pode ser trocado pelo abacate. Peixes mais baratos como sardinhas podem ser utilizados. Comer é bom, essencial e também um fenômeno cultural e social. Desfrute da mesa saudável com seus parentes e amigos, sem TV, com tranquilidade. Bom pro corpo e pra mente!

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Variações do gene MTHFR - qual é a diferença entre as mais importantes?

O folato ou vitamina B9 é um nutriente solúvel em água e muito importante para a cognição, saúde do coração, humor, fertilidade e para a formação de blocos de construção do DNA. Também é essencial para as reações de metilação, um processo que usa grupos “metil” (CH3) do folato para regular o metabolismo e para proteger nosso material genético. A transferência de grupos metil para o DNA pode ligar ou desligar genes. É o que estuda a epigenética.

Fontes de folato

Vegetais de folhas escuras e leguminosas são boas fontes de folato. Muitas pessoas consomem poucos alimentos de origem vegetal e podem ter deficiência de vitamina B9. A carência nutricional pode levar a defeitos do tubo neural, como espinha bífida e anencefalia. Em qualquer fase da vida contribui para elevação dos níveis de homocisteína, aumentando o risco de doença de Alzheimer, problemas cardiovasculares (DCV), derrame e / ou trombose.

O mesmo pode acontecer quando a pessoa possui variações genéticas (mutações ou polimorfismos) que comprometem o metabolismo da vitamina B9. O polimorfismo mais comum é o do gene metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR), que dá origem a uma enzima reguladora chave (como mesmo nome - MTHFR) no metabolismo do folato e da homocisteína. A enzima MTHFR catalisa (acelera) a conversão de folato ou tetrahidrofolato do alimento e ácido fólico da medicação em 5-metil tetrahidrofolato, a forma ativa da vitamina B9. Esta forma circula em maior quantidade no sangue, ajuda a manter a homocisteína em níveis mais baixos.

MTHFR participa do ciclo do folato (à direita) - DOI: 10.21069/APP.2018.9001

Além das mutações e polimorfismos de MTHFR, existem outras causas para níveis elevados de homocisteína, incluindo deficiência de vitaminas B6, B12 e / ou folato; essas vitaminas são necessárias para o metabolismo da homocisteína.

As duas variações mais comuns do gene MTHFR

Atualmente, um total de 34 mutações raras de MTHFR, bem como um total de 9 variantes comuns (polimorfismos) deste gene são reconhecidos, sendo a C677T (rs1801133) e a A1298C (rs1801131) as mais comuns na população. As variações parecem ser mais prevalentes nos descendentes de populações mediterrâneas do que naqueles de ascendência africana.

Mutações (na área vermelha) e polimorfismos comuns do gene MTHFR (Leclerc, Sibani, & Rozen, 2013).

Mutações (na área vermelha) e polimorfismos comuns do gene MTHFR (Leclerc, Sibani, & Rozen, 2013).

  • Variante 677C → T (A222V) tem sido particularmente notável, uma vez que se tornou reconhecida como a causa genética mais comum de elevação da homocisteína. Esta variação compromete o metabolismo do folato (vitamina B9) e de nutrientes que trabalham na mesma via. A metilação fica prejudicada, assim como o processo de desintoxicação. A variação pode se dar em heterozigose (1 cópia modificada recebida do pai ou mãe) ou homozigose (2 cópias modificadas do gene, recebidas de pai e mãe). Quando a variação é em heterozigose estima-se uma redução na função de MTHFR entre 30 e 40%. Quando a variação é em homozigose uma perda de função entre 60 e 70%.

  • Variante 1298A → C costuma gerar redução na produção de neurotransmissores, o que aumenta o risco de depressão, ansiedade, transtorno de pânico, esquizofrenia, bipolaridade, transtornos de humor, TDAH, dificuldade de aprendizagem, problemas comportamentais, etc.

A variante 677C → T é a mais importante pois está mais perto da região promotora. Em genética, um promotor é uma região do DNA que inicia a transcrição de um determinado gene. Os promotores estão localizados perto do sítio de início da transcrição de genes, na mesma fita e a montante no DNA (para 5' da fita código).

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Existem também as pessoas que possuem simultaneamente as duas variantes, o que compromete ainda mais o metabolismo. A MTHFR também tem o funcionamento comprometido quando há intoxicação por arsênico, chumbo ou consumo excessivo de ácido fólico. Parece contraditório, mas é mesmo isso que acontece pois o ácido fólico não é idêntico ao folato e exige do corpo um grande esforço para metabolização.

O gene MTHFR dá origem ao gene que fará a conversão da B9 na forma inativa para a forma ativa.

Outra variante interessante para estudo é a do gene SLC19A1, localizado no cromossomo 21. Este gene desempenha um papel importante no transporte do folato a uma variedade de células.

Correção metabólica

Pessoas com variações de MTHFR ou outras mutações raras que afetam o metabolismo do folato devem corrigir o metabolismo com suplementos de alta disponibilidade de folato como o Quatrefolic® / (6S)-5-methyltetrahydrofolato (usa glucosamina ao invés de cálcio na fórmula), L-metilfolato, metafolin (L-metilfolato cálcico) ou de média disponibilidade como o ácido folínico (cálcio folinato), quando há reação ao metilfolato (como nervosismo, dores de cabeça ou aceleração dos batimentos cardíacos).

APRENDA A INTERPRETAR EXAMES GENÉTICOS

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/